Embraer (EMBR3) promete voltar a produzir 100 aviões comerciais por ano
Companhia reiterou a previsão de receita líquida de US$ 8 bilhões em 2027
As receitas da Embraer (EMBR3) estão avançando dentro do planejado e, em 2027, devem alcançar US$ 8 bilhões, em termos líquidos, suportadas por crescimento em todas as áreas de negócio e expansão das vendas do portfólio atual de produtos, disse o presidente da companhia, Francisco Gomes Neto, em encontro com jornalistas na sede da Indústria Aeronáutica de Portugal (OGMA), em Alverca do Ribatejo.
A fabricante brasileira de aeronaves também indicou que voltará a produzir ao menos 100 jatos comerciais por ano, em três ou quatro anos, em meio a maiores entregas das famílias E1 e E2, praticamente dobrando de tamanho em relação ao ano passado (57) e retomando níveis não vistos desde a antes da pandemia de covid-19.
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“[Vamos alcançar essas metas] com mais receitas a partir do portfólio corrente, melhoria de eficiência, parcerias estratégicas especialmente para vender mais E2s e C-390s, inovação e inciativas ESG”, enumerou o executivo. Para 2023, a Embraer mantém a estimativa de receita líquida de US$ 5,2 bilhões a US$ 5,7 bilhões. Neste momento, a companhia está negociando a venda do avião militar com pelo menos oito países.
De acordo com Gomes Neto, as estimativas para os próximos anos ainda não incorporam ganhos futuros com a Eve, subsidiária de mobilidade aérea urbana controlada pela companhia brasileira.
Hoje, a fabricante de “carros voadores” (eVTOLs) tem mais de 2,7 mil cartas de intenção, com pedidos em sete diferentes países. Isso equivale a uma carteira (backlog) potencial de mais de US$ 8 bilhões, a maior da indústria, ressaltou.
Fora a aposta na Eve, o foco para os próximos anos está em promover o portfólio atual de produtos, enquanto a Embraer segue melhorando seu balanço financeiro.
“Estamos sempre mapeando oportunidades, mas acredito que temos um portfólio muito moderno e queremos vender esses produtos”, afirmou.
A companhia suspendeu o desenvolvimento de um novo turboélice, à espera de uma tecnologia mais avançada de motor.
Entre 2021 e 2022, a Embraer reduziu em US$ 824 milhões sua dívida bruta. Ao mesmo tempo, reduziu de 20,7 vezes (em 2020, com a crise desencadeada pela pandemia e o fim do acordo com a Boeing) para 2,1 vez (ao fim do ano passado) a alavancagem financeira medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda (resultado operacional) em 12 meses em dólares.
“Provavelmente, vamos recuperar o grau de investimento no próximo ano”, disse o vice-presidente financeiro e de relações com investidores, Antonio Carlos Garcia.
Nos últimos anos, a companhia ampliou o leque de financiamento a seus clientes, reduzindo a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na carteira para algo entre 30% e 35%. Hoje, disse Garcia, são 26 os parceiros financeiros.
Em termos de eficiência operacional, a Embraer segue trabalhando para reduzir em 30% o ciclo de produção de aeronaves, já tendo alcançado um ganho de 17% no ano passado. A geração de caixa, comentou Gomes Neto, deve ser positiva em 2023 e nos próximos anos, em linha à estratégia da companhia ser capaz de financiar novos projetos.
Para 2023, a expectativa é de continuidade dos desafios na cadeia de suprimentos, que tem freado o ritmo de entregas de aeronaves sobretudo na aviação comercial. “Não será um ano fácil, mas será melhor que em 2022”, disse.
Na aviação comercial, a Embraer tem hoje negociações em curso que envolvem mais de 200 aeronaves e, na executiva, para cada um jato entregue, há 2,5 unidades já encomendadas.
A capacidade de produção está 100% tomada para este ano. Na defesa, a previsão é voltar a registrar receita anual superior a US$ 1 bilhão a partir do próximo ano. Em suporte e serviços, serão US$ 2 bilhões por ano em receita nos próximos anos.