Em dia sem catalisadores para os negócios, investidor ajusta carteira de olho nos juros
Nas últimas quatro sessões, sem quebras, o Ibovespa tem basicamente devolvido o que acumula no dia precedente, com a linha de 117 mil pontos prevalecendo na maioria dos fechamentos desde o último dia 10
Diante da agenda esvaziada de indicadores, do recesso parlamentar e do período de férias no Hemisfério Norte, o investidor brasileiro busca inspiração nas apostas para a Selic para a montagem de posições vendidas, o chamado ‘short selling’. A posição vendida é uma estratégia utilizada quando o investidor espera que o preço do ativo vá cair. “A cada dia que passa o corte (da taxa básica de juros, a Selic) vai ficando mais próximo e o mercado vai operando em cima disso”, resume o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz.
Há no mercado maior convicção de que a Selic começará a ser reduzida na próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 1 e 2 de agosto. A magnitude do corte da Selic, no entanto, suscita dúvidas. As estimativas estão em torno de 0,25 ponto porcentual e 0,50 ponto.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
A perspectiva de juros mais baixos ao longo do segundo semestre vinha induzindo, especialmente em junho, uma recuperação de preços dos ativos em Bolsa. Mas o gás da retomada tem se mostrado mais curto desde a virada para julho, mês em que, até aqui, o Ibovespa tem aparado um pouco do avanço de 9% que havia acumulado no anterior.
Nas últimas quatro sessões, sem quebras, o Ibovespa tem basicamente devolvido o que acumula no dia precedente, com a linha de 117 mil pontos prevalecendo na maioria dos fechamentos desde o último dia 10, após ter sustentado os 119 mil pontos entre 3 e 5 de julho.
Olhando para o dólar, o chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, afirma que a moeda americana tem oscilado em margem estreita nos últimos quatro dias, sem um fator que canalize movimentos. Segundo ele, a tendência é que o mercado continue observando dados dos EUA, em busca de pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve, o banco central dos EUA. O Fed anuncia sua decisão de juros na próxima quarta-feira (26). Os analistas de mercado nos EUA estimam que o Fed suba as taxas de juros em 25 pontos-base ao final de uma reunião de dois dias em 26 de julho, de acordo com o CME Group, empresa de análise de mercados.
Agenda
- 08h: Monitor do PIB de maio da FGV
- 06h: Índice de preços ao consumidor de junho na zona do euro
Mercado ontem
Em dia com poucos catalisadores para os negócios, o Ibovespa se acomodou um pouco abaixo dos 118 mil pontos, em recuo de 0,32% no fechamento da sessão, em que oscilou dos 117.324,10 aos 118.731,86, da mínima à máxima do dia, e encerrou aos 117.841,19, devolvendo boa parte do leve ganho do dia anterior.
“O Ibovespa apresentou pequena queda, enquanto o dólar operou de forma estável na sessão (de terça, 18). O principal índice da B3 esteve em equilíbrio entre o desempenho mais fraco das ações relacionadas a commodities e o avanço de parte dos papéis associados à economia local”, diz Carlos Honorato, professor da FIA Business School, que chama atenção para a perda de vigor da economia chinesa, a que a B3 tem forte exposição pelo peso das ações de matérias primas na composição do Ibovespa.
“Dificuldades na segunda maior economia do mundo colocarão mais pressão sobre o crescimento global. A economia da China perdeu ritmo no segundo trimestre devido à queda das exportações, ao baixo desempenho das vendas no varejo e a um setor imobiliário estagnado”, acrescenta Honorato.
Além disso, o desempenho majoritariamente negativo dos grandes bancos (Itaú perdeu -1,94%, ITUB4) tirou o suporte que havia assegurado na segunda-feira (17) ao Ibovespa, em sessão mais uma vez desfavorável, ainda que levemente, às ações de commodities. A Vale (VALE) caiu -0,63%; Petrobras (PETR3) perdeu -0,86% e sua preferencial (PETR4), caiu -0,55%.
Na ponta do índice, destaque da terça-feira para Yduqs (+7,11%), Pão de Açúcar (+4,80%), Alpargatas (+4,04%), Cogna (+3,76%) e Prio (+2,83%).
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam em alta na terça-feira (18), marcada por ganhos expressivos de ações do setor financeiro, na esteira da divulgação de resultados trimestrais do Morgan Stanley e Bank of America melhores que o esperado.
A Microsoft também se destacou no pregão em Nova York, após anúncio de parceria com a Meta em inteligência artificial (IA). Com o rali, o índice Dow Jones concluiu a sétima sessão consecutiva de alta pela primeira vez desde março de 2021, e fechou no seu maior nível em 15 meses.
O índice Dow Jones fechou com avanço de 1,06%, a 34.951,93 pontos; o S&P 500 ganhou 0,71%, a 4.554,98 pontos; e o Nasdaq subiu 0,76% a 14.353,64 pontos.
As ações dos bancos Morgan Stanley e Bank of America subiram 6,45% e 4,42%, respectivamente. Os bancos Goldman Sachs (3,08%), Wells Fargo (1,92%) e Citi (1,64%) também avançaram. O setor financeiro foi o segundo com melhor desempenho entre os 11 setores do S&P 500, atrás apenas do de tecnologia.
“Os balanços corporativos nos Estados Unidos têm dado uma ideia da direção da economia americana, e o lucro do Bank of America no segundo trimestre foi, de certa forma, um fator de alívio, inclusive para quem espera que os juros americanos fiquem entre 5% e 5,25% no ano”, diz Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos.
Nos Estados Unidos, o mercado aguarda com expectativa os balanços da Tesla de da Netflix.
Com informações do Estadão Conteúdo