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Justiça decreta prisão de Bankman-Fried, fundador da FTX, às vésperas de julgamento
A Justiça americana ordenou nesta sexta-feira (11) a prisão imediatada do ex-bilionário Sam Bankman-Fried, fundador da exchange de criptomoedas FTX. A corretora de criptoativos chegou a ser uma das maiores do mercado até que, no passado, entrou em colapso após a descoberta de uma série de fraudes envolvendo os recursos depositados pelos clientes.
Aos 31 anos, Bankman-Fried estava em prisão domiciliar na casa de seus pais na cidade de Palo Alto, no estado da Califórnia, desde dezembro. Ele se preparava para o início do julgamento, previsto para começar nas próximas semanas, em Nova York.
A prisão foi solicitada pelo juiz federal Lewis A. Kaplan. Ele aceitou um pedido dos promotores, que argumentaram que o empresário tentava intimidar uma testemunha do caso. Caroline Ellison, a testemunha, é ex-executiva da FTX e também ex-namorada de Bankman-Fried.
Tentativa de intimidação
A história teria começado após uma reportagem publicada no mês passado pelo jornal americano The New York Times. O veículo teria tido acesso a documentos de Caroline Ellison, em que se declarava culpada de acusações de fraude e concordava em cooperar com os promotores que investigam o caso.
O ministério público americano procurou nesta sexta-feira (11) o juiz Lewis A. Kaplan informando que o ex-empresário havia fornecido documentos ao jornal britânico The Times e oferecido ao periódico documentos e informações sobre Ellison.
O interesse com isso, disseram, era intimidar Ellison e tentar obter alguma vantagem às vésperas do julgamento.
Segundo o The New York Times, Bankman-Fried havia tido inúmeras conversas com outros jornalistas em dias anteriores, incluindo o escritor Michael Lewis, que está escrevendo um livro sobre a FTX.
Ordem de silêncio
Antes de solicitar a revogação da fiança, os promotores também pediram ao juiz Kaplan para impor uma ordem de silêncio que impedisse o fundador da FTX de falar com a mídia antes de seu julgamento.
De acordo com o jornal The New York Times, os advogados do fundador da FTX disseram que ao fornecer os documentos ao The Times, o empresário “estava exercendo seus direitos para responder a ‘uma consulta da mídia’ e que ele não violou os termos de sua fiança”.
Entenda o caso da FTX
O governo dos EUA acusou Bankman-Fried de uma série de crimes financeiros no final do ano passado.
Os promotores federais alegam que ele enganou intencionalmente clientes e investidores para enriquecer a si mesmo e a outros, enquanto desempenhava um papel de liderança na empresa. O processo corre no Tribunal Distrital dos EUA em Manhattan, Nova York.
Os promotores dizem que, a partir de 2019, Bankman-Fried elaborou “um esquema para fraudar” os clientes e investidores da FTX, desviando seu dinheiro para pagar despesas e dívidas em seu fundo de cripto, Alameda Research, e para fazer luxuosas compras de imóveis e grandes doações políticas. Os promotores alegam na acusação que o ex-bilionário estava envolvido em atividades criminosas que começaram em 2019 e continuaram até o final de 2022.
Bankman-Fried deliberada e conscientemente “concordou com outros em fraudar os clientes da FTX.com, apropriando-se indevidamente dos depósitos desses clientes e usando esses depósitos para pagar despesas e dívidas da Alameda Research”, alega a acusação.
Segundo os promotores, ele também teria conspirado com outros para fraudar os credores da FTX “fornecendo informações falsas e enganosas aos credores sobre a condição financeira da Alameda Research”.
Preso nas Bahamas
Bankman-Fried foi preso em dezembro de 2022 pelas autoridades das Bahamas a pedido do governo dos EUA, que o acusou de oito violações criminais, variando de fraude eletrônica a lavagem de dinheiro e conspiração para cometer fraude. Bankman-Fried, um dos maiores doadores das eleições de meio de mandato dos EUA, ocorridas no ano passado, também foi acusado de fazer contribuições ilegais para a campanha.
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