J&F trabalha na criação de plataforma de investimentos
Modelo de negócios não está fechado, mas pode incluir corretora
A J&F – holding dos irmãos Wesley e Joesley Batista que controla negócios como JBS, Eldorado, Banco Original e PicPay – estrutura uma plataforma de investimentos, apurou o Pipeline, site de negócios do Valor. A holding dos Batista ainda está trabalhando no modelo de negócios, que pode incluir uma corretora, mas já se sabe que a plataforma em gestação terá de fazer algum barulho – e contar com diferenciais – para competir num mercado acirrado, disputando com competidores do porte de XP, BTG Pactual, Nubank e, claro, os grandes bancos.
“Uma possibilidade é seguir a linha da Robinhood [corretora americana que não cobra taxas e é voltada a jovens investidores]”, disse uma pessoa de fora que acompanha as movimentações.
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Para liderar o projeto, o conglomerado escalou Emerson Loureiro, um executivo de confiança que começou como trader de câmbio da JBS em 2002. De lá para cá, o executivo fez carreira nas investidas da J&F na área financeira, comandando o Original. Loureiro também foi diretor de finanças da própria J&F e do PicPay. Mais recentemente, atuava como chefe de investimentos do Original.
A construção da plataforma de investimentos começou no ano passado, com a discreta aquisição da fintech LionX, que desenvolve tecnologia para o mercado financeiro, com soluções de inteligência artificial e trading. O nome da startup ainda pode ser alterado.
Na página da LionX no LinkedIn, um painel ilustra o que pode ser o software, num modelo inspirado na Bloomberg. Há abas para análise de ações, com indicadores financeiros de companhias listadas em bolsa, índices, dados macroeconômicos e notícias.
Se tiver a pessoa física como foco – o que pode ser um teste de reputação para a holding dos Batista -, a plataforma da LionX também terá a concorrência de outros nomes nacionais, como Traders Club (avaliado em R$ 1,1 bilhão na B3) e Trademap – este recebeu investimento da Dynamo, que comprou 10% da controladora Valemobi.
Desde que adquiriu a LionX, a J&F vem reforçando o time da startup, montando uma equipe que vai incorporar a produção de conteúdo financeiro. A LionX já conta com mais de cem funcionários e recrutou Fernando Ohara, que era sócio da gestora de crédito privado Éxes, para a posição de CFO.
A LionX foi fundada em 2019 por Rodrigo Zimnowlocki (que trabalhou no marketplace de NetSuprimentos) e por Daniel Cohen, empreendedor que criou e vendeu a Sevennova à Neoway, por US$ 15 milhões. Cohen é o CTO da LionX e também investiu na fase inicial da startup.
Ainda não está claro como a estratégia da J&F para a LionX vai conversar com os outros negócios financeiros do conglomerado. Na semana passada, o Banco Original reportou seu primeiro lucro e agora parece mais próximo da independência dos aportes da holding dos Batista, que colocou R$ 400 milhões no banco em 2021.
O PicPay também vem recebendo pesados investimentos da J&F. No ano passado, a holding tentou fazer o IPO da fintech – que vem tentando ser percebida como uma plataforma que vai muito além da carteira digital -, mas acabou desistindo.
A J&F está capitalizada com os dividendos bilionários da JBS, de longe o principal ativo da holding. Desde 2020, a gigante de carnes distribuiu quase R$ 7,4 bilhões em dividendos. Com 45,6%, a holding ficou com mais de R$ 3,3 bilhões. Procurada, a J&F não comentou.
Este texto foi originalmente publicado pelo Pipeline, o site de negócios do Valor Econômico