Ibovespa tem forte queda e volta aos 103 mil pontos com temores de recessão nos EUA
A persistência da inflação nos Estados Unidos, que sugere que o Federal Reserve precisará elevar os juros americanos mais que o esperado, volta a impactar os mercados de capitais
O Ibovespa caminha para sua sétima sessão consecutiva de queda nesta segunda-feira, enquanto as persistentes pressões inflacionárias ao redor do globo reduzem o apetite do mercado por risco. A semana, marcada por decisões de política monetária no Brasil e nos EUA, deve continuar tendo forte volatilidade.
Às 13h, o Ibovespa recuava 2,30%, aos 103.057 pontos, tocando os 101.700 pontos na mínima intradiária e os 104.478 pontos na máxima. O volume financeiro negociado até aqui foi de R$ 10,3 bilhões, com projeção de alcançar um giro de R$ 25,8 bilhões ao final do dia. Lá fora, o S&P 500 cedia 2,93%, Dow Jones recuava 2,05% e Nasdaq tinha queda de 3,72%.
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O movimento de aversão a riscos volta a dar o tom nos mercados financeiros hoje, reforçando a tendência vista no final da última semana. Na sexta-feira, o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos (CPI) do mês de maio surpreendeu os agentes financeiros com uma leitura bastante acima da esperada, indicando que o teto da inflação americana pode não ter sido alcançado.
Desde então, a postura dos investidores tem sido a de esperar por uma resposta mais agressiva do Federal Reserve (Fed), que anuncia sua decisão de política monetária na quarta-feira, para combater a inflação. E, para além dos desafios globais, agentes locais ainda se preparam para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre no mesmo dia.
“O Fed, assim como o BC, está mais preocupado com a variação do núcleo da inflação. No caso dos Estados Unidos, a ‘core inflation’ desconsidera os preços mais voláteis de alimentos e de combustíveis. Por isso, apesar de elevado, o número de maio não deve ser visto como um fato desesperador. Pode ser apenas uma aceleração pontual”, afirmam analistas da Levante.
Para saber qual a percepção do Fed, dizem, será preciso observar com cuidado o que seu presidente, Jerome Powell, vai dizer na entrevista coletiva após a reunião. Além da possibilidade de que Powell indique uma aceleração na alta das taxas, ele também pode afirmar que a redução do balanço do Fed será mais acelerada do que o afirmado anteriormente.
Nessa linha, entre as blue chips do Ibovespa, Vale ON caía 3,15%, CSN ON recuava 5,65%, Usiminas PNA perdia 5,04%, Gerdau PN piorava 5,68% e Petrobras ON e PN acumulavam quedas de 1,19% e 1,05%. No setor financeiro, Itaú PN -1,08%, Bradesco PN -0,78%, Banco do Brasil ON -2,23% e Santander units -1,22%.
A abertura dos juros também punia, com mais intensidade, empresas sensíveis à curva. Locaweb ON tombava 7,29%, Via ON -7,77%, Americanas PN -6,37% e Magazine Luiza ON -6,55%. Azul PN e Gol PN, por sua vez, derretiam 9,56% e 12,65%, respectivamente, conforme o dólar volta a ganhar espaço ante o real e encarece as operações do setor.