Fundos ESG: quando a regulação ajuda nos desafios socioambientais

O crescimento da demanda e o aumento da alocação dos mercados financeiros chamaram a atenção dos órgãos reguladores

Ilustração: Marcelo Andreguetti
Ilustração: Marcelo Andreguetti

Fundos com a temática ambiental, social e de governança corporativa apresentaram um crescimento significativo em popularidade nos últimos anos. Os chamados “fundos ESG”, além de gerarem retornos financeiros de mercado, podem contribuir positivamente com a solução de desafios socioambientais da atualidade, promovendo ainda melhores práticas de governança corporativa.

Logo, o crescimento da demanda e respectiva alocação nessas estratégias em grande parte dos mercados financeiros chamou atenção dos órgãos reguladores.

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Então, estes, preocupados com a proteção aos investidores e com o objetivo de promover um crescimento sustentável desse mercado, começaram a atuar para construção de padrões e/ou classificações de ativos e estratégias “ESG”.

Como a regulação tem ajudado os fundos ESG?

Mas como a regulação tem ajudado os fundos ESG que seguem sua expansão em grande escala?

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Um exemplo nesse sentido se dá quando um investidor escolhe um fundo de ações ou de crédito. Assim, a regulação hoje exige um reporte em seus documentos com a composição da carteira do produto, objetivos de investimento, entre outras características.

No entanto, seguindo esse desenvolvimento natural de regulação, o mercado dos fundos ESG também tem ganhado nomenclaturas e regras próprias, e com isso mais transparência e proteção para os seus investidores.

Dessa forma, a Europa liderou o movimento regulatório para o mercado ESG lançando em 2021 o Sustainable Finance Disclosure Regulation (SFDR).

A regulação exige que as gestoras de recursos reportem como consideram fatores ESG em suas decisões de investimentos, tendo evoluído para a classificação dos produtos financeiros em 3 categorias: fundos artigo 6, artigo 8 ou artigo 9, sendo que o primeiro representa os fundos que consideram riscos ESG, mas sem objetivos sustentáveis.

Já as estratégias classificadas como artigo 8 promovem características ESG enquanto o grupo rotulado como artigo 9 precisam ter objetivos sustentáveis mensuráveis.

Cenário regulatório nos Estados Unidos

O cenário regulatório ESG rapidamente começou a se formar também nos Estados Unidos, quando em 2022 a SEC propôs regras para as gestoras de forma que apenas os fundos com objetivos sustentáveis poderiam se rotular dessa forma.

Dessa forma, exigências de reporte permitem que terceiros consigam avaliar e emitir pareceres sobre o objetivo sustentável almejado.

Assim, mais recentemente, a SEC trouxe um novo ponto dessa regulação. Isso porque os fundos ESG deverão investir pelo menos 80% do seu patrimônio em ativos coerentes com seu nome. Dessa forma, eles têm 90 dias para se adequarem.

Trata-se de um ponto interessante pois por vezes as regulações tendem a não serem prescritivas, mas sim principiológicas.

Como a regulação dos fundos ESG acontece no Brasil?

Com isso, o Brasil também endereça o tema com a Resolução 175 da CVM, que entrou em vigor esse mês, e com a classificação de fundos ESG pela Anbima.

Portanto, as regras essencialmente estabelecem duas classificações: fundos de investimentos sustentáveis (IS) e fundos que integram ESG em seu processo de investimento.

Dentro das novas regulações, os fundos IS devem possuir uma tese de investimento relacionada à sustentabilidade, enquanto os fundos que integram ou incorporam fatores ESG em sua análise tradicional devem deixar isso claro e não podem remeter ao tema finanças sustentáveis em seu nome.

Nessa autorregulação, a Anbima estabelece critérios como: explicitar o objetivo sustentável do fundo ou como este integra ESG, descrever a estratégia de investimentos, assim como metodologia, divulgação de política de engajamento com investidas, monitoramento, esclarecendo ainda como são feitas as divulgações em relação a esses temas e documentos.

Transparência das normas brasileiras

Dessa maneira, as regras brasileiras combinam normas de nomenclatura de fundo e transparência para avançar no tema. Elas se fizeram valer das experiências observadas em diferentes geografias.

Então, todos esses avanços em diferentes mercados comprovam que o aspecto regulatório é mais uma etapa de amadurecimento conquistada para o mundo ESG quando tratamos de investimentos.

Com as novas regulações, vem se formando um contexto de mercado mais robusto e transparente para os clientes. Isso permite o completo entendimento e accountability do processo de investimento, que conta com objetivos sustentáveis como fatores essenciais.

Enfim, mais desenvolvimentos são esperados na regulação dos produtos ESG, contribuindo para sua evolução e crescimento.

Quem ganha com isso? Você investidor, uma vez que passa a contar com mais alternativas de investimentos, as quais passam a ser mais transparentes e alinhadas com seus propósitos.

Com Sofia Inacio Fahel, analista ESG na Itau Asset

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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