Luiza Trajano, do Magalu: ‘Não aguento mais ser manchete política’
A presidente do conselho da varejista comentou sobre convites que recebeu para ser candidata nas eleições deste ano
A presidente do conselho de administração da varejista Magazine Luiza (MGLU3), Luiza Helena Trajano, 73, afirmou nesta quarta-feira (31) que não aguenta mais “ser manchete” no campo político.
“Dessa vez, me convidaram muito para ser [vice] presidente. Menos o Lula, do qual eu levei fama e virei meme, mas ele foi o único que não me convidou”, disse Luiza Helena, durante o evento “Empreendedorismo Feminino no Mundo Árabe”, organizado pelo Comitê Wahi – Mulheres que Inspiram, da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.
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Questionada pela Folha de S.Paulo se ela gostaria de ter sido convidada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ser sua vice, lugar hoje ocupado pelo ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), um nome mais próximo ao empresariado, Luiza Helena disse que não.
“Pelo amor de Deus, eu não aguento mais [ser] manchete. Eu sou uma pessoa política, mas não partidária. Não, eu não quero entrar em política. Não me filiei a nenhum partido. Foi muito pesada a pressão [para eu me filiar]”, respondeu. “Eu saí de uma exposição desnecessária, não quero entrar em outra. Estou cansada. As manchetes estão doendo.”
Luiza Helena afirma ser uma pessoa política por não ficar “quieta” diante das causas que acredita. Mas que o seu compromisso é com o Grupo Mulheres do Brasil — que ela fundou em 2013, com o objetivo de engajar a sociedade civil na conquista de melhorias para o país.
Hoje o grupo tem 115 núcleos no Brasil e 36 no mundo. Um novo núcleo está sendo formado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde ela participou de uma feira de negócios este ano.
O Mulheres do Brasil criou o movimento “Unidos pela Vacina”, a fim de agilizar, com a participação do setor privado, a distribuição de imunizantes contra a Covid-19 em todo o país.
Agora o grupo criou o movimento “Pula para 50”, a fim de aumentar a presença feminina na política, com a meta de que as mulheres alcancem pelo menos 50% das vagas do Congresso. O grupo destaca que as mulheres representam 53% da população brasileira, mas são apenas 15% no legislativo federal.
“Se ser socialista for cuidar da desigualdade social, faço isso desde os 10 anos”, diz ela, que também se mostrou incomodada com a exposição do seu nome na lista dos mais ricos da Forbes, o que evidenciou o sobe e desce das ações do Magalu.
“Homem entra e sai da lista da Forbes, ninguém escreve nada. Eu entro, o Brasil inteiro fica sabendo. Eu saio, o Brasil inteiro fica sabendo”, diz ela.
Em setembro do ano passado, a edição brasileira da revista americana Forbes trouxe a lista dos 200 bilionários do país em 2020. Luiza Trajano apareceu na 8ª posição, sendo a mulher mais rica do Brasil, com patrimônio de US$ 5,6 bilhões em julho de 2021 (cerca de R$ 29 bilhões, em valores atuais).
Em junho deste ano, a revista informou que o patrimônio da empresária havia caído para menos de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões hoje). A saída da lista dos mais ricos acompanha o desempenho negativo do Magazine Luiza na Bolsa, reflexo do atual cenário econômico brasileiro, marcado pela inflação e taxa de juros alta.
No intervalo, a ação do Magalu saiu de R$ 24 para R$ 2,55. Hoje está por volta de R$ 4,50.
Sobre a economia, Luiza Helena afirma que o segundo semestre em ano de eleição não costuma ser bom. “Mas este ano vamos ter a Copa do Mundo, que vem em novembro, depois da eleição, e acredito que vamos fechar um segundo semestre melhor que o primeiro”, afirmou.
De acordo com a presidente do conselho do Magalu, os primeiros oito meses do ano foram de altos e baixos. “A inflação pós-covid atingiu o mundo inteiro. E o Brasil teve que acertar a sua taxa de inflação com juros. A gente ainda não entendeu o tamanho da marca que a Covid deixou, a pobreza cresceu no mundo todo.”
Para a empresária, o crescimento do varejo este ano será inferior ao de 2021, “que foi espetacular”. “No ano passado, crescemos três, quatro vezes. Mas este ano vai apresentar um crescimento menor, como esperado.”