Verde Asset recomenda cautela com a guerra

A carta de fevereiro do fundo Verde, gerido por Luis Stuhlberger, um dos maiores gestores da história do Brasil, recomenda cautela com as alocações de bolsa por conta da complexidade do cenário global.

No mês passado, o fundo da Verde Asset, registrou uma valorização de 1,32%, ante avanço de 0,75% do CDI. No acumulado do ano, ele registra ganhos de 2,82% em comparação a 1,49% do referencial de renda fixa. O documento destaca os ganhos em posições tomadas em juros nos mercados desenvolvidos, com inflação implícita no Brasil e com instrumentos de proteção (“hedge”) de bolsa no exterior. As perdas, por sua vez, são atribuídas à exposição em ações de empresas brasileiras.

De acordo com a carta, apesar do time da Verde Asset acompanhar a possibilidade de uma invasão da Ucrânia pela Rússia desde dezembro do ano passado, uma guerra no país todo não parecia o cenário mais provável. “Os custos para a Rússia nos pareciam altos demais, e mesmo esperando que o exército russo sobrepujasse o ucraniano rapidamente, até a véspera da invasão víamos caminho para uma solução de compromisso diplomática.”

Do lado econômico, a gestora aponta que os russos apostaram na alavancagem energética sobre a Europa, uma vez que o continente depende do gás russo para 40% das suas necessidades, mas o mundo ocidental foi capaz de se unir em sanções contra o país.

“A economia russa está sendo excluída, pelas sanções, mas também pela decisão de muitas empresas, do capitalismo global. Em grande medida, vemos a Rússia caminhando a passos largos para se tornar uma economia vassala da China, dependente do único país capaz de ignorar, até certo grau, as sanções.”

Para a Verde, o cenário militar atual torna difícil mapear um vencedor e não é fácil vislumbrar uma saída clara para o presidente russo, Vladimir Putin no campo da diplomacia. Com isso, os gestores esperam que os impactos sobre preços de commodities durem bastante tempo, em especial pela disrupção na cadeia de fertilizantes e na produção de trigo.

Destaca-se como a tendência para a inflação global, que já vinha pressionada antes da invasão, só piorou, ao mesmo tempo em que o aperto das condições financeiras por conta da guerra deve trazer efeitos deletérios, principalmente para a Europa.

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