Mercado hoje: Ibovespa tem pior pregão em 12 meses e dólar dispara 4,10%

Índice volta a ficar abaixo dos 110 mil pontos; dólar tem maior alta diária desde março de 2020

Agente financeiro acompanha desempenho de ativos na B3, a bolsa brasileira. Foto: Amanda Perobelli/Reuters
Agente financeiro acompanha desempenho de ativos na B3, a bolsa brasileira. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Os ativos brasileiros voltaram a exibir um desempenho pior nesta quinta-feira, enquanto os agentes financeiros se mostraram atentos a um discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A aversão ao risco se intensificou consideravelmente, na medida em que Lula reforçou que o novo governo terá mais gastos.

O dólar foi às máximas do dia, encerrando a sessão em alta de 4,10%, a R$ 5,3942. Enquanto isso, o Ibovespa caía com força, especialmente após declarações de Lula relativas à área econômica.

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Além disso, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin anunciou novos nomes para a equipe de transição. A indicação do ex-ministro Guido Mantega para um dos grupos da transição agravou o mau humor entre os participantes do mercado.

O Ibovespa caiu 3,35%, aos 119.775 pontos. Foi o pior pregão desde 26 de novembro de 2021, quando o índice caiu 3,39%.

Este é o menor patamar de fechamento desde o dia 29 de setembro deste ano, quando o Ibovespa encerrou aos 107.664 pontos.

A última vez que o índice negociou neste patamar foi em 30 de setembro. Entre as estatais, Petrobras ON e PN recuavam 1,80% e 3,01%, respectivamente. Lula afirmou que Caixa e Banco do Brasil não serão privatizados, e que a Petrobras não será fatiada.

“Porque as pessoas são obrigadas a sofrer para garantir a tal da responsabilidade fiscal deste país? Por que toda hora falam que é preciso cortar gastos, é preciso fazer superávit, é preciso cumprir teto de gastos?”, questionou Lula, durante o discurso. “Vamos mudar alguns conceitos, muitas coisas consideradas como gasto, temos que passar a considerar em investimento”, acrescentou o presidente eleito.

E o Bradesco depois da pior queda desde 1995?

As ações ordinárias do Bradesco tiveram as piores quedas desde o início do Plano Real, com perdas de 16,01%. As preferenciais foram ainda pior, com baixa de 17,38% no pregão da quarta-feira (9), a segunda pior queda para os papéis desde 1995. Em setembro de 1998, as preferenciais do Bradesco perderam 19,49% em apenas uma sessão, segundo levantamento feito pela TradeMap e divulgado pelo G1.

Os resultados negativos do Bradesco na Bolsa sucederam a divulgação do balanço do banco, que teve lucro aquém do esperado. Os resultados estiveram relacionados à exposição do banco às classes C, D e E e à condição de aumento do endividamento dessas faixas da população, entre outros fatores.

Por volta das 16h15 desta quinta, as ações registravam nova queda, com as preferenciais (BBDC4) caindo 2,02%, e as ordinárias (BBDC3), com queda de 2,79%.

Banco do Brasil após balanço

Na noite de quarta, o Banco do Brasil também divulgou seus resultados, com números positivos. O banco teve uma alta de 75,7% no lucro líquido em relação a igual período de 2021.

Em relatório, o banco atribuiu os resultados a fatores como “o crescimento da carteira de crédito com mix que apresenta um melhor retorno ajustado ao risco; a continuidade da diversificação na linha de serviços, que começa a refletir a monetização de novos modelos de negócios; a disciplina constante na gestão de custos; e a sólida posição de capital”.

O consignado ajudou a levantar o bom resultado da carteira de crédito do banco, que teve um aumento de 31,5% na comparação anual, e de 3,4% na relação trimestral.

As ações do banco caíam 3,08% por volta das 16h15.

IPCA

A inflação oficial brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,59% em outubro, após recuo de 0,29% em setembro. Com a alta, o IPCA interrompe uma sequência de três meses seguidos de deflação (-0,68% em julho, -0,36% em agosto e -0,29% em setembro).

As informações foram divulgadas há pouco pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em outubro de 2021, o IPCA teve alta de 1,25%.

Já o resultado acumulado em 12 meses atingiu a marca de 6,47%, ante 7,17% no dado até setembro. É o menor resultado acumulado em 12 meses desde março de 2021 (6,10%). Antes disso, o resultado acumulado em doze meses permaneceu em dois dígitos entre setembro de 2021 (10,25%) e julho de 2022 (10,07%). Considerando os meses de janeiro a outubro, a alta do IPCA foi de 4,70% em 2022.

A taxa de 0,59% em outubro de 2022 ficou acima da mediana das projeções de 43 instituições financeiras e consultorias, ouvidas pelo Valor Data, de alta de 0,49%.

EUA

Nos Estados Unidos, após a terça-feira de eleições (8) e os resultados das urnas ainda sendo consolidados, já se tem uma certeza, afirmam os analistas de política: o controle do Congresso ainda está no ar. Uma segunda certeza, olhando os números divulgados até o momento sobre as eleições: os ganhos republicanos até agora têm sido menores do que a “onda vermelha” prevista pelo partido.

Nesta quinta, os Estados Unidos divulgaram o CPI, indicador que aponta a situação da inflação no país, dado fundamental para o Fed operar sua política de juros.

Em patamar abaixo do esperado, o índice contribui para o sentimento de desaceleração do aperto monetário e devem ajudar as bolsas americanas nesta quinta.

Segundo o Departamento de Trabalho americano, o CPI avançou 0,4% em outubro, no mesmo ritmo que o avanço de setembro. A expectativa dos economistas consultados pelo “The Wall Street Journal”, porém, era de avanço de 0,6%. 

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