Faturamento de serviços caiu 0,6% em setembro; expectativa era de crescimento de 0,5%
IBGE informou, nesta sexta-feira, dados para o setor que reforçam pessimismo sobre rumos da economia
Após decepções com a inflação e o comércio, o mercado financeiro brasileiro contava com os dados sobre o comportamento do setor de serviços em setembro, que seriam divulgados nesta sexta (12), para ajustar suas expectativas a respeito dos rumos da economia.
Existia uma tese, entre alguns economistas, de que, com a redução do poder de compra, o consumidor tem direcionado os seus gastos de bens para serviços. Essa teoria se provou furada quando, nesta manhã, o IBGE informou que o setor encolheu 0,6% em setembro ante agosto e cresceu 11,4% ante o mesmo mês de 2020. A expectativa era de altas de 0,5% e 13,5%, respectivamente.
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Na quarta (10), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), informou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de outubro ficou em 1,25%, o maior valor para o mês desde outubro de 2002, e, na quinta (11), o divulgou uma queda de 1,3% nas vendas do varejo em setembro, mais do que os analistas previam. Os números sobre os serviços reforçam a Ao contrário, se ficar aquém das previsões, o dado pode a visão de que a economia não está mostrando fôlego para se recuperar da queda provocada pela pandemia da covid-19.
Por que importa?
O setor de serviços é o mais relevante componente do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, gerando a maior parte dos empregos no Brasil. Agora, os especialistas estão refazendo as suas contas sobre como pode terminar a economia em 2021 e começar 2022.
Como afeta seus investimentos?
O indicador de serviços pior do que a esperado é um sinal de que a economia está desacelerando, o que pode levar a Bolsa de Valores e o real a cair, elevando os juros futuros. Alguns ativos de renda fixa podem se beneficiar do movimento.
No entanto, a leitura pode não ser tão fácil. Uma retração dos serviços, somada à do varejo, pode desencorajar o Banco Central a subir muito a sua taxa de juros em dezembro. Atualmente, a taxa básica Selic está em 7,25% ao ano, e os especialistas apostam em uma elevação de 1,5 ponto percentual no mês que vem, para 9,25%. Caso a economia se mostre muito fraca, a autoridade monetária pode não ser tão rígida, o que diminuiria as chances de uma recessão em 2022.
Foi justamente a leitura “é ruim, mas é bom” dos dados do varejo que ajudam o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, a avançar 1,54% na quinta (11).
Fique por dentro
The Economist
Na edição desta semana, a “The Economist” traz um texto sobre o governo de Jair Bolsonaro. Segundo a revista inglesa, Bolsonaro faz mal “não só ao meio ambiente, aos direitos humanos e à democracia, mas também à economia brasileira”. O texto aborda a situação fiscal do Brasil, à luz da aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios na Câmara dos Deputados.
Desaceleração da Economia
Na quinta (11), durante o Macro Vision, evento sobre macroeconomia do Itaú Unibanco, o ministro da Economia, Paulo Guedes, classificou como normal a desaceleração de economia brasileira dada a alta de juros. Guedes também disse que a inflação americana vai ter uma forte alta, levando os demais países a ajustar sua política monetária.
Mais ricos investiram mais
Os investimentos de pessoas físicas aumentaram 0,5% no terceiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior, de acordo com a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Em relação a janeiro, há um crescimento de 6,8%. No total, são R$ 4,45 trilhões investidos.
O setor que mais investiu foi o varejo alta renda, que aplicou 9,4% a mais de julho a setembro, totalizando R$ 1,2 trilhão. Em seguida, o private banking —clientes com, pelo menos, R$ 3 milhões em aplicações— foi o que mais investiu, ampliando em 8,1% o patrimônio investido, totalizando R$ 1,7 trilhão. O varejo tradicional ampliou a carteira de investimentos em 3,2%, para R$ 1,5 trilhão.
Em relação a 2020, o ritmo diminuiu. De janeiro a setembro do ano passado, a alta foi de 7,9%.
Desoneração da folha de pagamento
O presidente Jair Bolsonaro irá prorrogar por dois anos a desoneração da folha de pagamentos. Segundo o governo, o objetivo é evitar um desemprego maior no país. Na quarta (10), o deputado Marcelo Freitas (PSL-MG) protocolou na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) parecer favorável a um projeto de lei que prorroga o benefício aos 17 setores que mais empregam. A isenção acabaria este ano, mas, segundo o projeto, pode ser estendida até o fim de 2026.
Para prestar atenção hoje
9h: IBGE divulga o crescimento do setor de serviços em setembro.
Antes das 10h: Brisanet, Cogna Educação, Infracommerce, Ser Educacional divulgam seus resultados do terceiro trimestre.
Depois das 18h: Biomm, Brisanet, Celesc, Cosan, CVC Brasil, Enjoei, Kora Saúde, Lupatech, MMX, Paranapanema, PDG Realty, Priner Serviços Industriais, Restoque, Saraiva, Terra Santa Agro publicam seus balanços trimestrais.