Morning call: ambiente externo e insegurança fiscal prejudicam avanço do Ibovespa
No mercado doméstico, as preocupações em torno da política fiscal continuam a alimentar a aversão ao risco
O mercado deve manter o pessimismo com relação aos ativos de risco nesta quarta-feira (27) na medida em que cresce o mal humor no exterior com o rumo dos juros e no Brasil piora a percepção sobre controle fiscal.
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) publicou recentemente uma versão atualizada do ‘dot plot’ (gráfico com as expectativas de taxa de juro de todos os membros do Fed), além de uma atualização das suas estimativas macroeconômicas para os anos de 2023, 2024, 2025 e 2026.
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Dos 19 membros do conselho, 12 ainda esperam mais um aumento de taxa de juro em 2023. Para 2024, metade dos cortes que estavam sendo antecipados pelos membros desapareceram. A média de taxa de juro esperada para 2023 é de 5,6%, de 5,1% para 2024, 3,9% em 2025 e 2,9% em 2026.
Em outras palavras, os analistas veem, portanto, o fenômeno de “higher for longer” refletido nas projeções do banco central dos EUA. Isso leva o mercado a buscar melhores retornos nos títulos federais do tesouro.
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No mercado doméstico, as preocupações em torno da política fiscal voltam a rondar os mercados. Por meio da Advocacia Geral da União (AGU), o Ministério da Fazenda busca que o Supremo Tribunal Federal (STF) classifique parte do valor dos precatórios como despesa financeira, o que retiraria essa parcela dos limites de despesa e da meta de resultado primário.
Segundo operadores, a volta dos receios fiscais, em meio ao ambiente externo conturbado, contribuiu para uma piora nos mercados de juros. Como efeito, os juros futuros dispararam na terça-feira (26). Neste contexto, os juros reais medidos pelas NTN-Bs, títulos do Tesouro Direto de longo prazo, por exemplo, tiveram alta firme ao longo dia de ontem.
Em resumo, pouco espaço para um avanço significativo no Ibovespa, o principal índice de ações da bolsa de valores.
Agenda econômica da quarta-feira (27)
- 08h00: Confiança da Indústria de setembro (Ibre-FGV)
- 08h30: Estatísticas monetárias e de crédito/empréstimos bancários de agosto (Banco Central)
- 09h00: Audiência pública com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados
Bolsas da Ásia fecham em alta
As bolsas asiáticas fecharam em alta nesta quarta-feira (27), após a recuperação do lucro industrial na China e novas promessas de estímulos de Pequim.
Nos mercados chineses, o índice Xangai Composto subiu 0,16%, a 3.107,32 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,39%, a 1.901,98 pontos.
Dados oficiais mostraram que o lucro industrial chinês saltou 17,2% na comparação anual de agosto, recuperando-se da queda de 6,7% vista em julho. Já entre janeiro e agosto, houve declínio anual de 11,7%, mais suave do que a retração de 15,5% do acumulado até julho.
O banco central chinês (PBoC), por sua vez, prometeu intensificar o apoio à segunda maior economia do mundo, em um momento de preocupações renovadas sobre o setor imobiliário do país, em especial a incorporadora China Evergrande, que enfrenta dificuldades de reestruturar sua gigantesca dívida.
Em outras partes da Ásia, o japonês Nikkei teve alta de 0,18% em Tóquio hoje, a 32.371,90 pontos, enquanto o Hang Seng avançou 0,83% em Hong Kong, a 17.611,87 pontos, o sul-coreano Kospi registrou ganho marginal de 0,09% em Seul, a 2.465,07 pontos, interrompendo uma sequência de quatro pregões negativos, e o Taiex subiu 0,21% em Taiwan, a 16.310,435 pontos.
Oceania
Na Oceania, a bolsa australiana ignorou a Ásia e ficou no vermelho, após pesquisa mostrar aceleração na inflação doméstica. O S&P/ASX 200 recuou 0,11% em Sydney, a 7.030,30 pontos.
Mercados ontem
Na terça-feira (26), o dólar fechou no maior nível desde 1º de junho com aversão a risco no exterior. A moeda rompeu R$ 4,99 e tocou máxima a R$ 4,9936. No fim do dia, o dólar subia 0,42%, cotado a R$ 4,9871 – maior valor de fechamento desde 1º de junho (R$ 5,0064).
Já o Ibovespa costurou a quarta perda consecutiva, em baixa de 1,49% no fechamento, aos 114.193,43 pontos. Na semana, o Ibovespa cai 1,56%, tendo passado ontem ao negativo no acumulado do mês, -1,34%. No ano, o índice sobe 4,06%.
Em Nova York, a terça-feira foi de perdas: -1,14% no Dow Jones; -1,47% no S&P 500 e -1,57% no pregão eletrônico da Nasdaq.
Com informações do Estadão Conteúdo e Dow Jones Newswires.