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Mercado hoje: Ibovespa cai 4,34% na semana e fecha no menor patamar desde agosto; dólar cede
O Ibovespa encerrou a sessão desta sexta-feira (e a semana) em queda, refletindo temores internos e externos. Além das indefinições fiscais locais, que se mantêm elevadas enquanto agentes monitoram temas como a PEC da transição, investidores globais temem cada vez mais uma recessão nos Estados Unidos, o que limita o apetite por riscos. A sessão marcou ainda o vencimento de opções sobre ações.
O Ibovespa caiu 0,85%, aos 102.856 pontos, menor patamar de fechamento desde o pregão do dia 1º de agosto quando o índice encerrou na faixa dos 102.225 pontos. Na semana, o Ibovespa cedeu 4,34%, pressionado principalmente pelos fatores locais.
O novo governo precisa encontrar uma solução que permita o pagamento de auxílios que foram prometidos durante as eleições, mas não totalmente orçados pelo incumbente Jair Bolsonaro. A aprovação da PEC de Transição (proposta de emenda constitucional) para aumentar o teto de gastos em R$ 145 bilhões nos próximos dois anos provavelmente dará certo. Levando isso em consideração, bem como a incerteza quanto à próxima regra fiscal, temos motivos suficientes para rebaixar ainda mais nossas expectativas para as contas fiscais do ano que vem”, escreveram analistas do Bank of America.
Essa piora reflete na curva de juros, que afeta diretamente os setores da bolsa mais ligados à economia local. Não por acaso, entre as maiores quedas do dia, Magazine Luiza ON perdeu 8,85%, Americanas ON recuou 7,89% e Via ON caiu 5,45%. Entre as blue chips, Vale ON -1,71%, Petrobras ON e PN +0,28% e +0,05%, respectivamente, Itaú PN +1,11%, Bradesco PN -0,14% e Banco do Brasil ON +2,03%.
Em Nova York, no fim da sessão, o referencial local registrou queda de 0,85%, aos 102.855 pontos, acumulando perdas de 4,34% na semana. Na mínima intradiária, o índice à vista tocou os 102.248 pontos, e, na máxima, os 104.018 pontos. Em Nova York, o S&P 500 caiu 1,11%, aos 3.852 pontos, Dow Jones fechou em queda de 0,85%, aos 32.920 pontos e Nasdaq oscilou negativamente em 0,97%, aos 10.705 pontos.
As bolsas asiáticas fecharam no vermelho e a Europa segue pelo mesmo caminho.
Dólar fecha sessão em queda
O dólar terminou as negociações de hoje em território negativo, em sessão de agenda fraca no país e com o investidor aguardando os desdobramentos da PEC da Transição que ficou para ser discutida na semana que vem na Câmara dos Deputados. No acumulado da semana, divisa americana terminou com ganhos de 0,93%.
PEC da Transição
A votação da PEC da Transição na Câmara dos Deputados agora acontece a partir da próxima terça-feira (20), conforme o presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL).
O Congresso quer esperar até que o STF decida sobre as emendas de relator antes de votar projetos relevantes do governo eleito. Dependendo da decisão da corte, pode haver inclusão no texto da PEC de uma forma para os parlamentares enviarem recursos para suas bases.
Emendas do relator
O STF deve voltar a julgar as emendas de relator, o orçamento secreto, na segunda-feira (19). Até ontem, cinco ministros haviam votado para derrubar a destinação dessas emendas para criação de novas despesas, limitando o uso do recurso para correção de erros técnicos ou recomposição de dotações canceladas.
Faltam os votos dos ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) pautou a votação de projeto para que as emendas de relator sejam mantidas com nova regra. Ontem, Pacheco afirmou que as mudanças na Lei das Estatais podem não ser votadas este ano, o que ajudou os ativos brasileiros, em especial as ações de empresas públicas.
Congresso tenta dar o tom das mudanças no Orçamento
Em meio à pressão para que o Supremo Tribunal Federal (STF) não considere o orçamento secreto inconstitucional, o Congresso Nacional aprovou nesta sexta-feira, em sessão conjunta, um projeto que institui novos critérios de distribuição das chamadas emendas de relator, buscando dar ele o tom para mudanças no Orçamento, buscando antecipar o STF.
Segundo o texto aprovado, 80% do valor reservado à rubrica RP-9 (emenda de relator) passaria a ser distribuído de forma proporcional à representação dos partidos no Congresso.
Com o novo regramento, por exemplo, deixa de existir a indicação de emendas por “usuário externo”, artifício criado para esconder os reais beneficiários dos recursos. Neste sentido, apenas os parlamentares serão responsáveis pelas emendas de relator.
No Congresso, a falta de um desfecho no Supremo teve como consequência prática um novo adiamento da votação da “PEC da Transição”, prioridade do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sem acordo e com o julgamento suspenso, a análise pelos parlamentares foi marcada para a próxima terça, dia seguinte à retomada do caso na Corte.
Commodities
Entre as commodities, o minério de ferro teve leve alta de 0,5% na bolsa de Dalian, aos 821 yuans (cerca de US$ 118) a tonelada. O petróleo Brent caía 2,23% em Londres, aos US$ 79,40 o barril, pressionado pelas ações dos bancos centrais.
A perspectiva de ação mais “hawkish” dos BCs ao redor do mundo pressiona as bolsas europeias e os futuros dos índices americanos, dando continuidade às perdas do pregão de ontem.
Indicadores europeus
O índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro, divulgado hoje pela manhã, registro alta de 10,1% em base anual em novembro, pouco acima do consenso de +10,0%. O índice de gerentes de compras (PMI) composto da região subiu para 48,8 em dezembro, também superando a projeção de economistas, que era de 48,0.
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