Desde início da guerra, 7 executivos russos morreram em circunstâncias suspeitas

A notícia da morte de Ravil Maganov, presidente da Lukoil, a segunda maior produtora de petróleo da Rússia, intrigou o mundo por conta de sua explicação oficial. O executivo caiu da janela de um hospital de Moscou, apesar de a empresa em que trabalhava ter dito, em nota, que o motivo da morte foi uma “doença grave”.
Apesar das razões alegadas – inusitadas – e da divergência entre versões, a morte de Maganov não é a primeira entre personalidades russas envoltas em mistério e falta de clareza. Desde o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, executivos e pessoas ligadas ao governo de Vladimir Putin morreram em circunstâncias duvidosas.
A morte de Maganov foi a segunda envolvendo funcionários de alto escalão da Lukoil nos últimos meses. Em maio, um ex-executivo da empresa, Alexander Subbotin, morreu de ataque cardíaco em casa alugada numa área pobre nos arredores de Moscou, segundo autoridades locais.
A agência russa de notícias “Mash” relatou que a casa pertencia a um xamã e sua esposa, e que Subbotin praticava medicina esotérica com veneno de sapo, sangue de galo e “ajuda de espíritos”.
O veículo alegou que Subbotin visitava o casal “regularmente” e estava lá para sessão espírita a fim de curá-lo de uma ressaca. Quando Subbotin adoeceu de repente, o xamã deu a ele um tranquilizante de raiz de valeriana e o deixou num porão, ao invés de chamar uma ambulância, segundo a agência.
Estatal de gás
Um dia após o início da guerra na Ucrânia, Alexander Tyulyakov, vice-diretor da Gazprom, foi encontrado morto na garagem de sua casa em Leninsky, um subúrbio de elite de São Petersburgo.
A teoria dos investigadores é de que a morte de Tyulyakov foi o segundo suicídio no mesmo subúrbio em menos de um mês, depois que Leonid Shulman, também executivo da Gazprom, foi encontrado morto em seu banheiro no fim de janeiro.
Meses depois, em julho, a polícia encontrou Yuri Voronov, chefe de uma empresa de transporte que presta serviços à Gazprom, morto na piscina de sua casa com um tiro na cabeça. A mídia russa ligou a morte de Voronov a uma disputa comercial e disse que Shulman estava deprimido após se separar de sua esposa e sofrer uma grave lesão na perna.
Em abril, o ex-vice-presidente do Gazprombank Vladislav Avayev, sua esposa e sua filha de 13 anos foram encontrados mortos a tiros em seu apartamento em Moscou. A polícia disse que Avayev provavelmente matou sua família em assassinato seguido de suicídio, mas não citou um possível motivo para o ato.
Na Espanha
Um dia depois da tragédia, Sergei Protosenya, ex-executivo sênior da Novatek, foi encontrado enforcado em sua vila na Espanha, ao lado de sua esposa e filha adolescente, esfaqueadas até a morte.
A polícia também concluiu que Protosenya matou sua família antes de se suicidar, segundo a mídia espanhola, apesar de não ter encontrado nenhuma nota de suicídio ou impressões digitais nas armas do crime.
O filho de Protosenya disse mais tarde que acreditava que seu pai foi assassinado. A Novatek também indicou ter dúvidas sobre as conclusões da polícia, dizendo que “especulações” surgiram na mídia sobre o assunto, mas a empresa estava convencida de que essas alegações “não tinham relação com a realidade”.
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