Viés é de alta para PIB em 2022, mas guerra pode ter efeito nulo, diz Itaú

Banco destaca que conflito traz efeitos negativos para a inflação e chance de um aperto monetário maior

- Foto montagem: IF/Freepik
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A melhora do carregamento estatístico de 2021 para 2022 e mudanças em alguns fundamentos importantes para a economia brasileira colocam um viés de alta na projeção do Itaú Unibanco para o PIB do país em 2022, que está em -0,5% no momento.

Com o resultado acima do esperado no PIB do quarto trimestre de 2021 – subiu 0,5%, na margem, ante previsão de 0,1% do Itaú e 0,2% da mediana pesquisada pelo Valor –, a “herança estatística” para 2022, que estava negativa em 0,1 pelas projeções do Itaú, ficou positiva em 0,3 ponto percentual, segundo o economista Luka Barbosa.

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Além do dado um pouco melhor, porém, Barbosa diz ver algumas mudanças importantes ocorrendo para a economia brasileira, que, segundo ele, tem em três fundamentos principais: commodities, política monetária e fiscal.

Os preços das commodities já estavam subindo bastante antes mesmo da guerra entre Rússia e Ucrânia, lembra Barbosa, movimento que foi acentuado agora pelo conflito.

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“Obviamente, a guerra traz implicações super negativas para o mundo inteiro, mas tem um canal de preços de commodities que pode gerar algum efeito expansionista para a economia de países exportadores como é o caso do Brasil”, afirma.

Por outro lado, a guerra traz efeitos negativos para a inflação, que fica ainda mais pressionada, e assim, talvez, a necessidade de a política monetária – o segundo fundamento, que já está contracionista – responder a essa alta. Desse modo, pode ser que o efeito apenas da guerra, sob o ponto de vista de PIB, seja neutro, segundo Barbosa. “Não quero dizer que, para PIB, é só positivo, você tem as três coisas ocorrendo. Tem vários efeitos dessa questão e, para nós, o líquido desses efeitos todos é nulo para PIB”, afirma.

Em relação ao fundamento fiscal, há uma expansão de gastos de Estados e municípios, ao mesmo tempo em que o governo federal está cortando impostos. “Isso traz um problema de dinâmica da dívida pública, um problema fiscal, mas, no curtíssimo prazo, traz algum estímulo para a atividade econômica também”, diz Barbosa.

As commodities em alta e a característica de exportador líquido do Brasil também podem ajudar a explicar um pouco da dinâmica cambial vista no país no momento. “Isso pode gerar uma taxa de câmbio um pouco mais apreciada”, diz Barbosa.

Essa questão do câmbio é importante ainda para trazer algum alívio ao canal de custos dos produtores e exportadores de commodities. Barbosa lembra que, no ano passado, houve avanço nos preços internacionais desses produtos, mas sem a esperada valorização do real, o que acaba limitando o efeito positivo sobre o PIB. “Suponha que as commodities sobem, se o dólar cai, o efeito positivo na atividade é maior do que se ele não cai. A dinâmica cambial é bem relevante para esse canal de atividade”, afirma.

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico

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