IF Hoje: Reunião sobre arcabouço fiscal e dados de desemprego nos EUA podem manter investidores otimistas com o Brasil
Em ascensão após a ruína da Americanas, as varejistas Magazine Luiza e Via (ex-Via Varejo) reportarão os seus balanços do 4T22 após o fechamento do mercado
Ontem os mercados tiraram proveito das esperanças de que o Banco Central possa iniciar o corte da taxa Selic antes do previsto e, aliado ao otimismo vindo do exterior, viram um fluxo de entrada mais forte nos mercados nacionais, fazendo a bolsa subir com o dólar e os juros caindo.
Hoje, no entanto, o clima de otimismo pode se manter, impulsionado pela reunião de Fernando Haddad com Simone Tebet, que podem dar novas pistas sobre o novo arcabouço fiscal, tão aguardado pelo mercado e que pode destravar investimentos no Brasil, se este mostrar um caminho para que o país não se endivide descontroladamente nos próximos anos.
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Na véspera do Payroll, o mercado pode exibir certa instabilidade, com gestores montando posições defensivas diante da expectativa de dados fortes e o temos de mais aperto monetário nos Estados Unidos por parte do Federal Reserve, aumentando ainda mais os juros por lá e retirando a atratividade dos nossos mercados por aqui.
Após a última reunião de juros, o Copom afirmou no comunicado que, para a inflação cair dos atuais 6% ao ano cair para os 3% da meta em 2024, a Selic também só poderia ser cortada no ano que vem. Mas diante da pressão de Lula e de parte da sociedade, o cenário pode ter mudado.
Política
Também hoje, no horário do almoço, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e podem trazer novidades sobre o novo arcabouço fiscal,
Com relação às expectativas sobre governo novo, as ações das empresas educacionais dispararam hoje na B3. Já se tinha essa expectativa desde as eleições, mas foi hoje que o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou um grupo de trabalho para reformular o FIES, programa de financiamento estudantil, que injetou bilhões de reais nessas empresas.
As ações da Yduqs subiram 12,17%, e da Cogna, 8,91%.
Consultoria diz que inflação pode favorecer o real
A hEDGEpoint Global Markets afirmou, em relatório, que a inflação pode favorecer o real ante o dólar e outras moedas, diante do cenário atual com baixo apetite por commodities pela China e o aumento das preocupações com as taxas de juros terminais do Fed.
Os últimos dados de inflação e atividade divulgados para a economia dos EUA surpreenderam positivamente, levando a um pico nos rendimentos de 10 anos e no Dollar Índex.
Isso também enfraquece as moedas dos mercados emergentes, já que o capital flui para ativos menos arriscados.
“Apesar das perspectivas desafiadoras para os emergentes, ainda vemos espaço para o real se apreciar. Olhando para os modelos de valor justo, podemos ver que o câmbio com o dólar deveria estar sendo negociado em patamares mais baixos de uma perspectiva fundamentalista, pois os diferenciais de taxas de juros – uma das principais variáveis do modelo – permanecerão elevados ao longo de 2023”, afirmou o relatório da hEDGE point.
Uma das principais razões por trás da visão positiva para a moeda brasileira é um tanto quanto contraintuitiva. A inflação, que geralmente penaliza uma moeda – pois diminui seu poder de compra em relação a outras – pode na verdade ser um aliado do real no cenário atual.
Desde setembro passado, o IPCA do Brasil é inferior ao CPI americano, enquanto as taxas de juros do Brasil têm sido muito mais altas – mesmo com o aperto monetário do Fed.
Isto significa que uma inflação ligeiramente mais persistente e alta nos próximos meses pode ser surpreendentemente positiva para a moeda brasileira, já que o Brasil está enfrentando um nível de inflação mais baixo em comparação com os EUA e – para combater a inflação – o Banco Central provavelmente manterá as de taxas de juros elevadas.
Agenda do dia
No Brasil, às 9h, o Ministério do Trabalho divulga o Índice de Evolução de Emprego do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que não é bem um indicador de desemprego, mas sim aponta o número de vagas de trabalho formais foram abertas e fechadas no mês.
10h30 tem os pedidos por Seguro-Desemprego nos Estados Unidos.
México reporta índice de inflação ao consumidor de fevereiro, anual e seus núcleos (que excluem itens mais voláteis e preços controlados, como energia, combustíveis e alimentos). A projeção é de alta de 0,66% na inflação de fevereiro e de 7,68% no acumulado de 12 meses.
França divulga seu relatório de empregos não-agrícola, o payroll francês.
A Thomson Reuters divulga sua pesquisa de confiança do consumidor dos seguintes países: Reino Unido, França, Itália, Alemanha, Espanha, África do Sul, Índia, Austrália, Japão e China.
Nos Estados Unidos os indicadores de maior relevância de hoje – véspera do payroll – ficam para o número de demissões anunciadas, pedidos por seguro desemprego, estoque de gás natural e o discurso do vice-presidente do Fed, Michael Barr.
Por fim, às 23h30, o Banco do Japão (BoJ) anuncia sua decisão de taxa de juros, com a expectativa que não haja alteração e seja mantida em -0,10% ao ano.
Balanços do dia
As varejistas Magazine Luiza e Via reportam seus números após o fechamento do mercado.
Mercado ontem
Em dia de ajuste, alívio e apetite global por risco, o Ibovespa ensaiou ontem uma recuperação diante da queda vista na véspera e operou em forte alta ao longo do dia, com os investidores monitorando as notícias relacionadas aos juros dos Estados Unidos e ao novo arcabouço fiscal no Brasil.
O principal índice da bolsa brasileira fechou em alta de 2,22%, a 106.540 pontos, enquanto o dólar fechou em queda de 1,04% ante o real, negociado a R$ 5,1391.