A última temporada da série Succession fala sobre pessoas, seus desejos e frustrações e o impacto desses sentimentos em suas finanças, por isso eu trouxe uma reflexão de quais lições podemos levar para nossos investimentos.
Perpetuar patrimônio é sempre um desafio, não importa quão grande ou pequeno ele seja. Mas há um desafio ainda maior do que o financeiro: evitar que ele seja o catalisador de rompimentos familiares. Só isso explica a fascinação e o debate provocado por Succession.
Ambição, traição e finanças
Succession trouxe para dentro dos lares das famílias brasileiras todas as reuniões e intrincadas operações com ações, traições, ostentação e cobiças do mundo de Wall Street. Mas, fundamentalmente, a série fala sobre pessoas, seus desejos e frustrações e o impacto desses sentimentos em suas finanças. As complicadas relações dos irmãos Kendall (Jeremy Strong), Roman (Kieran Culkin) e Shiv Roy (Sarah Snook), os herdeiros do magnata das telecomunicações Logan Roy (Brian Cox), espelham muitas das angustias de nós mortais em relação às nossas próprias ambições que permeiam escolhas diárias.
Vou repetir, não importa o tamanho, por menor que sejam suas economias ela provocará sentimentos de medo, ganância e inveja que podem embutir um risco maior do que a volatilidade dos ativos financeiros na hora em que você estiver fazendo a alocação de seus recursos.”
Mas ainda mais desafiador será na hora de transferir esse patrimônio aos seus herdeiros.
Vamos por partes. Primeiro é importante analisar seus próprios sentimentos e ambições. Eles interferem diretamente no sucesso ou fracasso dos seus investimentos, com potencial de lucro ou prejuízo muitas vezes maior dos que as próprias tendências macroeconômicas.
Não subestime o potencial dos seus sentimentos em impactar seus investimentos. Está fartamente documentado pelos estudos em finanças comportamentais que o caminho na construção de um patrimônio terá um ingrediente emocional e a melhor forma de neutralizar os efeitos é com informação de qualidade.
Você vai descobrir que construir um patrimônio é mais fácil que perpetuá-lo, principalmente para quem tem herdeiros. A transferência de patrimônio exige um pragmatismo ainda maior.
Vou contar um caso real que ouvi nesses anos de cobertura econômica. Ocorreu com um empresário paulista que pensando em evitar complicações com testamento e inventário, optou por transferir o controle da empresa para o filho com maior aptidão para os negócios e seu sucessor natural. Não contava que o destino, sempre ele, lhe provocaria a pior das surpresas: seu filho morreu antes e a viúva, a herdeira, casou-se poucos anos depois.
Há muitos outros e em diferentes classes sociais. Seja um imóvel ou uma empresa, haverá sempre que ser cuidadoso na hora de planejar a sucessão de seu patrimônio.
Três lições de investimentos
Encerro a conversa de hoje com três lições de investimentos que aprendemos com a última temporada de Succession:
1- Ser pragmático é tão importante quanto difícil na hora de fazer escolhas que vão impactar suas finanças;
2- Sentimentos que você traz da infância podem levar ao medo ou ganância no presente, que podem provocar uma exposição desnecessária ao risco;
3- O excesso de confiança em é um erro clássico na gestão financeira e responsável por sucessivos prejuízos.