Como a reunião do Copom pode mexer com o Ibovespa

Mercado acionário já está de olho nos próximos passos do Banco Central

Fachada do Banco Central do Brasil (Foto: Jorge William/Agência O Globo)
Fachada do Banco Central do Brasil (Foto: Jorge William/Agência O Globo)

Nesta quarta-feira (3), o mercado vai conhecer a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) sobre a taxa básica de juros no Brasil. A expectativa é que a autarquia eleve a Selic em 0,5 ponto percentual, indo para 13,75% ao ano. A decisão deve ter impacto em todo o mercado financeiro, especialmente no acionário. 

Especialistas defendem que a elevação dos juros dentro do previsto pelos especialistas não deve causar grandes alterações no Ibovespa no pregão de quinta-feira (4), o próximo logo depois do anúncio. 

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Enrico Cozzolino, head de análise da casa de análise Levante Investimentos, acredita que o movimento do Ibovespa não deve ser influenciado pela reunião do Copom: “Acho que uma alta de 0,5 p.p. já está muito precificada”. Outros dois especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira concordam e esperam uma reação neutra do mercado frente a alta da Selic para 13,75% ao ano. 

Porém, é preciso estar preparado para todos os cenários. Alguns deles podem causar reações mais firmes do mercado acionário. Essas reações podem ser positivas ou negativas, a depender das sinalizações. 

O que pode acontecer depois da divulgação do Copom?

Dessa vez, a expectativa para a reunião vai além de um número e se concentra na indicação que o Banco Central dará sobre os próximos passos na luta contra a inflação. Para Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, o tom do comunicado “pode causar volatilidade” e “deve trazer informações sobre qual o viés do Banco Central para lidar com o cenário atual”.

O especialista explica que uma perspectiva de desaceleração da economia e altas mais fortes da Selic podem fazer o mercado reagir negativamente ao comunicado.

Apesar de o Boletim Focus mostrar que o mercado espera que este seja o último aumento dos juros, Komura diz que o Copom pode sinalizar altas de 0,25 ou 0,5 ponto percentual para a próxima reunião, em setembro. Esse, sim, deve ser o último aumento da Selic em 2022. 

Paloma Brum acredita que o ano terminará com a Selic a 14% a.a. porque “embora o IPCA já tenha atingido o seu pico, a conjuntura atual segue desafiadora”. 

Copom pode gerar alta do Ibovespa?

Por outro lado, o mercado pode ter uma surpresa positiva se a decisão do Copom for de encontro à expectativa do Focus e a autarquia sinalizar o fim do ciclo de alta dos juros. Este, porém, é o cenário mais difícil, segundo especialistas. 

Estamos em ano eleitoral e não temos mais respeito à âncora fiscal (o teto de gastos). Os juros estão altos, provavelmente em patamar contracionista, como mostram os estudos do BC, mas ainda temos mercado de trabalho forte e o fiscal jogando contra”, analisa Komura.

O que poderia influenciar o BC a escolher o caminho mais dovish é a sinalização de um Federal Reserve menos agressivo do que o esperado. Na última reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, deu sinais de que o órgão pode não subir os juros quanto o mercado esperava, o que fez os índices acionários dos EUA entrarem em um rali na semana passada. Para Enrico Cozzolino, a sinalização do Fed “não deveria, mas certamente influencia a decisão do Copom”.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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