Ibovespa em alta: bolsa pode bater novo recorde em 2024?

Ibovespa em alta deve ser tendência também em 2024, mesmo com a queda recente? Saiba qual patamar índice deve atingir neste ano

Ibovespa em alta em 2024? Saiba se a bolsa pode ter recorde renovado neste ano e o que esperar do principal índice da B3. Foto: Amanda Perobelli/Reuters
Ibovespa em alta em 2024? Saiba se a bolsa pode ter recorde renovado neste ano e o que esperar do principal índice da B3. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Em 2023, o Ibovespa atingiu a máxima histórica, aos 134.193,72 pontos no fechamento do dia 27 de dezembro. Agora, para 2024, a pergunta é se o Ibovespa em alta deve seguir como destaque no mercado de ações. E, se isso for verdade, qual será o novo recorde do Ibovespa.

Resumidamente, a perspectiva para todos os analistas ouvidos pela Inteligência Financeira é que haja novo recorde do Ibovespa em 2024 diante dos eventos que estão no horizonte.

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Veja até onde o Ibovespa pode chegar e os fatos que devem levar o índice a esse patamar.

Projeções: o que deve acontecer com Ibovespa em 2024?

A Inteligência Financeira consultou oito instituições que apontaram, na média, que o Ibovespa vai chegar a 148.874 pontos em 2024, o que significaria um novo recorde nominal e próximo da máxima histórica se descontada a inflação, que seria perto de 150 mil pontos.

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Veja as projeções

InstituiçãoProjeção máxima
Santander 160.000 pontos
Guide155.000 pontos
Banco Master150.000 pontos
CM Capital150.000 pontos
HCI Invest145.000 pontos
Aware Investiments145.000 pontos
Warren143.294 pontos
Genial142.700 pontos
MÉDIA148.874 pontos
Levantamento: Inteligência Financeira – Dados coletados entre os dias 15 e 17 de janeiro de 2024

Principais motores para o novo recorde

Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, “é bem possível imaginar o Ibovespa passando dos 140 mil e eventualmente indo para 150 mil se o cenário de queda de juros se concretizar aqui e lá fora”.

Nesse sentido, as bolsas dos EUA também estão sendo beneficiadas pelo corte de juros. Dow Jones e a Nasdaq chegaram no recorde em dezembro. Além disso, o S&P está apenas 2% abaixo da máxima de todos os tempos. Isso tudo cria um círculo virtuoso para ativos de risco por aqui.

“O forte rali em novembro e dezembro se deveu também à perspectiva de início de corte de juros conforme os indicadores de inflação (dos EUA) melhoraram, tanto CPI (ao consumidor) quanto PPI (à indústria)”, diz Gala, do Banco Master. Esse cenário deve se consolidar em 2024.

Além disso, o economista destaca “crescimento de PIB podendo chegar a 2% no Brasil, associado a um corte de juros e fluxo de capital, que deve apreciar a moeda brasileira”. Com isso, o índice pode ganhar novo fôlego.

Pedro Canto, analista da CM Capital, traz o passado como referência. Ele enxerga para 2024 movimento semelhante ao visto antes da pandemia, com o ciclo de corte de juros derrubou as taxas a 2% e apreciando os ativos de risco. À época, o Ibovespa saltou da casa dos 90 mil pontos para mais de 120 mil.

Mas esse cenário positivo para 2024, que deve registrar uma taxa de juro de 9% no melhor momento, está condicionado à manutenção de uma economia crescente e inflação cadente. Além disso, a pauta fiscal deve pesar bastante sobre a aceleração dos ativos de risco, “caso o governo consiga aumentar a arrecadação e cortar gastos”, diz Canto, que complementa: “Essa parte fiscal pode afetar a curva de juros e, consequentemente, o Ibovespa”.

Commodities perdem importância

Para Canto, os motores de crescimento do Ibovespa em 2024 devem ser diferentes dos observados em 2023, quando o setor de commodities puxou o índice, especialmente o petróleo, com destaque para a Petrobras.

Outro que compartilha dessa ideia de redução do impacto das commodities sobre a alta da bolsa é Frederico Nobre, líder da área de análise da Warren, com o petróleo aparentemente não registrando valorizações importantes, mesmo com as guerras no Oriente Médio. Além disso, o minério de ferro pode sofrer com as incertezas sobre o crescimento da China.  

“Olhando para o índice, as maiores contribuições devem vir de setores como financeiro, varejo, indústria e frigorífico, que podem contribuir especialmente para a bolsa este ano, mais do que no setor de commodities, que teve Petrobras como grande incentivadora em 2023. Este ano deve ser diferente”, avalia.  

Bolsa ainda descontada

Parte dos analistas destaca que, mesmo com a alta histórica de 2023, muitos ativos da bolsa ainda estão descontados. Isso significa que há empresas que estão com preço abaixo da sua média na B3.

“Quando analisamos o P/L (preço/lucro) atual em relação à média dos últimos 10 anos, existe, sim, espaço para o Ibovespa bater novos recordes”, avalia Raony Rossetti, CEO da Melver.

Da mesma maneira, Nobre, da Warren, enxerga uma “assimetria de preços” para os ativos da bolsa, “com valores ainda muito atrativos”. Além disso, ele destaca que “o Brasil está bem-posicionado entre os emergentes para absorver fluxo estrangeiro”, que deve emigrar dos títulos públicos americanos assim que os cortes de juros forem efetivados nos EUA. 

Nesse sentido, a Warren prevê o Ibovespa atingindo 136.784 pontos em meados de 2024 e fechando o ano no patamar de 143.294. No meio de 2025, o índice pode saltar para 150.113.

Altas devem ser retomadas em breve

Segundo Fabrício Voigt, da Aware Investments, com a estabilização da inflação e perspectiva de queda dos juros, a correção deve vir rapidamente. “Há um processo de antecipação do futuro, que inclui formar mais posições em renda variável para manter os retornos em níveis mais altos para os próximos meses.”

Ou seja, a alta do Ibovespa deve acontecer mesmo antes dos movimentos de queda de juros no exterior. Assim, a bolsa deve voltar mais rápido que o imaginado, mesmo com a queda abrupta dos últimos dias.

Segundo Voigt, a bolsa tem condições de atingir até 145 mil pontos até o final do ano. “Não estamos falando apenas em atingir esse patamar e depois retornar para números inferiores, mas, sim, manter esses números”, completa.

Explicação para a queda no começo de 2024

O último dado de inflação dos Estados Unidos esfriou o mercado e sugeriu corte de juros mais distante que o esperado. “A gente imaginava que os EUA teriam queda dos juros em março, agora, isso deve acontecer só no segundo semestre”. A projeção é de Lucas Fiorelli, sócio da HCI Invest.

Isso tem impactado negativamente os ativos de risco e deixam os investidores ainda posicionados na renda fixa americana. Por isso, o fluxo para as bolsas pelo mundo está contido, especialmente para mercados emergentes, onde os riscos são maiores.

Por que a bolsa subiu em 2023?

A queda dos yields (rendimentos dos títulos americanos) foi um dos fatores para a alta recorde do Ibovespa em 2023. Os títulos bateram 5% até outubro, quando passaram a cair. “Juros de 10 anos nos EUA são tidos como livre de risco. Portanto, se ele fica mais barato, tem um desdobramento para todos os mercados”, explica Canto. E foi o que aconteceu.

“Em meados de outubro, os rendimentos caíram de 5% para 4%. Isso beneficiou enormemente os mercados americanos e globais, e o Brasil pegou carona”, complementa o analista da CM. Isso foi impulsionado pelo discurso do Fed em dezembro, que indicou redução nos juros para o primeiro trimestre deste ano.

Além disso, os preços dos ativos em bolsa no Brasil após a pandemia estiveram com seus preços reduzidos. “Por outro lado, tivemos muitas dúvidas em relação à trajetória fiscal que o Brasil iria percorrer dado o endividamento elevado”, destaca Voigt.

Nesse sentido, também pesaram favoravelmente à bolsa fatores locais. Raony Rossetti, CEO da Melver, destaca “a trajetória de queda da Selic e a inflação mais controlada” como grandes fatores internos.

Volatilidade pode render ganhos extras

Para Fiorelli, da HCI, este ano deve ter volatilidade no Ibovespa por causa de eleições presidenciais nos Estados Unidos e municipais no Brasil. Dado que instabilidades políticas sempre incidem em incertezas do ponto de vista econômico.

Além disso, ano de eleição envolve aumento de gastos públicos. “O governo precisa apresentar um plano de controle desses gastos eleitorais para acelerar a queda de juros”, destaca.

Por outro lado, essa instabilidade pode render ganhos maiores, diz Rossetti. Quem investe em opções “não precisa que o mercado valorize para auferir lucros, podendo lucrar na queda”.

Portanto, “é mais relevante a expectativa de volatilidade do índice do que o valor dele em si”, detalha o CEO da Melver. Ele vê o índice descendo a 115 mil pontos, na pior das hipóteses, e subindo a 145 mil pontos no cenário mais promissor.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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