Após tarifaço de Trump, dólar cai 1,23% e vai a R$ 5,62, menor valor desde outubro passado; Ibovespa resiste e fecha estável
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Na contramão das fortes perdas registradas em Wall Street na ressaca do “tarifaço” anunciado ontem pelo presidente Donald Trump, o Ibovespa mostrou resiliência e fechou perto da estabilidade na sessão desta quinta-feira, com uma queda de 0,04%, aos 131.141 pontos.
O pregão foi de forte volatilidade e o índice chegou a oscilar entre os 130.182 pontos e os 132.552 pontos.
Ibovespa hoje
Segundo operadores, a resiliência do Ibovespa pode ter sido impulsionada pelo fato de que a tarifa a ser cobrada sobre os produtos importados do Brasil será o piso, de 10%, o que será menor do que outros países, como China e União Europeia.
O pregão também foi de queda dos juros futuros, o que ajudou ações domésticas, como Magazine Luiza (+5,45%) e Iguatemi (+5,12).
Também cresceu a visão de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) fará quatro cortes até dezembro, o que poderia levar os juros nos EUA para a faixa entre 3,25% e 3,50%.
Preocupações em torno de uma recessão nos Estados Unidos e de uma desaceleração da economia global, em virtude das tarifas agressivas impostas por Trump, pressionaram os preços de commodities, o que atingiu em cheio ações como Vale e Petrobras.
As PN da petroleira fecharam em queda de 3,23%, enquanto as ON recuaram 3,53%. Já os papéis da Vale caíram 3,62%.
Outras blue chips ajudaram a limitar as perdas no Ibovespa, caso dos papéis PN do Bradesco, que subiram 1,92%.
O volume financeiro negociado no índice foi bem mais alto do que a média das últimas sessões e chegou a R$ 21,0 bilhões. Já na B3, o giro financeiro alcançou R$ 28,2 bilhões.
Dólar hoje
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O dólar à vista despencou frente ao real na sessão desta quinta-feira, em linha com o movimento global de depreciação da moeda americana, atingindo o menor patamar desde 14 de outubro do ano passado. As medidas tarifárias adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trouxeram em um primeiro momento um viés baixista para o dólar.
A sessão também foi marcada por dados mais fracos do setor de serviços americano, que corroboraram a perspectiva mais pessimista em torno da atividade econômica do país.
Terminadas as negociações, o dólar à vista encerrou em queda de 1,23%, cotado a R$ 5,6285, depois de ter tocado a mínima de R$ 5,5930 e a máxima de R$ 5,6443.
Enquanto isso, o euro comercial avançou 0,35%, a R$ 6,2046.
No exterior, perto do fechamento, o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, caía 1,61%, aos 102,140 pontos.
Bolsas de Nova York
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O índice S&P 500 registrou seu pior desempenho diário desde junho de 2020 nesta quinta-feira (03), enquanto as demais bolsas de Nova York despencaram no pregão de hoje.
Os agentes financeiros digeriram o anúncio de tarifas ‘recíprocas’ do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vieram acima do esperado.
No fechamento, o índice Dow Jones cedeu 3,98%, aos 40.545,93 pontos, enquanto o S&P 500 registrou queda de 4,84%, aos 5.396,52 pontos.
A maior desvalorização entre as bolsas foi a do Nasdaq, que despencou 5,97%, aos 16.550,60 pontos.
No dia, os setores mais prejudicados foram os de energia (-7,51%) e tecnologia (-6,86%). Apenas o setor de consumo básico terminou no positivo (0,69%).
As ações de empresas de tecnologia foram o destaque negativo, especialmente para os ativos da Apple (-9,32%), Tesla (-5,47%), Meta (-8,96%), Amazon (-8,98%) e Nvidia (-7,77%).
O Brasil foi taxado em 10% pelos Estados Unidos, mesmo valor aplicado para países como Reino Unido e Austrália. A China será taxada em 34%, e a União Europeia (UE), em 20%. Considerando a taxa existente de 20% relacionada ao tráfico de fentanil, a China deve enfrentar uma tarifa total de 54%.
As tarifas ‘recíprocas’ de Trump se mostraram mais punitivas do que o esperado pelos economistas do Deutsche Bank, liderados por Matthew Luzzetti.
Segundo as estimativas do banco, caso a nova política comercial dos Estados Unidos seja aplicada por um período significativo, a tarifa geral do país poderia aumentar para a faixa de 25% a 30% — os níveis mais altos desde a década de 1930.
“Embora ainda não tenhamos revisado formalmente nossas previsões para a economia dos EUA, as mais recentes ações comerciais se enquadram em nosso cenário de crescimento pessimista”, disseram.
A nova política tarifária poderá reduzir o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA de 1 a 1,5 pontos percentuais, aumentando significativamente os riscos de recessão, além de adicionar uma quantia semelhante à inflação do núcleo do PCE, acrescentaram os economistas.
Bolsas da Europa
Os principais índices de ações da Europa tiveram forte queda nesta quinta-feira (3), após o presidente americano Donald Trump anunciar um pacote de tarifas aos parceiros comerciais dos Estados Unidos, o que incluiu uma alíquota de 20% sobre a União Europeia (UE), além de tarifas específicas a produtos como automóveis.
No fechamento, o índice Stoxx 600 anotou perda de 2,67%, aos 522,59 pontos, em sua maior queda desde agosto do ano passado.
O FTSE 100, da Bolsa de Londres, recuou 1,55%, aos 8.474,74 pontos, o DAX, de Frankfurt, cedeu 3,01%, aos 21.717,39 pontos, e o CAC 40, de Paris, caiu 3,31%, aos 7.598,98 pontos.
O índice Stoxx de bancos, que esteve em destaque no rali das bolsas europeias no começo do ano, recuou 4,62%, e o índice Stoxx do setor de automóveis e fabricantes de autopeças teve queda de 3,82%.
Investidores estão preocupados com a incerteza e a escalada de tensões após o anúncio das tarifas, especialmente com a França e a Alemanha demonstrando que são a favor de uma retaliação mais agressiva.
O Citi vê que, com uma tarifa de 20%, o choque negativo para o crescimento da União Europeia pode ser muito maior do que o esperado, com possibilidade de chegar 1 ponto percentual, dizem analistas, em relatório. Para o banco, a incerteza deve aumentar, e não diminuir, pesando ainda mais sobre o crescimento.
“O choque negativo na demanda e o provável excesso de oferta global reforçam nossa visão de que as tarifas dos EUA terão um efeito desinflacionário líquido sobre a Europa, mesmo se houver retaliação”, escrevem os analistas do banco. “O único fator inflacionário possível seria a desvalorização do euro, que normalmente acompanha aumentos tarifários, mas isso ainda não está se materializando.”
Por conta disso, mesmo com os recentes estímulos fiscais da Alemanha e da UE, o Citi avalia que o Banco Central Europeu (BCE) deve continuar tendo espaço para reduzir as taxas de juros, inclusive na próxima reunião, em abril.
Com informações do Valor Econômico
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