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Fundo DI ainda é boa opção mesmo com queda da Selic
Nas últimas semanas têm crescido as recomendações de analistas e gestores para investidores ampliarem aportes no mercado de ações no Brasil.
XP, Itaú Unibanco e Bank of America foram algumas das casas de instituições financeiras a darem pistas de que o momento é propício para aumentar a posição na bolsa brasileira.
Em geral, ciclos de queda de juros são um convite a aumentar exposição em ativos de maior risco, como ações. E é o que estamos experimentando.
A Selic caiu 0,5 ponto em agosto e deve ter outro corte do mesmo tamanho nesta semana, segundo previsões do mercado.
Isso levaria a taxa básica para 12,75% ao ano.
Já há economistas prevendo que essa tendência de queda pode acelerar nos próximos meses, chegando a 9% anuais em meados de 2024.
Então é hora de o investidor pessoa física sair dos CDBs e dos fundos DI ou imobiliários e comprar ações?
Muita calma nessa hora
Para administradores de recursos consultados pela Inteligência Financeira, é importante o investidor procurar entender se a relação risco versus retorno vale a pena.
“Ainda existem incertezas importantes no cenário, incluindo questões fiscais no Brasil e o ciclo de alta de juros no exterior. [Esses fatores] tendem a impedir uma alta mais expressiva das ações”, disse Gustavo Harada, sócio da assessoria de investimentos Blackbird.
De fato, há uma visão dominante neste sentido. É o que revela uma pesquisa divulgada nesta semana pelo BofA com 31 gestores, responsáveis por cerca de US$ 80,3 bilhões em recursos administrados.
A previsão majoritária dos entrevistados é de que o Ibovespa atingirá a faixa de 130 mil a 140 mil pontos no final de 2024.
Ou seja, essas previsões embutem um potencial de alta de 8% a 17% do principal índice brasileiro de ações em relação aos níveis atuais até dezembro de 2024.
Não é um nível muito superior ao do Tesouro Direto, por exemplo, dos fundos DI ou dos CDBs, que têm a Selic como referência.
Vale investir em fundos DI?
Considerando o juro básico médio daqui até lá, os fundos DI devem pagar ainda um rendimento anual acima de 10% no período.
Então, uma boa pedida pode ser ficar onde está. Isso vale para quem está investido em renda fixa e pode precisar dos recursos num prazo inferior a um ano.
“Ainda vale investir em títulos atrelados a juros e inflação”, disse Fernando Camargo Luiz, gestor da Trópico Investimentos.
Isso está em linha com o que os próprios gestores consultados pelo BofA acreditam que vai acontecer nos próximos meses.
Para cerca de metade dos profissionais consultados, as pessoas físicas vão voltar a considerar mais seriamente o investimento em ações quando a Selic recuar para a faixa de 10% ao ano.
Considerando a previsão majoritária do mercado, esse nível deve ser alcançado entre as reuniões de março e de junho de 2024.
Fundos
Essa disposição do investidor para esperar mais um pouco antes de se expor mais a riscos tem sido captada pela indústria de fundos.
Segundo os números mais recentes da Anbima, as carteiras de renda fixa tiveram captação líquida de R$ 22,4 bilhões em agosto. Isto é, no segundo mês seguido em que os ingressos superaram os resgates.
Isso depois de quatro meses seguidos no vermelho.
Já os fundos de ações tiveram em agosto o oitavo mês consecutivo de perdas.
No acumulado dos oito primeiros meses do ano, os resgates dos fundos de renda variável somam cerca de R$ 40 bilhões, de acordo com a Anbima.
Expectativas e a Selic
A expectativa dos gestores é de que, no conjunto, as ações brasileiras seguirão absorvendo os efeitos positivos da queda da Selic, mas não sem solavancos devido a incertezas com a economia doméstica e internacional.
Além disso, o efeito positivo dos juros menores não será tão imediato sobre as empresas, por duas razões principais.
A primeira é que os juros estão saindo de um nível elevado e caindo gradualmente, o que deve levar tempo para ter um efeito significativo no balanço das empresas e, consequentemente, para os acionistas.
Além disso, diversas companhias ficaram fragilizadas como resultado de demanda fraca e elevados níveis de inadimplência no Brasil, casos de varejistas, bancos e outros setores ligados ao mercado doméstico.
No caso de blue chips de commodities, como Vale (VALE3), siderúrgicas, frigoríficos e de papel e celulose, suas ações estão e devem seguir refletindo a debilidade de mercados como Estados Unidos e China.
“Temos uma visão positiva para bolsa, mas não estamos com a perspectiva de um boom market”, resumiu o chefe de análise de ações da Órama, Phil Soares.
Segundo os profissionais, há boas chances no mercado doméstico de renda variável, mas o investidor terá que ser muito cuidadoso nas escolhas.
As recomendações mais prevalentes dos gestores para quem quer começar a fazer uma migração gradual para ações são de escolher empresas ‘premium’.
Vale começar por setores defensivos, como papéis de bancos, empresas de saneamento, eletricidade e de commodities como metais e petróleo.
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