Véspera do ‘tarifaço’: dólar sobe, UE ameaça retaliação e Senado brasileiro debate projeto contra tarifas de Trump
O dólar à vista abre as negociações desta terça-feira operando em leve alta, ainda que perto da estabilidade, em uma sessão que deve ser marcada pela divulgação de dados do mercado de trabalho e da indústria americana.
Os agentes financeiros também devem seguir atentos a notícias sobre as medidas tarifárias a serem apresentadas amanhã pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Perto das 9h20, o dólar à vista apreciava 0,13%, a R$ 5,7134, enquanto o euro comercial recuava 0,10%, a R$ 6,1629. No exterior, o índice DXY avançava 0,09%, aos 104,296 pontos.
UE ameaça retaliação a novas tarifas americanas
A União Europeia (UE) disse que poderá usar diversos mecanismos e ações para retaliar as novas tarifas dos Estados Unidos.
Trump disse que amanhã irá impor uma série de tarifas recíprocas contra o bloco.
“Não queremos necessariamente retaliar”, disse hoje a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em coletiva de imprensa.
“Se necessário, temos um plano forte para retaliar e iremos usá-lo.”
Leyen disse que busca uma “solução negociada” com os EUA assim que as novas tarifas forem anunciadas.
Elas devem entrar em vigor paralelamente a tarifas adicionais de 25% sobre todos os carros importados para os EUA e taxas de 25% sobre importações de aço e alumínio de parceiros globais.
A UE anunciou anteriormente que está preparando contramedidas de até 26 bilhões de euros em produtos dos EUA devido às tarifas sobre metais.
A presidente da Comissão Europeia afirmou que a UE tem “muitas cartas na mão” para retaliar os EUA, ressaltando que “todos os instrumentos estão sobre a mesa”.
Uma das possibilidades aventadas por Leyen para retaliar os EUA é taxar o setor de serviços. A líder europeia destacou a importância das empresas europeias para as grandes empresas de tecnologia dos EUA.
Segundo Leyen, a Comissão pode usar vários instrumentos legais para restringir o acesso a contratos governamentais ou vendas de publicidade digital em um mercado avaliado em cerca de 100 bilhões de euros.
Uma das principais críticas de Trump à UE é o imposto sobre valor agregado, que ele disse ser injusto com produtos americanos vendidos na Europa.
O líder americano disse que as novas tarifas também levarão em conta barreiras não tarifárias que, segundo ele, são injustas, como regulamentações internas e como os países arrecadam impostos.
Senado brasileiro debate projeto contra tarifas de Trump
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal inicia hoje a discussão sobre projeto de lei para permitir a “adoção de medidas de proteção aos produtores nacionais contra práticas ilegais e desleais de comércio ou barreiras arbitrárias”.
O projeto se soma a outro que estabelece medidas para reciprocidade ambiental nas negociações com outros países. A relatora, senadora Teresa Cristina (PP-MS), ampliou o escopo após conversas com o governo Lula (PT) e autorizou também a atuação contra barreiras comerciais ou trabalhistas.
O avanço desse tema é uma reação às tarifas aplicadas por Trump em produtos brasileiros, como aço e alumínio.
O novo projeto a entrar em discussão no Senado já foi aprovado pela CRE (Comissão de Relações Exteriores) ano passado, com o objetivo de criar uma “Lei Geral do Comércio Exterior”, com regras e procedimentos para serem adotados nestas operações.
Presidente da CAE, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que é preciso aprimorar a legislação para que o país possa fazer a opção pela reciprocidade caso necessário. “Estamos dotando institucionalmente o Brasil de instrumentos que eventualmente possam ser utilizados. Não significa que serão utilizados ou não”, afirmou.
A proposta sobre a reciprocidade ambiental e comercial tramita de forma terminativa e será encaminhada direto para a Câmara dos Deputados, sem passar pelo plenário do Senado, se não houver recurso após a aprovação na CAE. Já o projeto da Lei Geral de Comércio Exterior terá que ser analisado pelo plenário.
Com informações do Valor Econômico.
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