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Ibovespa foi destaque em 2023, mas segue como pior investimento dos últimos 14 anos; entenda
O ano de 2023 foi um bom momento para o Ibovespa, na comparação com as demais classes concorrentes do mercado. Contudo, o histórico da principal cesta de ações da B3 continua deixando a desejar quando o horizonte se expande para o longo prazo.
No ano passado, o Ibovespa marcou uma alta acumulada de 22,28%. Assim, registrou o melhor desempenho desde 2019. E ficou acima do índice de Small Caps (as ações de baixa liquidez da bolsa). Superou também o dólar, o ouro e, quem diria, até a prateleira de renda fixa.
Mas, quando se amplia a leitura para o acumulado de 14 anos, a história é diferente. Do primeiro pregão de 2010 até o último de 2023, o show é todo das NTN-Bs.
IPCA + lidera no setor
Os populares títulos de renda fixa atrelados à inflação, que o investidor encontra nas plataformas com a inscrição de IPCA +, acumulam valorização de 386,10%.
Eles lideram de forma soberana o ranking dos investimentos de quase uma década e meia. São seguidos pelos títulos prefixados. Também chamados de LTN e NTN-F, estes somam alta de 318,89%.
O CDI, usado nos títulos pós-fixados, fecha o pódio. A taxa que caminha ombro a ombro com a Selic valorizou-se 246,89% no período.
E onde fica o Ibovespa nesse ranking?
O Ibovespa segura a lanterna dos investimentos. Com alta de 95,64%, está abaixo do dólar (178,04%) e das Small Caps (100,77%).
Assim, quem esqueceu o dinheiro no Ibovespa até pode ter se animado com o resultado do indicador no ano passado. Mas, não conseguiu, sequer, repor as perdas com a inflação em 14 anos. O IPCA acumulado de 2010 para cá ficou em 124,28%.
É como diz Leonardo Morales, sócio e diretor da SVN Gestão de Recursos: “O Ibovespa para esses prazos mais longos, é bem complicado”. Confira na tabela abaixo.
O Ibovespa é o pior investimento em 14 anos
Classe | Retorno (31/12/2009 até 28/12/2023) |
IMA-B (IPCA +) | 386,10% |
IRF-M (LTN e NTN-F) | 318,89% |
CDI | 246,89% |
Dólar | 178,04% |
IPCA | 124,28% |
Small Caps (SMLL) | 100,77% |
Ibovespa | 95,64% |
Período de baixo crescimento
Jayme Carvalho, economista-chefe da plataforma SuperRico, lembra que o período entre 2010 e 2023 foi marcado por baixo crescimento econômico. E isso explica o retorno baixo do Ibovespa.
“Assim, com crescimento baixo, a renda variável não é o melhor ativo. Nós temos aí um ativo de renda fixa sendo melhor”, explica. O Brasil é um país que cresce pouco. “Por isso, os títulos de inflação, particularmente no Brasil, são muito interessantes”.
Como fica a vida do investidor?
Para os especialistas, o desempenho do Ibovespa no longo prazo reforça o apelo de diversificação e de gestão ativa. Dessa forma, não dá para confiar exclusivamente no índice. Nem aportar o dinheiro e esquecer.
“Essa é a realidade dos investimentos no Brasil”, afirma Fabio Gallo, professor de finanças da FGV e colunista da Inteligência Financeira.
“Segue a recomendação constante de que o investidor deve manter a sua carteira bem diversificada. A renda variável também é um bom investimento. Mas o investidor não deve aplicar seus recursos como se fosse uma aposta. Os dados sobre as rentabilidades dos ativos financeiros no Brasil mostram isso”, destaca.
Vale ir à bolsa, mas sem Ibovespa?
Para quem investe profissionalmente, o desempenho do Ibovespa suscita cuidado. “Assim, muitos fundos ativos que fazem o stock picking acabaram durante muitos anos batendo o Ibovespa”, conta Leonardo Morales.
Stock Picking é uma estratégia de investimento que consiste em selecionar individualmente ações com bom potencial de valorização.
“A concentração do Ibovespa é muito em commodities e bancos. Por isso, tudo o que teve de economia real de ativos, os shoppings, as empresas de utilities, ficou de fora (desse levantamento)”, afirma.
O setor de utilities da bolsa é formado por empresas de energia e provedoras de serviços públicos, como saneamento.
Qual o melhor investimento daqui para a frente
Para Jayme Carvalho, da SuperRico, os títulos atrelados à inflação devem continuar com maior peso nas carteiras.
“A gente também leva em consideração o cenário de crescimento econômico”. Assim, diz ele, “o Brasil tem um crescimento econômico, na nossa expectativa, baixo”.
No entanto, ele alerta que o desempenho dos ativos é apenas um dos pontos a considerar na alocação de portfólio.
“Apesar da Ibovespa ser um ativo que não foi bem, eu não colocaria todas minhas fichas nos títulos de inflação”, afirma, também batendo na tecla da diversificação.
“A gente considera bastante a questão de correlação entre os ativos. Então, como os ativos se relacionam em períodos de crise? Isso, sim, faz bastante diferença”, explica.
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