‘Não vamos experimentar plenamente o metaverso em menos de 5 anos’, diz executiva
Limitação tecnológica e preocupação com segurança travam potencial da nova realidade
A empolgação com o conceito de metaverso fez com que o Facebook mudasse seu nome para Meta em outubro de 2021, mas isso não quer dizer, até mesmo para executivos da empresa, que o potencial total dessa nova realidade de web 3.0 se concretize no curto prazo. Seja por questões de limitação tecnológica, estágio inicial de desenvolvimento das aplicações ou por preocupação ainda com a segurança digital. Duda Bastos, diretora de negócios da Meta, enxerga que as pessoas só poderão experimentar plenamente o metaverso em um prazo de cinco a dez anos.
“Reality Labs [divisão de realidade virtual da empresa] é nossa primeira incursão nesse universo. Como já conectamos três bilhões de pessoas no mundo, queremos permitir que o metaverso seja muito mais acessível e integrado às nossas redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp”, afirma a executiva.
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As declarações ocorreram no painel “Imersos no Metaverso”, promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) no evento Febraban Tech, que acontece na Bienal em São Paulo.
Também presente no painel, George Garrido, diretor da F1rst, unidade de inovação do Santander Brasil, disse que o desafio para o metaverso se tornar realidade não é interconexão e sim um caso concreto de uso que chame a atenção das pessoas. “Vivemos em um mundo hiperconectado. O que falta é ter um caso de uso concreto. Os mundos virtuais são um novo canal muito forte em entretenimento e diversão, e isso também vem ganhando força no cenário corporativo”, defende.
Garrido também deu atenção especial à questão da segurança no metaverso. “A segurança digital é a maior preocupação do momento. O PIX veio para revolucionar o mercado, mas quando foi lançado tivemos problemas que não esperávamos. O metaverso não será diferente. Como a lei do mundo físico será aplicada por crimes no metaverso é uma dessas arestas que precisam ser fechadas”, previu.
Tiago Dias, vice-presidente de estratégia e laboratórios fintech na Mastercard para América Latina e Caribe, também destacou a necessidade de governança e segurança de dados no mundo digital, uma vez que se os prognósticos dos defensores do metaverso se realizarem, a web 3.0 dependerá de criptomoedas para se estruturar economicamente.
“Pagamento sem contato e pagamentos digitais serão metade dos pagamentos com cartões até o fim deste ano. Tudo isso passa por gestão de identidade digital. Já usamos a ferramenta NuData, para fazer autenticação por biometria passiva. Ou seja, a pressão com que o usuário aperta a tela do celular e a altura com que usa, o lado que escreve e outros padrões de comportamento são usados para definir se você é você”, conta.
Dias afirma que a Mastercard também procura atuar auxiliando na identificação de crimes como lavagem de dinheiro, hackeamento do mundo virtual e roubo de ativos digitais.
Sobre as iniciativas concretas do Meta na América Latina, Duda apontou que por enquanto os óculos de realidade virtual Quest, desenvolvidos pela companhia, continuarão disponíveis apenas nos Estados Unidos e na Europa, e que a Meta só irá levar seus dispositivos para o restante do mundo quando houver certeza de que é o “device” certo e acessível o bastante para isso.
No entanto, a executiva lembrou que a empresa investiu US$ 150 milhões em parceria com a Amazon Web Services (AWS) para a capacitação de 50 mil profissionais brasileiros em nuvem e marketing digital. “Não temos o hardware ainda, mas teremos as pessoas. São pessoas com mais de 18 anos, adultos, egressos de escolas públicas, com foco em mulheres, pessoas negras e público LGBTQIA+”, ressaltou.