Mateus (GMAT3) supera Assaí e Atacadão no primeiro trimestre; ações sobem 7%

O grupo não sentiu tanto o peso de juros em suas despesas financeiras, ao contrário das outras empresas

Loja do Grupo Mateus (GMAT3). Foto: Divulgação
Loja do Grupo Mateus (GMAT3). Foto: Divulgação

O Grupo Mateus deixou para trás os seus dois maiores concorrentes nacionais diretos no primeiro trimestre de 2023 — Assaí e Atacadão —, segundo avaliação preliminar de analistas, considerando alguns indicadores — um desempenho que, inclusive, foi trazido pelos analistas na teleconferência de resultados com a direção nesta quinta-feira.

Em linhas gerais, considerando indicadores dessas três empresas abertas do setor, Atacadão teve desempenho mais fraco e Mateus foi o destaque. Às 15h12, as ações GMAT3 subiam 6,69%.

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Em termos de vendas “mesmas lojas”, indicador que tem sido um dos principais parâmetros do mercado neste ano, ao desconsiderar efeito de compras de lojas recentes, o Mateus cresceu 11,3% – o Assaí apurou avanço de 7,2% e o Atacadão avançou a metade, 5,6% (excluindo efeito calendário, e ao incluir, alcança 6,5%).

Apesar de estar na ponta no trimestre, o Mateus perdeu 1,4 ponto percentual de crescimento nas vendas mesmas lojas sobre o ano anterior.

A respeito das vendas líquidas totais, que consideram aberturas e conversão de unidades das empresas, Assaí foi o destaque: a rede sobe 31,9% para R$ 15,1 bilhões, seguido do Mateus, que avançou 28,2% para R$ 5,8 bilhões, e em terceiro lugar, o Atacadão, com avanço de 19% para R$ 16,2 bilhões.

Sobre margem bruta, o Mateus apurou taxa de 21,1%, recuo de 1,2 pontos (incluindo não recorrentes). Assaí teve leve alta de 0,1% (para 16,1%) e o Atacadão teve tímida queda, de 15,5% para 15,4% — ou seja, nas duas últimas quase estabilidade, melhor que o desempenho de Mateus.

A margem bruta tem sido um dos pontos fracos da empresa em relatórios de analistas no ano passado, e a companhia disse hoje que vem trabalhando nesse indicador e vê melhoras.

“Nós entramos em cinco novos Estados no Nordeste em 2022 e é natural um ambiente mais promocional quando isso acontece. Nosso trabalho para 2023 é atuar nesse linha”, disse Tulio de Queiroz, diretor financeiro.

Apesar de o Nordeste ser um mercado base para o Mateus, e fundamental para o crescimento, o impacto registrado no indicador de margem bruta deve-se, majoritariamente, à pressão da regional nesses estados, onde o grupo possui 14 atacarejos em processo de maturação.

A empresa disse que esse amadurecimento das lojas está progredindo de acordo com o planejado, mas de qualquer forma, “contramedidas foram desenvolvidas” para elevar a performance da margem em 2023.

A companhia acrescentou que deve transformar a maioria das lojas do Big em unidades de atacarejo — foram 10 pontos comprados recentemente.

Questionado sobre o desempenho de alguns indicadores de Mateus acima de rivais, como citado por analistas durante a teleconferência, Jesuíno Martins Borges Filho, diretor presidente, disse que “é fruto de dedicação”, sem se alongar nas comparações.

Em termos de lucro líquido de janeiro a março de 2023, no Mateus a soma totalizou R$ 239,7 milhões, crescimento de 20,3%. O Assaí teve recuo de 66%, para R$ 72 milhões e o Atacadão não informa esse dado — o Carrefour publica apenas o dado total.

O Mateus não sentiu tanto o peso de juros em suas despesas financeiras, ao contrário das outras empresas — a rede tem dívida bruta total (R$ 1,8 bilhão) bem abaixo das competidoras, o que pressiona menos indicador final de alavancagem. A empresa disse hoje que a meta é manter relação entre dívida líquida e Ebitda em zero — fechou em 0,1 em março.

O endividamento líquido total é de R$ 135,7 milhões e com saldo de caixa de R$ 1,7 bilhão.

Sobre margem Ebitda, no Mateus houve alta de 0,4 pontos, para 7% – o maior índice entre as empresas abertas do setor.

No Assaí caiu 0,3 ponto, para 6,3% e no Atacadão, houve 1,3 pontos de queda, para 5,6% — novamente, o pior desempenho.

Com reportagem de Adriana Mattos, Valor — São Paulo.

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