Investidor mantém cautela à medida que Ibovespa volta ao positivo

Principal índice da bolsa zera as perdas do mês, faltando agora 4 pontos para igualar o encerramento de junho, mas mercado aguarda mesmo as decisões de juros do Fed e Copom

Dólar e Ibovespa: veja o comportamento do câmbio e do principal índice da bolsa no pregão de hoje - Foto: B3 / Divulgação
Dólar e Ibovespa: veja o comportamento do câmbio e do principal índice da bolsa no pregão de hoje - Foto: B3 / Divulgação

O Ibovespa luta nesta sexta-feira (21) para encerrar a semana no positivo, depois de praticamente zerar as perdas do mês no dia de ontem. O pregão desta sexta deve espelhar a pouca disponibilidade de vetores globais – ou seja, catalisadores como indicadores econômicos – que movimentem as negociações.  

“O mercado tem estado um pouco mais de lado, com o recesso parlamentar e a expectativa pelo início de cortes da Selic. Depois do rali de otimismo em junho, os ativos têm oscilado pouco”, diz Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos. “Outro ponto relevante para os ativos será o ritmo de redução da Selic, que deve se iniciar agora, em agosto”, acrescenta o analista, observando que o começo da temporada de balanços trimestrais no Brasil, à medida que deslanchar, tende a trazer também um pouco mais de oscilação de preços às ações listadas na B3.

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Passados dois terços de julho, o Ibovespa ensaiou igualar e superar, com algum esforço perto do fim da sessão de quinta-feira (20), o ponto em que havia concluído junho, mês em que saltou 9%, no que foi seu melhor desempenho desde dezembro de 2020. No fechamento de 30 de junho, o índice de referência da B3 marcava 118.087,00 pontos, e chegou a tocar e reter o nível de 119 mil nas três sessões seguintes, na abertura de julho. De lá para cá, contudo, perdeu fôlego, especialmente depois do dia 13, quando ainda flertava com acúmulo de ganhos no mês.

Na virada da primeira para a segunda quinzena, passou a alternar avanços e recuos proporcionais, sem força para estender o ciclo de alta, tampouco inclinação por realizar lucros. Assim, na quinta-feira (20), após duas leves perdas, o Ibovespa subiu 0,45%, aos 118.082,90 pontos. Na semana, o Ibovespa volta ao positivo (+0,32%) no intervalo, e praticamente zera as perdas do mês, faltando agora 4 pontos para igualar o encerramento de junho – no ano, o índice sobe 7,61%. O giro financeiro se manteve fraco na sessão de quinta, como nas anteriores na semana, a R$ 20,5 bilhões.

Bolsas da Ásia fecham mistas

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta sexta (21), após novos dados de inflação do Japão e em meio a expectativas de possíveis novos estímulos durante reunião de líderes na China.

O japonês Nikkei caiu 0,57% em Tóquio, a 32.304,25 pontos, com quedas em ações de chips e de outros eletrônicos, enquanto o Hang Seng avançou 0,78% em Hong Kong, a 19.075,26 pontos, o sul-coreano Kospi subiu 0,37% em Seul, a 2.609,86 pontos, e o Taiex recuou 0,78% em Taiwan, a 17.030,70 pontos.

A semana na China começou com dados mostrando que a segunda maior economia do mundo cresceu bem menos do que o esperado no segundo trimestre. Até o fim de julho, a atenção vai se voltar para uma reunião do Politburo do Partido Comunista chinês, durante a qual novas medidas de estímulo poderão ser definidas. Nesta sexta, o principal órgão de planejamento do país anunciou uma série de medidas para impulsionar o consumo de carros e eletrônicos.

Investidores na Ásia também digerem os últimos números da inflação ao consumidor (CPI) do Japão. A taxa anual do CPI japonês avançou para 3,3% em junho, de 3,2% em maio, tanto na leitura do índice cheio quanto do núcleo, que é observado mais de perto.

A meta de inflação do Banco do Japão (BoJ) é de 2%.

Mercado ontem

Depois de duas quedas seguidas, a bolsa brasileira recuperou-se nesta quinta-feira (20) e terminou o dia subindo 0,45%. Com a alta, o Ibovespa retomou por pouco o patamar dos 118 mil pontos, encerrando o pregão no patamar de 118.082. O desempenho do principal índice da bolsa não deixa de ser motivo para comemoração, tendo em vista que o fechamento das bolsas de Nova York foi misto na quinta-feira (20), e especialmente negativo para o índice Nasdaq, que reúne as empresas de tecnologia, com a má recepção aos resultados trimestrais de Tesla e Netflix. Também no front externo, a decisão do BC da China de manter a taxa de juros de longo prazo não impediu o dia favorável às ações de commodities na B3, de grande exposição à demanda do país asiático.

Bolsas NY

Os três principais índices acionários de Nova York fecharam sem direção única nesta quinta (20), após a decepção com os balanços de Netflix e Tesla agravar uma onda de vendas de papéis de tecnologia. Assim, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,47%, a 35.225,18 pontos, puxado por J&J (+6,07%) e Goldman Sachs (+3,03%). Com isso, o índice acumula nove ganhos consecutivos de ganhos pela primeira vez desde 2017, de acordo com a CNBC. Por outro lado, o S&P 500 perdeu 0,68%, a 4.534,87 pontos, enquanto o Nasdaq cedeu 2,05% a 14.063,31 pontos.

A ação da Netflix recuou 8,41%, depois que a empresa informou receita que frustrou expectativas do mercado, embora a base de assinantes e o lucro tenham crescido na comparação anual do segundo trimestre. Também em destaque negativo no pregão, Tesla perdeu 9,74%, à medida que as perspectivas de cortes de preços ofuscaram o avanço de ganhos e receitas.

Dólar

O dólar à vista avançou 0,36% em relação ao real, a R$ 4,8029, refletindo o aumento da chance de um aperto monetário maior por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) após dados mais fortes do mercado de trabalho americano, que mostraram uma inesperada queda dos pedidos de auxílio desemprego nos EUA. O dado mostrou queda de pedidos da ordem de 228 mil na semana encerrada em 15 de julho – um nível menor do que indicava o consenso de analistas consultados pela FactSet, de 241 mil solicitações. A leitura do mercado é que os números mostram um mercado de trabalho resiliente e fortalecem a chance de mais altas de juros pelo Fed.

“Os números do seguro-desemprego vieram menores do que o esperado, e a leitura do mercado é que isso pode influenciar a decisão do Fed da próxima semana”, explica o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. “Com a liquidez mais baixa devido às férias, esse tipo de acontecimento gera oscilações um pouco mais bruscas.”

A reunião de juros do Fed acontece na próxima semana e será anunciada no dia 26 de julho.

Com informações do Estadão Conteúdo

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