Avon pede proteção aos credores nos EUA

O grupo brasileiro pretende fazer uma oferta no processo de recuperação judicial pelos ativos operacionais da marca, no valor de US$ 125 milhões

A Avon entrou ontem com pedido de proteção aos credores (Chapter 11) na Justiça de Delaware, nos Estados Unidos. A empresa serve como subsidiária não operacional da Natura (NTCO3) e holding da marca de beleza nos EUA. O grupo brasileiro pretende fazer uma oferta no processo de recuperação judicial pelos ativos operacionais da marca, no valor de US$ 125 milhões.

Os ativos operacionais da companhia estão sob o guarda-chuva da Avon presente em 37 países na Europa, Ásia e África.

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A Natura pretende fazer um empréstimo de US$ 43 milhões para essa subsidiária durante o seu processo de recuperação e quer usar os créditos no leilão de compra desses ativos, se for a melhor proposta à mesa no processo. A Natura é a maior credora dessa holding.

No início do ano, a Natura anunciou planos de segregar os ativos da Avon Internacional dos negócios da América Latina.

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Chapter 11: o que isso significa?

O pedido de proteção aos credores na Justiça americana freia estudos estratégicos da empresa. Há análises em curso para uma possível separação dos ativos da companhia internacional com a da Natura.

A ideia era listar os ativos fora da América Latina na bolsa, vender fatia ou mesmo os ativos separadamente.

A compra da Avon pela Natura, anunciada em maio de 2022, que avaliava os ativos à época em cerca de US$ 2 bilhões, era mais um passo importante ao processo de internacionalização do grupo brasileiro. Como efeito, a operação foi aprovada no ano seguinte.

No processo de aquisição, feito por troca de ações, os acionistas da Avon ficaram com 24% do negócio — o restante ficou nas mãos do grupo brasileiro.

Endividamento elevado

No entanto, desde a pandemia, as aquisições da Natura fora do país pesaram no endividamento da companhia. De lá para cá, o grupo vendeu dois importantes símbolos do processo de internacionalização da companhia — a marca de luxo Aesop, por US$ 2,6 bilhões para a francesa L’Oréal, e The Body Shop, por 207 milhões de libras, para a gestora Aurelius, por um quinto do 1 bilhão de libras pago pelo ativo.

O desafio estava na reestruturação da Avon Internacional, presente em 37 países na Europa, Ásia e África.

Com a venda dos dois importantes ativos fora do Brasil, os planos da Natura são focar os seus esforços nas operações da América Latina. A companhia vê sinergia entre as operações da Natura e Avon na região latino-americana.

Do pacote de 37 países da Avon Internacional, são poucos os mercados mais relevantes para essa divisão de negócio, como parte do leste europeu, África, Oriente Médio e a Ásia. A Rússia tornou-se um ponto sensível, sobretudo com a guerra na Ucrânia. Em algumas regiões, a Avon deve limitar sua presença à distribuição de produtos.

Venda da Aesop

A venda da Aesop foi importante para reduzir a alavancagem. Já com o desinvestimento da The Body Shop, o objetivo foi a simplificação estratégica do grupo. Isso porque essa marca tinha uma atuação menor no varejo no Brasil. Entretanto, muito grande, especialmente na Inglaterra, Estados Unidos e Austrália. The Body Shop foi bem impactada pela covid-19, como outras operações de varejo.

Fabio Barbosa é o executivo à frente do processo de reestruturação da Natura. Ele estava no conselho de administração da companhia. O principal objetivo do executivo é reverter o alto endividamento e botar a Natura em rota de crescimento.

Natura quer popularizar as vendas da Avon no Brasil

No mercado brasileiro, a Natura quer popularizar as vendas da Avon também no varejo físico. A companhia de beleza anunciou uma parceria com a Soneda para comercializar os produtos da Avon em lojas na capital paulista e também no interior de São Paulo.

Em 2023, a Natura teve lucro líquido de R$ 2,9 bilhões, revertendo prejuízo de R$ 2,8 bilhões do ano anterior, e encerrou o ano com caixa líquido de R$ 1,7 bilhão.

O quarto trimestre, porém, teve prejuízo de R$ 2,7 bilhões. Com a venda da Aesop, R$ 7,6 bilhões foram para pagar dívidas, que, em 2022, estavam em R$ 7,4 bilhões. A companhia anunciou pagamento de dividendos de quase R$ 1 bilhão.

Com informações do Valor Econômico.

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