Ibovespa fecha em alta de 1,36% e retoma 124 mil pontos; dólar cai 0,2%, mas se mantém acima de R$ 5,50
Bolsa de valores hoje: veja como se comportaram o Ibovespa e o dólar nesta quinta-feira (27) e o que movimentou os ativos
O Ibovespa voltou a avançar na sessão desta quinta (27), conforme investidores seguiram buscando oportunidades de compra na bolsa depois da sequência negativa das últimas semanas.
No ambiente macro, os próximos passos da política monetária local e comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiram no foco dos agentes.
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Ibovespa hoje
No fim do dia, o índice subiu 1,36%, aos 124.308 pontos, na máxima intradiária. Nas mínimas intradiárias, tocou os 122.642 pontos.
O volume financeiro negociado na sessão (até as 17h15) foi de R$ 15,66 bilhões no Ibovespa e R$ 22,12 bilhões na B3.
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Mesmo com câmbio e juros pressionados durante boa parte da sessão, ainda de olho nas incertezas locais, o Ibovespa encontrou espaço para continuar corrigindo parte das suas perdas recentes.
No fim do dia, elogios do presidente Lula a Gabriel Galípolo e falas sobre possível contenção de gastos coincidiram com o avanço dos ativos locais para suas máximas intradiárias.
Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos, opina que o movimento positivo visto nos últimos dias parece mais técnico do que fundamentado, já que os preços estavam bem atrativos e o mercado está leve, com espaço para alocação especulativa por parte de investidores institucionais.
Mas também é verdade, diz, que houve algum alívio das incertezas internas, principalmente diante do nível de estresse embutido nos ativos, e por conta da decisão unânime do Copom.
“Acredito que ainda existe exagero nos preços do mercado já que, ao se analisas a curva de juros, temos altas da taxa básica precificadas, e não parece que isso vá ocorrer. Nós vínhamos sendo bem conservadores nas nossas recomendações, mas talvez a gente aumente um pouco o beta das nossas carteiras em julho, ainda que de forma tática. Pode até ser um momento oportuno por conta da temporada de balanços, com as divulgações começando no mês que vem”, diz.
Nessa linha, diz o executivo, quando se divide o Ibovespa entre empresas defensivas e agressivas, o primeiro grupo foi preferência clara de investidores desde o fim de abril, quando as incertezas locais passaram a determinar o rumo dos ativos.
Agora, o segundo grupo volta a ganhar algum espaço, ainda que de forma tímida e especulativa. Na sessão, o índice SMLL, mais carregado de teses sensíveis às taxas, subiu 2,21%.
Petrobras ON e PN, por sua vez, subiram 2,02% e 1,67%, respectivamente, em dia de alta do petróleo e após o Bank of America elevar a recomendação do papel para compra.
E Suzano ON teve ganhos de 12,18%. A companhia desistiu da oferta pela International Paper (IP), o que fez as ações da companhia brasileira de celulose dispararem.
Dólar hoje
O dólar à vista encerrou a sessão em leve queda nesta quinta-feira, com os participantes do mercado buscando algum ajuste nos excessos do avanço recente da moeda americana.
O movimento se descolou do observado em outros mercados emergentes. Operadores mencionaram uma melhora na tarde de hoje após dados mais fracos do Caged e também com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmando que há espaço para cortar gastos e que o governo tem feito estudos sobre o tema, além de fazer elogios ao diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Terminadas as negociações, o dólar comercial fechou em queda de 0,20%, a R$ 5,5079, depois de ter tocado a mínima de R$ 5,4824 e encostado na máxima de R$ 5,5384.
Já o euro comercial valorizou 0,01%, a R$ 5,8953. Em outros mercados emergentes, no entanto, o dólar valorizava perto das 17h15, com alta de 0,40% contra o peso mexicano; 0,78% contra o peso chileno; 0,59% ante o peso colombiano; e 1,55% contra o rand sul-africano.
A desvalorização brusca do real dos últimos dias foi interrompida hoje. Mas a um dia do fim do mês, o dólar já valoriza 4,93% frente à moeda brasileira em junho. E não é só o real que deprecia, a divisa americana também avança em torno de 7,92% ante o peso mexicano e 8% contra o peso colombiano.
Ronny Woo, gestor na Ativa Asset, lembra que este último mês foi marcado por um pessimismo em relação aos emergentes. “Vimos isso desde as eleições no México e na Índia”, diz.
“Houve um mau humor com toda a classe de emergentes, o que acabou nos afetando. Além disso, tivemos comentários mais infelizes do nosso governo sobre a questão fiscal”, diz.
A combinação do mau humor com os mercados emergentes e ruídos locais já basta para resultar em um ambiente desfavorável ao câmbio doméstico. Com a saída sazonal de fim de semestre, esse cenário piora ainda mais, segundo o gestor da Ativa.
“Temos um movimento de virada do balanço semestral, em que as empresas multinacionais costumam mandar dinheiro para fora. Vimos ontem mesmo, nos dados do Banco Central, uma saída via fluxo financeiro forte na última semana. Após a virada do mês, talvez esse fluxo de saída dê uma secada”, diz.
Há também a expectativa entre participantes do mercado de que, com o vencimento dos contratos futuros de julho, alguma parte da posição do estrangeiro em dólar contra o real no mercado de derivativos desapareça.
Segundo dados da B3, a posição dos estrangeiros em dólar mini, dólar futuro, swap e cupom cambial (DDI) bateu US$ 79,3 bilhões ontem, a máxima histórica.
Para o gestor da Ativa, no entanto, os sinais são de que os contratos devem ser rolados. “A maior parte dessa compra [de dólar] geralmente é concentrada no primeiro vencimento, que vence na Ptax de amanhã. E desde o início desta semana já vemos o movimento de rolagem dos contratos para agosto, então não deve descolar do que estamos vendo”, diz Ronny Woo. “Claro que a foto mesmo iremos ver só na semana que vem, quando a B3 divulgar os dados da primeira sessão de julho.”
Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, em referência ao mercado de derivativos, que “as pessoas que apostaram em ganhar dinheiro no fortalecimento do dólar [contra o real] vão quebrar a cara outra vez”.
Em nota enviada a clientes, estrategistas da Oxford Economics dizem que o real está passando por um momento de “overshooting” (exagero). “Esperamos uma valorização no curto prazo de cerca de 3% a 5%”, afirmam. “Essa correção ao lado de um diferencial de juro nominal muito atraente, de 5%.”
O Bank of America também vê espaço para o dólar perder força até o fim do ano, uma vez que projeta a moeda americana no nível de R$ 5,25 em dezembro. Essa estimativa, no entanto, reflete mais um pessimismo do banco americano do que um otimismo, uma vez que a previsão anterior era de dólar a R$ 5,00 no fim de 2024. Além disso, para os próximos anos, a perspectiva é de nível ainda mais elevado, de dólar a R$ 5,50 no fim de 2025 e a R$ 5,75 em 2026.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam perto da estabilidade após tanto o PIB como a inflação americana no 1º trimestre ficarem dentro das expectativas dos analistas.
Ao final da sessão, o índice Dow Jones tinha alta de 0,09%, a 39.164,06 pontos, enquanto o S&P 500 subia 0,09%, a 5.482,87 pontos. Já o Nasdaq, índice que reúne empresas de tecnologia, valorizava 0,30%, a 17.858,68 pontos.
Mais cedo, foi divulgado que o produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos desacelerou para 1,4% no primeiro trimestre, enquanto o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), índice de inflação americano, subiu para 3,4% no período.
Já as encomendas de bens duráveis subiram 0,1% no mês de maio, em comparação com abril, contrariando o recuo de 1% projetado pelos economistas. Por sua vez, os pedidos de seguro-desemprego nos EUA ficaram em 233 mil na semana passada, abaixo do esperado por analistas, de 235 mil.
O destaque negativo do dia fica com as ações da fabricante de chips Micron, que caíram 7,12%, depois que a empresa apresentou uma projeção de vendas trimestrais que decepcionou os investidores. Já a Super Micro Computer avançou 7,13%, enquanto a Nvidia continua a desvalorizar, e caiu 1,91%.
Bolsas da Europa
A maioria dos principais índices acionários europeus encerrou a quinta-feira (27) em queda, na esteira do maior sentimento de cautela que toma conta dos mercados às vésperas da eleição legislativa da França, no domingo (30), e da publicação do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) de maio dos Estados Unidos, indicador inflacionário favorito do Federal Reserve (Fed).
O índice Stoxx 600 caiu 0,41%, a 512,72 pontos, com as ações relacionadas à mídia subindo 0,45%, enquanto o varejo liderou as perdas ao recuar 1,86%; o CAC 40, de Paris, cedeu 1,03%, para 7.530,72 pontos, e o FTSE 100, da bolsa de Londres, anotou queda de 0,55%, para 8.179,68 pontos. Exceção do dia, o DAX, de Frankfurt, avançou 0,30%, fechando a 18.210,55 pontos.
A agenda econômica da quinta contou com a decisão do banco central da Suécia, o Riksbank, que manteve sua taxa básica de juros inalterada em 3,75% e sinalizou que pode cortar a taxa duas ou três vezes durante o segundo semestre, desde que a perspectiva de inflação se mantenha.
Também foram destaques os dados de sentimento do consumidor da zona do euro, que caiu de 96,1 para 95,9 em junho, contrariando as estimativas de alta.
No front corporativo, a varejista de moda H&M foi destaque negativo, fechando em queda de 12,97%, após a divulgação dos resultados do segundo trimestre, e fazendo com que as ações de seus pares europeus também caíssem.
Com informações do Valor Econômico