Juliano Noman, presidente da Anac: ‘Fomos pegos de surpresa. Não esperávamos a parada da ITA’

Além de autorizar a operação das empresas aéreas, a Agência Nacional de Aviação Civil é responsável pela fiscalização das operações

Juliano Noman, presidente da Agência Nacional de Aviação Civil. Foto: Karina Carvalho/Anac
Juliano Noman, presidente da Agência Nacional de Aviação Civil. Foto: Karina Carvalho/Anac

A paralisação repentina dos voos da ITA na noite da última sexta-feira – deixando mais de 45 mil pessoas com passagens na mão – surpreendeu todo o setor da aviação, até mesmo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

“Nós fomos pegos de surpresa. Não esperávamos que a companhia fosse parar”, afirmou o seu presidente, Juliano Noman. A declaração do presidente da Anac foi feita em entrevista ao Estadão/Broadcast, publicada nesta quinta-feira (23).

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 Na noite da última sexta-feira, o grupo Itapemirim, do empresário Sidnei Piva, informou que estava paralisando temporariamente todas os voos da Itapemirim Transportes Aéreos (ITA), empresa criada no primeiro semestre deste ano.

Horas depois, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) foi quem suspendeu o Certificado de Operador Aéreo da ITA. Sem o documento, a empresa não poderá voltar a voar, afetando ao menos 40 mil clientes que tinham passagens para os 514 voos programados até 31 de dezembro. Esse é mais um capítulo de uma empresa nascida em meio a polêmicas.

Em meio à pior crise do setor aéreo gerada pela covid-19, o grupo Itapemirim anunciou, em meados de 2020, que pretendia lançar sua companhia aérea. O grupo começou a atuar no transporte de passageiros na década de 1950, por ônibus.

O plano, de acordo com entrevistas de Piva à época, era começar a operar em março deste ano. Mas foi apenas no fim de abril que a companhia concluiu o período de testes e obteve a certificação com a Anac. Em maio, começou a vender passagens e, em 30 de junho fez seu voo inaugural, passando a integrar a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

Recuperação judicial

Chamou atenção e gerou desconfiança também o fato da ITA ser criada mesmo com o grupo envolvido em um processo de recuperação judicial desde 2016.

De acordo com o relatório de mais recente publicado em setembro deste ano pela EXM Partners, a administradora judicial, a companhia tinha R$ 2,2 bilhões somente em passivos tributários. O endividamento sujeito à recuperação judicial era de R$ 253 milhões.

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