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Fundo quantitativo de criptoativo escapa de perda
Na versão brasileira do “inverno cripto”, a maioria dos gestores de investimentos locais especializados em ativos digitais amargou fortes perdas neste ano, em linha com o desempenho do bitcoin e do ether, que chegaram a cair mais de 50% desde o pico em outubro do ano passado.
Os maiores fundos brasileiros do segmento cripto são basicamente direcionais e de gestão passiva, como os populares ETFs (fundos de índice negociados em bolsa) e produtos da gestora Hashdex, que seguem a tendência dos benchmarks do setor.
Os gestores brasileiros não trabalham com estratégias que permitem ganhar nos momentos de baixa. Mesmo entre os gestores globais, os chamados “vendidos” – que jogam contra o entusiasmo do segmento – normalmente estão nos grandes fundos hedge, fora do universo de criptoativos.
Há dificuldades técnicas e financeiras para implementar estratégias como venda a descoberto. Operar vendido com criptomoedas de forte oscilação exige muito cálculo por arriscar perder não apenas o capital investido, mas também ficar devendo.
Um fundo quantitativo da gestora Titanium, no entanto, sobressaiu-se, com ganho acumulado de 6,95% de janeiro a maio deste ano. No período, o bitcoin desabou
31,2%, segundo o CoinGecko, e a maioria dos demais produtos recuou cerca de 45%, dependendo da “diluição” da dose de criptomoedas no total do portfólio.
O fundo Titanium Cripto Structure tem como estratégia se manter descorrelacionado do que acontece no mercado de criptoativos, com os algoritmos programados para capturar pequenas variações de preços dos contratos futuros e de opções envolvendo bitcoin, ethereum e as chamadas altcoins.
“A operação ajuda a reduzir a volatilidade tanto do dólar quanto do bitcoin e do ethereum, permitindo a captura de valor, independentemente do ciclo em que o mercado se encontra. Isso faz com que a oscilação média diária das cotas, mesmo em dia de estresse dos mercados, seja controlada”, disse Aryon Ferreira, chefe de análise da Titanium.
O Titanium Structure é classificado como fundo de investimento no exterior e voltado para investidores qualificados, com aplicação mínima de R$ 10 mil, e custo de 2% de taxa de administração, com 20% de performance sobre o que exceder o CDI+2%aoano.
A mesma gestora, no entanto, não escapou das perdas que testaram o sangue frio dos investidores cripto neste ano. O fundo Galaxy, que tem uma gestão com base fundamentalista e gráfica dos criptoativos, derreteu 57,7% de janeiro a maio. O fundo tem como mandato ampliar a exposição a alternativas cripto, além do bitcoin e do ether, como NFTs, games, finanças descentralizadas (DeFi) e web 3.0.
Considerado uma porta de entrada do investidor no segmento cripto, o fundo de índice HASH11, negociado na B3 desde abril do ano passado, recuou 49,98% no período. O fundo segue o benchmark Hashdex Nasdaq Crypto, da bolsa americana, e figura entre os maiores e mais negociados ETFs da B3, com um patrimônio líquido de R$ 1,3 bilhão – chegou a R$ 2,9 bilhões em outubro do ano passado, quando o bitcoin atingiu recorde histórico.
“A Hashdex surgiu para fazer a ponte entre o mercado financeiro tradicional e o universo cripto”, disse Roberta Antunes, diretora da gestora.
A Giant Steps, uma das maiores gestoras quantitativas do Brasil, também amargou perdas de 44,98% no fundo Giant Satoshi, batizado em homenagem ao pseudônimo
utilizado pelo criador (ou criadores) do bitcoin. O algoritmo do fundo, o primeiro com benchmark em bitcoin, busca aplicar prioritariamente em bitcoin e ether, com exposição que varia hoje de 95% a 105% nessas criptomoedas.
“O fundo aumenta ou diminui sua exposição de acordo com o que está acontecendo no mercado. É como se fosse uma esponja; aumenta o risco em alguns momentos favoráveis, podendo ir acima de 100%, e diminui em outros momentos”, disse Pedro Simonetti, sócio da Giant Steps. O gestor segue confiante no mercado cripto e não vê por que apostar contra.
Por Toni Sciarretta, do Valor Econômico, de São Paulo.
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