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A Vitru (VTRU3) está analisando os impactos das apostas online no Brasil, pois o perfil dos jogadores é semelhante ao dos alunos de cursos EAD. William Matos, presidente da Vitru, revelou que 64% dos alunos que usam seus aplicativos têm apps de apostas instalados. Frederico Trajano, CEO do Magalu, considera as apostas um problema de saúde pública e alerta para possíveis impactos no consumo. Marcelo Pimentel, presidente do GPA, destaca a necessidade de regulamentação. A Caixa planeja entrar no mercado de apostas esportivas, mantendo a destinação social das loterias.
A Vitru (VTRU3), maior grupo de educação a distância do país, está analisando os impactos das apostas online no Brasil. Isso porque o perfil de jogadores é o mesmo dos alunos de cursos EAD (ensino a distância). Bem como o preço das mensalidades é muito parecido com o valor gasto nos jogos, por mês.
“Levantamos alguns dados. Dos alunos que usam nossos aplicativos, 64% têm um ou dois aplicativos de apostas instalados em seus celulares. E entre aqueles que acessam nosso site, 25% também têm ‘bets’ nos computadores”, disse William Matos, presidente da Vitru.
Tantos os jogadores como os alunos de EAD são da base da pirâmide. A mensalidade varia de R$ 200 a R$ 250, mesmo valor apostado nas ‘bets’, por mês.
“Ao contrário do varejo em que o consumidor deixa de comprar algo porque jogou, em educação há um gasto recorrente. Estamos acompanhando e queremos entender seus impactos”, disse Matos.
CEO do Magalu: ‘Bets são um problema de saúde pública’
“No primeiro semestre não diria que teve algo que afetou consumo. Não vejo impacto no curto prazo, mas o crescimento será exponencial. Não há regulação, é muito frouxa. E ‘bet’ é um problema de saúde pública. O Hospital das Clínicas está lotado com pessoas”, comentou.
“Pode fazer efeito no cartão de crédito. O IDV [Instituto para Desenvolvimento do Varejo] está atento a isso e estivemos com Alckmin [vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin] e se falou disso. O varejo está bem, mas pode ser um problema que contamine muito o varejo daqui para frente”, acrescentou.
Trajano disse ainda que está otimista com o país. “O que travava muito agenda era o juro americano, mas parece que essa âncora vai sair. E o juro aqui não ia descer se lá não descesse. E estou otimista com a Magalu. Precisávamos de ajuda dos juros, finalmente veio depois do que se esperava, e vai destravar. E as associações que fizemos na época de vacas magras, vamos colher os frutos”.
Sobre as “bets”, ele disse que “gosta mais” de um relatório de um banco que fala num movimento de R$ 70 bilhões ao ano com apostas, e com “saída” de R$ 25 bilhões. Nas apostas, há entrada de recursos no país com prêmios e pagamentos de taxas e valores apostados pelos usuários.
Pesquisas já publicadas apontam movimento total entre R$ 70 bilhões e R$ 130 bilhões ao ano, a depender da fonte dos dados.
“É algo que exige uma regulamentação melhor das regras de funcionamento. Da transparência na atuação e no sentido de ter uma ação maior de toda a sociedade em como proteger o consumidor, como educá-lo em relação ao tema”, disse ele em evento do Santander a investidores nesta manhã.
Mas reforçou que o GPA é mais resiliente a esse cenário pelo perfil de renda das lojas, focado em classes mais altas. “Pelo que dizem, é um consumidor mais de classes mais baixas que joga mais e que ele já estaria se endividando para jogar. Estamos acompanhando o tema”.
Concorrência das bets
O vice-presidente de finanças e controladoria da Caixa, Marcos Brasiliano, afirmou que o banco tem tudo para ter seu pedido para atuar como operador de apostas esportivas (bets) aprovado pelo governo. “A partir disso vamos definir o modelo de negócios, como vai funcionar, mas, no caso da Caixa, mantendo a destinação social que já existe nas loterais”, comentou durante painel na 25ª Conferência Anual do Santander.
Segundo ele, a concorrência das bets com as loterias tradicionais é muito baixa e um produto não deve canibalizar o outro. “Faz total sentido para nós atuarmos nesse segmento, que cresceu muito no Brasil. Ter um player do tamanho da Caixa nesse mercado ajuda, uma empresa pública, com experiência em jogos responsáveis, preocupação com o apostador.”
Na semana passada, a Caixa já havia dito que pretende se tornar um dos principais player entre as bets.
Lucíola Vasconcelos, CEO da Caixa Loterias, afirmou que a instituição estima que as bets devem representar, no futuro, cerca de 50% da arrecadação das loterias tradicionais. No primeiro semestre deste ano, as loterias arrecadaram R$ 12,3 bilhões, valor 19% maior que o apurado no mesmo período do ano anterior.