IF Hoje: Europa deve seguir Fed e consolidar nova realidade mundial de juros altos
Bancos centrais estão lutando para controlar a mais alta inflação em décadas
O mercado financeiro teve um choque de realidade na quarta-feira (14), quando o Fed (Federal Reserve, banco central americano) aumentou a taxa básica de juros dos Estados Unidos pela quinta vez consecutiva e avisou que não vislumbra uma queda até… 2024.
A elevação de 0,5 ponto percentual da taxa americana, para o intervalo de 4,25%-4,5% ao ano, significou uma desaceleração ante o ritmo que vinha sido imposto pelo Fed, de altas de 0,75 p.p. a cada 45 dias. É verdade, também, que os investidores estavam esperando que o BC dos EUA usasse mesmo um tom duro para defender sua estratégia de política monetária e deixar claro que segue vigilante a fim de conseguir domar a inflação. Mas o discurso foi austero demais.
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“A experiência histórica alerta fortemente contra afrouxar a política monetária prematuramente. Não vejo o comitê considerando cortes das taxas até estar confiante de que a inflação está caindo para o nível de 2% de uma forma sustentável”, disse Jerome Powell, presidente do Fed, em entrevista coletiva à imprensa após o anúncio do aumento dos juros.
Mesmo com as fortes elevações dos últimos meses, a taxa básica ainda não está alta o suficiente para conseguir desencorajar as elevações de preços, segundo Powell. “Por isso dizemos esperar que mais aumentos sejam necessários”, afirmou.
A próxima reunião do Fed será em fevereiro, e o presidente disse que ainda não sabe se o próximo aumento dos juros será de 0,5 p.p. ou de 0,75 p.p. – depende de a inflação seguir em queda. Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, os preços subiram 0,1% em novembro em relação ao mês anterior e 7,1% no acumulado de 12 meses, quando as estimativas eram de altas de 0,3% e 7,3%, respectivamente.
O mercado acionário americano reagiu mal ao cenário traçado pelo Fed – o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, terminou o dia em baixa de 0,42%. Com a taxa de juros alta por mais tempo, a economia deve continuar desacelerando, o que é ruim para as empresas, inclusive as que têm ações negociadas na Bolsa. Não é possível prever o tamanho dessa desaceleração ainda, segundo Powell. “Ninguém sabe se teremos uma recessão ou não. E, se tivermos, se será profunda ou não também não dá para saber”, disse.
Gostem os investidores ou não, essa é a nova ordem mundial. Para combater a maior inflação em décadas, muitos países ocidentais estão lançando mão de taxas de juros elevadas. O esforço parece estar dando certo, porém ainda é cedo para dar o desafio como vencido.
Na manhã desta quinta (15), o BCE (Banco Central Europeu) deve seguir o Fed e aumentar os juros em 0,5 p.p., para 2% ao ano. Provavelmente, repetirá o palavreado rígido. E os investidores seguirão ajustando suas expectativas e aplicações para contemplar pelo menos mais um ano de taxas elevadas nas nações desenvolvidas.
Como afeta os investimentos?
O aumento dos juros torna as aplicações em renda fixa mais intressantes do que as alternativas de maior risco, como as ações de empresas negociadas na Bolsa de Valores. Sendo nos EUA, o país tido como mais seguro do mundo, essa elevação acaba atraindo investidores de toda parte, os quais tiram seu dinheiro de mercados emergentes como o Brasil. Assim, o dólar se valoriza ante o real e o BC brasileiro tem que manter os juros altos para tentar convencer os esgtrangeiros a ficar no país.
Agenda do dia
- 7h – Zona do Euro: Cúpula de líderes da UE
- 8h – Brasil: Relatório trimestral de inflação; IGP-10 (dezembro)
- 10h15 – Zona do Euro: Decisão de política monetária do BCE
- 10h30 – EUA: Vendas no varejo (novembro); pedidos de seguro-desemprego (semanal)
- 12h15 – Zona do Euro: Discurso de Christine Lagarde, presidente do BCE