Governo abre crédito extraordinário de R$ 12 bilhões para o Rio Grande do Sul

Medida provisória complementa pacote de ajuda de quase R$ 51 bilhões

Assistentes sociais ajudam no resgate de moradores do interior do Rio Grande do Sul afetados pelas enchentes que atingiram o estado Foto: Eliezer Falcão/Ascom Sedec
Assistentes sociais ajudam no resgate de moradores do interior do Rio Grande do Sul afetados pelas enchentes que atingiram o estado Foto: Eliezer Falcão/Ascom Sedec

O governo federal abriu por meio da Medida Provisória 1.218/2024 crédito extraordinário de R$ 12,18 bilhões para o atendimento a municípios afetados pelos alagamentos no Rio Grande do Sul.

O programa contempla recursos para a atuação de diversos órgãos como a Polícia Rodoviária Federal (PRF), hospitais, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Fundo Nacional de Assistência Social e outros.

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MP complementa pacote de R$ 50,9 bi

A MP complementa o pacote de R$ 50,9 bilhões anunciado na quinta-feira (9) e que envolve antecipação do abono salarial, do Bolsa Família e do Auxílio-Gás, além de prioridade na restituição do Imposto de Renda e duas parcelas adicionais do Seguro-Desemprego.

Em nota, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o crédito extraordinário é uma das medidas para não comprometer o orçamento dos ministérios, que já está em execução.

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“Esse é um dos primeiros passos para fazer com que os recursos cheguem o quanto antes aos governos municipais e estadual, mas também para as pessoas, para o comércio, para as empresas”, declarou.

Entre as medidas anunciadas na MP 1.218 estão R$ 9 milhões para o reforço ao policiamento da PRF, R$ 5,52 milhões para atuação da Força Nacional de Segurança Pública, R$ 62,5 milhões em atenção à saúde nos serviços ambulatoriais e hospitalares do Hospital Nossa Senhora da Conceição, R$ 96,8 milhões na promoção de assistência farmacêutica e insumos estratégicos, R$ 1,186 bilhão em intervenções para recuperação e restauração de rodovias federais, e mais R$ 497,8 milhões para seguro-desemprego.

“Eu estive lá duas vezes para dizer ao governador, ao povo gaúcho, ao povo brasileiro, que estamos 100% comprometidos com a ajuda ao Rio Grande do Sul. Não haverá falta de recursos para atender às necessidades”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o novo pacote.

Aumenta número de mortes

As fortes chuvas do Rio Grande do Sul deixaram 143 mortos até as 9h deste domingo (12).

Foram confirmadas sete novas mortes desde sábado (11), e o número pode crescer nos próximos dias, uma vez que há 125 desaparecidos, segundo a Defesa Civil gaúcha. Há ainda 756 feridos.

Diante das enchentes, que afetaram mais de 2 milhões de pessoas no estado, gaúchos têm buscado refúgio com parentes ou amigos em outros estados, como Santa Catarina.

Segundo a Defesa Civil estadual, o número de desaparecidos vem caindo ao longo dos dias.

A população tem sido orientada a procurar a Polícia Civil para informar sobre a localização de familiares.

Mais pessoas em abrigos

O boletim da manhã deste domingo também indica aumento de pessoas em abrigos montados para socorrer as vítimas que não têm para onde ir.

São 81.170 desabrigados, 10 mil a mais do que constava do boletim das 9h deste sábado (11). O total de desalojados também aumentou, passando de 339.928 para 537.380.

Dos 497 municípios gaúchos, 446 acabaram afetados pela tragédia.

Também são ao menos 303 mil pontos sem energia (o número é maior, porém a RGE Sul não informou a quantidade de pontos na manhã desta sexta) e 208 mil imóveis continuam sem água no estado.

As aulas foram suspensas nas 2.338 escolas da rede estadual e mais de 338 mil alunos acabaram impactados. Neste domingo, são 1.028 escolas afetadas, 528 danificadas e 84 servindo de abrigo.

A tragédia tem sido comparada ao furacão Katrina, que em 2005 destruiu a região metropolitana de Nova Orleans, na Lousiana (EUA), atingiu outros quatro estados norte-americanos e causou mais de mil mortes.

Semelhanças com efeitos do Katrina

Profissionais de saúde apontam semelhanças entre as duas tragédias, como falta de prevenção de desastres naturais e inexistência de uma coordenação centralizada de decisões. Colapso nos hospitais, dificuldade de equipes de saúde chegarem aos locais de trabalho e desabastecimento de medicamentos e outros insumos são outras semelhanças apontadas.

O nível da água do lago Guaíba, que inundou a capital Porto Alegre, estava em 4,64 metros na medição do cais Mauá às 8h deste domingo, conforme informações da Ceic (Centro Integrado de Coordenação de Serviços). No sábado (4), ele havia chegado a 5,30 metros, conforme o Ceic.

O lago é considerado inundado quando atinge 3 metros de altura. Há um alerta que é emitido quando o nível da água está em 2,5 metros. Por isso, mesmo com a diminuição no volume de água do Guaíba, ruas e avenidas da capital gaúcha continuavam alagadas nesta quinta.

Ao mesmo tempo, o governo gaúcho alertou na segunda-feira para o risco de enchentes nos municípios localizados às margens da Lagoa dos Patos. A água que bloqueia ruas da região metropolitana desce pela lagoa em direção ao mar, o que pode acontecer rapidamente ou de forma mais lenta, dependendo da direção do vento.

A volta da chuva e de ventos fortes à região de Porto Alegre nesta quarta-feira (8) fez a prefeitura paralisar o resgate das vítimas das enchentes históricas. A previsão, segundo o Inmet, é que a temperatura caia no Rio Grande do Sul nesta semana.

Com informações do Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

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