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Vida curta ao greenwashing
Com a colaboração de Sofia Inacio Fahel, Analista ESG na Itaú Asset Management
O crescimento da temática ESG levou a um boom de iniciativas, produtos e compromissos pelos diversos elementos que constituem esse ecossistema, colocando as questões Ambientais, Sociais e de Governança (ESG) em lugar de destaque.
Com essa maré, o mercado de investimentos foi impulsionado e assim o investimento responsável atingiu US$ 35.3 trilhões em ativos sob gestão em 2020. Isso corresponde a um crescimento de 15% de 2018 a 2020, de acordo com o relatório Global Sustainable Investiment Alliance (GSIA).
Todo crescimento sugere dor e nessa jornada percebemos que o desenvolvimento do mercado ESG passa por uma nova onda: como combater o chamado greenwashing?
Essa prática, reflexo do crescimento exponencial da temática observado nos últimos anos, representa o uso estratégico da imagem sustentável sem que práticas efetivas estejam sendo implementadas. A lógica é se valer do rótulo ESG para impulsionar determinado produto, tese de investimento ou pilar estratégico. Assim consegue-se um posicionamento demandado pelo mercado, mas que por vezes é auto declaratório e assim potencialmente sem a qualidade e conduta esperada ou mesmo desejada.
Mas junto com o crescimento tivemos também o ganho de maturidade sobre a temática, onde os conceitos e práticas foram ganhando consenso e assim se estruturando. Essa construção dinâmica, tem ajudado a trazer um questionamento relevante sobre como aprimorar os processos e conceitos utilizados no mundo ESG com o intuito de promover positivamente o seu desenvolvimento.
Nasce assim, de forma natural, uma cena em que os diversos agentes desse meio se unem para elaborar diretrizes de condutas e práticas, organizando em regras que passam a ditar limites do que é valido. Essa onda não se limita a algumas geografias, revelando de certa forma a necessidade global de ajudar os investidores a terem mais clareza sobre o que de fato estão investindo quando falamos de ESG.
No mercado Europeu, tivemos a publicação no início de 2021 do Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis (SFDR). O SFDR criou a exigência de uma classificação dos produtos de investimento em 3 categorias: “Artigo 6”, sem um escopo de sustentabilidade, “Artigo 8”, que “promove” características ambientais e/ou sociais, e “artigo 9”, que possui como objetivo o investimento sustentável.
Já nos EUA, a Securities and Exchange Commission (SEC) também vem atuando abertamente de forma a ampliar a transparência dos fundos em relação aos seus fatores e estratégias ESG para os investidores, além dos critérios que utilizam para atingir suas metas de investimento estabelecidas. Recentemente, foi aprovada uma regulamentação sobre a divulgação climática das empresas.
Greenwashing no Brasil
A Anbima, associação que representa as instituições do mercado de capitais brasileiro, publicou regras que definem critérios para a identificação dos fundos sustentáveis de ações e renda fixa. Sendo ela uma autorreguladora, a associação passa então a supervisionar o mercado para combater o greenwashing.
Essas ações conversam entre si dada a convergência de seus objetivos: ajudar no desenvolvimento da temática ESG, de forma que esse seja realizado de maneira ordenada e com a transparência necessária. Um dos reflexos importantes desses avanços é a vida cada vez mais curta do greenwashing, pois agora além do maior conhecimento do tema estamos observando a existência de padrões que guiam o que é permitido. Devemos então ver essas ações como um avanço importante, positivo e necessário para o tema ESG no mundo.
Além disso, o fato de termos cada vez mais parâmetros e métricas para avaliar os produtos com propostas sustentáveis deixa o investidor mais bem posicionado para reconhecer e entender os objetivos sustentáveis dos fundos e navegar melhor pelas oportunidades. A sigla ESG ainda tem muitos desafios e avanços a conquistar em sua jornada, mas com o passo dado no caminho da padronização e reporte, vemos que a sigla vem ganhando maturidade de forma positiva.
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