‘Efeito Trump’ e seus desdobramentos podem definir eleições no Brasil em 2026, diz Eurasia

A guerra comercial iniciada por Donald Trump pode definir a eleição de 2026 no Brasil, diz Chris Garman, principal executivo da Eurasia para as Américas

Os desdobramentos da guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos terão efeito decisivo na corrida presidencial no Brasil em 2026, disse nesta quarta-feira (9) o principal executivo da Eurasia para as Américas, Chris Garman.

Segundo ele, os efeitos ainda são imprevisíveis, mas podem tanto beneficiar candidatos governistas quanto de oposição.

“Um enfraquecimento do dólar pode gerar um efeito deflacionário, potencialmente beneficiando Lula”, disse ele em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante o Brazil Investment Forum, evento anual do Bradesco BBI.

“Por outro lado, um choque econômico global pode exacerbar o custo de vida e piorar a aprovação do presidente”, acrescentou Garman.

Suas declarações vêm na esteira da turbulência global após o governo de Donald Trump, nos EUA, ter anunciado na semana passada um amplo pacote, que chamou de tarifas recíprocas contra a maioria dos parceiros comerciais do país.

O anúncio gerou um efeito em cadeia, com China e União Europeia adotando medidas retaliatórias, o que aprofundou temores de que isso provoque recessão e inflação no mundo todo.

Queda na aprovação de Lula ainda é reversível, diz Eurasia

Segundo o analista político, no momento a disputa para 2026 ainda parece equilibrada, considerando os níveis de aprovação popular ao governo Lula, em torno de 42%.

“Ele começou o ano com aprovação de 49% e o índice caiu principalmente por causa do choque nos preços dos alimentos”, afirmou Garman, citando piora mais acentuada em bases históricas de apoio do presidente, como no Nordeste e nas classes de baixa renda.

Segundo o analista, a queda na aprovação do governo estacionou e uma retomada depende da percepção de melhora da população sobre a economia.

Sem isso, qualquer candidato da oposição pode chegar competitivo em 2026, seja um membro da família do ex-presidente Jair Bolsonaro ou um dos governadores do espectro político mais à direita.

Nesse sentido, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), e o de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) já anunciaram pré-candidaturas ao Planalto. Essa lista pode crescer com eventuais candidaturas de Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, e Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul.

Isso sem contar Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo que, por enquanto, vem repetindo que vai se candidatar à reeleição.

Tarcisio, no entendimento de Garman, ainda é o nome mais provável da oposição em 2026, mas depende de um aval de Bolsonaro. Isso envolve negociações para que, uma vez eleito, Tracisio conceda um perdão presidencial ao ex-presidente após uma possível condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) neste ano.

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