Recuo de Trump, que limita tarifaço por 90 dias, faz Ibovespa disparar 3% e dólar despencar 2,54%, cotado a R$ 5,84
- O recuo de Trump nas tarifas comerciais gerou alta de 3,12% no Ibovespa, atingindo 127.796 pontos.
- Ações da Vale e Petrobras se recuperaram após perdas da semana passada.
- Dólar despencou 2,54%, cotado a R$ 5,84, após alta inicial.
- Bolsas de Nova York registraram fortes altas, com o S&P 500 tendo sua maior valorização desde 2008.
- Bolsas europeias fecharam em queda antes do anúncio de Trump.
- Analistas do Citi apontam incerteza apesar da pausa nas tarifas.
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A pausa nas tarifas retaliatórias pelos Estados Unidos provocou um forte movimento de recuperação do Ibovespa nesta quarta-feira (9).
O Ibovespa avançou 3,12%, aos 127.796 pontos, ainda afastado da máxima de 128.649 pontos, enquanto a mínima foi de 122.887 pontos.
Ibovespa hoje
Assim, o índice registrou uma alta generalizada nas ações, com destaque para os papéis de Vale e Petrobras, que conseguiram recuperar parte das perdas acumuladas desde o anúncio do tarifaço na semana passada.
O giro financeiro do índice foi de R$ 27,6 bilhões e de R$ 35 bilhões na B3 (até as 17h15).
Dólar hoje
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O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira em forte queda frente ao real, superior a 2,5%, em uma sessão marcada pela volatilidade bastante elevada e pelas mudanças no cenário global em termos das tarifas americanas.
Enquanto pela manhã o mau humor com a escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China levava o dólar para o quarto pregão seguido de valorização frente ao real, na parte da tarde, houve uma reversão, com o anúncio de uma pausa de 90 dias sobre as tarifas recíprocas, com exceção da China.
Nesse movimento brusco, o dólar chegou a bater a mínima de R$ 5,8292 e a encostar na máxima de R$ 6,0961.
Terminadas as negociações, o dólar registrou queda de 2,54%, cotado a R$ 5,8452, enquanto o euro comercial exibiu depreciação forte de 2,72%, a R$ 6,3924.
Pela manhã o real apresentava o segundo pior desempenho, enquanto no fim da sessão, a moeda brasileira tinha uma das cinco melhores performances.
No exterior, o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, apreciava 0,07%, aos 103,037 pontos.
O maior apetite ao risco fez com que investidores migrassem de divisas seguras (iene japonês e franco suíço) para outras moedas mais arriscadas, o que pode explicar a melhora do DXY.
Bolsas de Nova York
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Em um dia marcado pela volatilidade nos mercados acionários e turbulência nos Treasuries, as bolsas de Nova York operaram no positivo ou próximas à estabilidade desde o início do pregão.
Após o anúncio de Donald Trump de que os Estados Unidos irão interromper por 90 dias a aplicação das tarifas recíprocas, com exceção à China, as bolsas de Nova York subiram mais de 7%, com o S&P 500 registrando sua maior valorização desde 2008.
No fechamento, o índice Dow Jones subia 7,87%, aos 40.608,45 pontos, enquanto o S&P 500 avançava 9,51%, aos 5.456,80 pontos. O Nasdaq teve a maior valorização do dia, de 12,16%, aos 17.124,97 pontos.
O setor de tecnologia (14,15%) registrava o melhor desempenho nas bolsas desde o início do pregão e disparou após o anúncio de Trump.
Dentre os destaques, pode-se mencionar as ações da Tesla (8,59%) e das fabricantes de chips Arm (24,2%) e Nvidia (18,72%).
No setor financeiro, os melhores desempenhos foram do J.P. Morgan (7,99%) e do Goldman Sachs (11,82%).
No entanto, na contramão da euforia do mercado, os analistas do Citi apontam que pausar as tarifas recíprocas, excluindo a China, não significa que a economia dos EUA tenha evitado uma desaceleração. A incerteza no comércio continuará.
O Citi também continua a esperar que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) corte as taxas de juros em maio ou junho.
Bolsas da Europa
Os principais índices de ações da Europa fecharam em queda nesta quarta-feira, com a escalada nas tensões comerciais, após a China anunciar um aumento nas tarifas sobre produtos importados dos Estados Unidos, para 84%, mas antes de Donald Trump anunciar a limitação, por 90 dias, do tarifaço dos EUA a uma taxa de 10% para os países que não impuseram taxas retaliatórias.
Além disso, até o fechamento das bolsas europeias, a própria União Europeia (UE) havia decidido impor tarifas de 25% sobre produtos americanos, decisão que foi revertida após o recuo de Trump.
No fechamento, o índice Stoxx 600 teve queda de 3,51%, aos 469,84 pontos. O FTSE 100, da Bolsa de Londres, recuou 2,92%, aos 7.679,48 pontos, e o DAX, de Frankfurt, cedeu 3%, aos 19.670,88 pontos. O CAC 40, de Paris, caiu 3,34%, aos 6.863,02 pontos.
Entre as ações, as farmacêuticas estiveram entre as maiores perdas, após o presidente Donald Trump dizer que estava planejando impor tarifas sobre medicamentos importados, que atualmente são isentos. A Novo Nordisk teve queda de 6,93%, a Roche recuou 5,68% e a Novartis cedeu 6,87%.
Na visão do Deutsche Bank, a direção do mercado agora deve depender amplamente de, se, quando e em que magnitude o governo americano pode seguir com a guerra comercial ou diminuir as tensões. Para os analistas, a incerteza em torno dessas questões ainda é muito alta.
“O presidente dos EUA vem há muito tempo destacando a importância de reduzir as ‘práticas comerciais injustas’. Isso deixa, provavelmente, apenas uma pequena chance de que as tarifas anunciadas permaneçam em vigor no longo prazo”,
Por outro lado, ainda é difícil dizer em que escala isso aconteceria, embora o cenário-base do banco seja de que a pressão sobre o governo dos EUA para fechar acordos rapidamente deve continuar a crescer. “A recente correção do mercado deve acrescentar mais pressão”, destacam.
Com informações do Valor Econômico
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