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Geradoras de energia renovável viram alvo de aquisições no país
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Com a maior demanda global por energia limpa, empresas renováveis no Brasil passaram a ser alvo de interesse de investidores internacionais
Pelo menos quatro empresas de energia renovável de grande porte estão à venda no país, atraindo o interesse de grupos e gestoras de dentro e de fora do Brasil. Os dois principais ativos – Ibitu e Rio Energy – são avaliados em R$ 12 bilhões, segundo fontes. Outros negócios são da Renova Energia, que vendeu empreendimentos em 2021 e pode comercializar outros no plano de recuperação judicial, e da EDP Renováveis, com aberta estratégia de rotação de ativos.
Com a maior demanda global por energia limpa, empresas renováveis no Brasil passaram a ser alvo de interesse de investidores internacionais. Levantamento do Itaú BBA, feito a pedido do Valor, mostra em que em 2021 foram fechadas 22 transações do setor, com valor de negócio de R$ 16 bilhões. Para este ano, a estimativa é chegar a R$ 20 bilhões.
Parte dos recentes investimentos feitos no setor veio de fundos de private equity (que compram participações em empresas) e que agora quer sair do negócio. “Grupos desenvolvendores de projetos vendem ativos para reciclar capital para aportar em outros projetos”, diz Gustavo Miranda, responsável pela área de banco de investimento do Santander.
Colocada à venda no meio de 2021, a Ibitu, controlada pela gestora americana Castlelake, tem ativos eólicos e hidrelétricas no Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Santa Catarina, Mato Grosso e Minas Gerais – com 877 megawatts (MW) de potência instalada.
A companhia de energia renovável teve origem nos ativos da Queiroz Galvão Energia, quando o grupo entrou em crise financeira em meio à Lava Jato e colocou controladas em recuperação judicial. O fundo americano Castlelake comprou a dívida da subsidiária de energia e assumiu o controle.
Com planos bilionários de expansão para o negócio, a Castlelake passou a ser assediada por fundos e contratou o BTG Pactual e o Credit Suisse para encontrar interessado nos ativos, avaliados entre US$ 900 milhões e US$ 1 bilhão.
Outro alvo são os negócios da Rio Energy. Depois de desistir de fazer oferta pública de ações (IPO, em inglês) no ano passado, a empresa controlada pelo grupo americano de private equity Denham Capital, contratou o Bank of America (BofA) e o Itaú BBA para vender seu negócio, apurou o Valor com pessoas a par do assunto.
Um dos principais países que atraem investimentos nesse segmento, o Brasil está no radar de investidores, uma vez que tem recursos naturais, custos baixos e regulação estável. Além disso, fora dos EUA e Europa, fundos do mundo não encontram grandes plataformas para investimentos no setor.
Consultores ouvidos pela reportagem acreditam que as eólicas e solares devem continuar liderando nos negócios em 2022, visto que o pilar de crescimento em termos de rentabilidade, escala de projetos e indústria consolidada está nestas fontes.
Soma-se que a agenda ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês) vinculada a estas fontes e à curva de aprendizado que barateou o preço do megawatt-hora (MWh) tem chamado atenção de agentes que querem diversificar suas operações, desde empresas que visam uma gestão de risco a longo prazo até mesmo petroleiras.
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