Fitch: Ainda há bastante incerteza sobre o quadro fiscal brasileiro de curto prazo

O cenário fiscal brasileiro de curto prazo guarda incertezas elevadas, na visão da chefe de ratings soberanos para Ásia e Américas da Fitch, Shelly Shetty. Para a executiva, há dúvidas sobre se as receitas projetadas pelo governo com o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) irão, de fato, se materializar, ao mesmo tempo que a […]

O cenário fiscal brasileiro de curto prazo guarda incertezas elevadas, na visão da chefe de ratings soberanos para Ásia e Américas da Fitch, Shelly Shetty. Para a executiva, há dúvidas sobre se as receitas projetadas pelo governo com o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) irão, de fato, se materializar, ao mesmo tempo que a economia brasileira deve exibir alguma moderação no ano que vem, o que pode se traduzir em receitas menores.

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“O cumprimento das metas de resultado primário ainda é uma incerteza no nosso cenário. Sim, é verdade que há uma melhora nas receitas do governo, que se devem à resiliência da economia e aos preços elevados de commodities, mas temos visto um desapontamento com as medidas de aumento de receitas que o governo implementou, como o Carf, que deveriam representar uma grande parte dessa arrecadação”, afirmou Shetty em evento organizado pela Fitch nesta quinta-feira em São Paulo.

Ela ressaltou, ainda, que, do ponto de vista dos gastos, o crescimento ainda se mantém elevado, aumentando os desafios do governo. “E no lado do gasto, estamos falando de um crescimento primário do gasto de 8% em termos reais. É um gasto bastante alto e isso mantém a incerteza bem alta.”

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De acordo com Shetty, essa incerteza deve aumentar quando se projeta o ano seguinte “porque no Orçamento que foi enviado pelo governo, boa parte dessas expectativas de receitas estão ali”. “Ao mesmo tempo em que a economia deve desacelerar, o governo também espera que irá conseguir as receitas adicionais do Carf, que não foram obtidas neste ano. E também há expectativa de medidas de arrecadação que precisam da aprovação do Congresso. Isso tudo significa que há uma grande incerteza para o ano que vem”, enfatizou a executiva.

Shetty observou ainda que a dívida brasileira é significativamente mais alta em comparação com os pares emergentes e que, no cenário-base da Fitch, a relação dívida/PIB deve seguir em trajetória de alta nos próximos anos e atingir os 85%. Há, por outro lado, cenários otimistas e pessimistas, que contemplariam a relação se estabilizando em torno dos 80% ou superando os 95%.

A executiva pontuou também que as condições de mercado se mantêm mais favoráveis no Brasil pelo fato de uma fatia muito pequena da dívida brasileira estar atrelada à variação cambial, o que não é o caso de boa parte de outros países emergentes. “A dívida brasileira é menos vulnerável nesse sentido.”

Shetty voltou a afirmar que a Fitch mantém um rating ‘BB’ para o Brasil, com perspectiva estável, o que mostra que os riscos estão balanceados para cima e para baixo neste momento. “Uma consolidação fiscal para a dívida, que levasse à estabilização da relação dívida/PIB, poderia levar a uma pressão para cima no rating do Brasil”, afirmou.

Além disso, a executiva enfatizou as diferenças entre os fundamentos macroeconômicos do Brasil atuais e os de 2008, quando o país ganhou o selo de “grau de investimento”. “Há diferenças importantes no crescimento potencial da economia brasileira, que era bem superior ao atual, ao mesmo tempo em que as métricas fiscais são muito piores atualmente. Ainda precisamos ver progresso nessa frente”, concluiu.

*Com informações do Valor Econômico

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