Ibovespa perde força com temor por desvalorização do yuan; bolsas de NY sobem com expectativa por acordos
- O Ibovespa fechou em queda de 0,10%, aos 125.543 pontos, impactado pela desvalorização do yuan chinês e preocupações com a guerra comercial.
- Ações de commodities, como Vale (-2,94%), foram as mais afetadas.
- Bolsas de Nova York subiram com a expectativa de acordos comerciais, com Dow Jones (+1,99%), S&P 500 (+1,81%) e Nasdaq (+1,80%).
- Incerteza sobre a resposta da China às tarifas americanas pressionou os ativos domésticos.
- Fluxos de investidores estrangeiros para a B3 têm sido negativos.
- Analistas apontam para entraves como juros elevados e baixo crescimento econômico para o Ibovespa.
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Depois de iniciar a sessão em alta, apoiado pelo dia de recuperação dos ativos de risco ao redor do globo, o Ibovespa virou para negativo no início da tarde de hoje, em um pregão marcado pela forte volatilidade.
Segundo gestores, preocupações com a forte desvalorização do yuan pesaram sobre mercados emergentes ligados à economia chinesa, caso do Brasil.
A ideia é que uma moeda chinesa mais depreciada poderia ajudar a compensar a perda de competitividade do gigante asiático diante das tarifas americanas.
Entre as blue chips, as ações de commodities foram as mais afetadas, como a Vale. Moedas como o real também passaram a perder força frente ao dólar.
Por volta das 13h, o Ibovespa tinha queda de 0,10%, aos 125.543 pontos, depois de oscilar entre os 125.033 pontos e os 127.652 pontos. O volume financeiro projetado para o índice na sessão é de R$ 19,2 bilhões.
No horário acima, as ações da Vale caíam 2,94%, enquanto as PN da Petrobras recuavam 0,48% e as ON cediam 0,45%.
Bolsas internacionais
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A esperança de que a governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está aberto a negociações sobre tarifas comerciais impulsionou as bolsas de Nova York.
Os índices estão em linha com a movimento global de recuperação depois das perdas fortes na sequência do “tarifaço anunciado na semana passada.
Por volta de 13h20, o índice Dow Jones subia 1,99%, a 38.716,86 pontos; o S&P 500 avançava 1,81%, a 5.153,71 pontos e o do Nasdaq Composto tinha alta de 1,80%, a 15.884,65 pontos. Na Europa, as bolsas avançaram, e o índice Stoxx 600 fechou em alta de 2,72%, a 486,91 pontos.
Trump disse que a Coreia do Sul, a China e outros países querem fechar acordos comerciais. Ele conversou com o presidente em exercício da Coreia do Sul, Han Duck-soo, e elogiou probabilidade de um acordo.
“A China também quer fazer um acordo, multa, mas eles não sabem como começar. Estamos esperando a ligação deles”, disse Trump em sua rede social.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse em entrevista que recebeu a orientação de priorizar aliados e parceiros comerciais do país, como Japão e Coreia do Sul, e afirmou que a presidente Trump estará pessoalmente envolvido em negociações com parceiros comerciais.
“Esperamos que tarifas recíprocas entrem em vigor, mas achamos que há espaço para algumas taxas serem negociadas para baixo até o fim do ano”, dizem os estrategistas de Morgan Stanley, em relatório.
Eles veem a Índia e o Japão mais propensos a negociar acordos comerciais parciais, enquanto países como China a Vietnã devem ter tarifas prolongadas.
“Embora não estejamos prevendo uma recessão para a economia dos Estados Unidos, a lacuna entre uma perspectiva de crescimento lento e uma desaceleração diminui”, dizem os estrategistas.
O Morgan Stanley revisou para baixo sua projeção para a economia americana, e prevê crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real de 0,8% este ano e 0,7% no próximo, abaixo das estimativas anteriores de 1,5% 63,2 respectivamente.
No mercado de Treasuries, o rendimento da T-Note de 10 anos avançava a 4,208%, de 4,177% no fechamento anterior, mantendo-se acima de 4% diante de expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não vai ceder nas taxas de juros, mesmo diante de uma recessão.
Já o índice DXY – que mede a relação entre o dólar e uma cesta de moedas de países desenvolvidos – rondava a estabilidade, e subia 0,04% a 103,29 pontos. Nesse contexto, o euro caía 0,08%, contar o dólar, a US$ 1,09057.
A União Europeia (UE) pode apresentar um plano de resposta às tarifas de Trump já na semana que vem, disse um porta-voz.
Análise do cenário atual nos mercados
Investidores aguardam novidades sobre o prazo dado polo presidente americano, Donald Trump, para que o gigante asiático recue das tarifas retaliatórias.
O prazo venceu às 13h (horário de Brasília) desta terça-feira. Hoje mais cedo, pelas redes sociais, Trump disse que a China quer fazer um acordo com os EUA, mas que ainda não entrou em contato com a Casa Branca para iniciar as negociações.
A incerteza em torno dessa resposta pode ter pressionado os ativos domésticos, que passaram recuar, avalia Marcelo Nantes, gestor de renda variável do ASA. No entanto, diz o executivo, o principal fator por trás de desempenho dos mercados é a falta de previsibilidade das ações do presidente americano.
“Os mercados globais estão caindo porque tem que dar um peso de probabilidade para o que se fala agora, [para verificar] se é isso mesmo ou não. Quando tem incerteza multo grande, você diminuiu sua exposição em bolsa, principalmente”, completa.
Operadores afirmam ainda que os fluxos de investidores estrangeiros para o segmento secundário da 83 (ações já listadas) têm sido negativos ao longo dos últimos quatro pregões, com a volume sacado chegando a R$ 3,6 bilhões no acumulado do mês até a última sexta-feira (4), o que dificulta um movimento mais positivo.
O diretor de investimentos da Nau Capital, Mauricio Valadares, defende que o fluxo favorável registrado por estrangeiros para a bolsa até meados de março foi “pontual” e não acha que a magnitude vista até o mês passado possa ser replicada daqui para frente.
“Acreditamos que o Brasil está bem-posicionado na guerra comercial, mas que isso não será motivo suficiente para contratar uma alta sustentável do Ibovespa até o fim do ano”, diz. “A bolsa ainda tem outros entraves como o juro elevado e uma economia que não vai crescer a um ritmo mais alto”, acrescenta Valadares.
Entre as maiores altas da sessão estão os papéis da CVC, que sobem 3.54%. Já entre as maiores quedas estão os papéis do Magazine Luiza, que recuam 9,07%.
Analistas do Citi cortaram a recomendação da varejista de neutra para venda. O banco também reduziu o preço alvo de R$ 8 para R$ 7,70.
*Com informações do Valor Econômico
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