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O aumento da taxa Selic e a demanda por financiamento imobiliário devem elevar as taxas de juros do crédito imobiliário. Representantes de bancos e incorporadoras, como Itaú BBA e Bradesco, destacam que a menor participação da poupança encarece os empréstimos. A Cyrela e a EZTec adaptam-se à nova realidade, com mais presença de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). A demanda por financiamento direto dos incorporadores aos clientes também cresce. O consumidor de média e alta renda enfrenta mais dificuldades com o funding.
O aumento da taxa Selic, o mercado imobiliário com vendas aquecidas e uma poupança com saldo estável, que não acompanha a demanda por financiamento, devem resultar em aumento das taxas de juros do crédito imobiliário.
Essa é a impressão de representantes de bancos e de incorporadoras que participam do Incorpora, fórum da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que acontece nesta terça-feira (24), em São Paulo.
Itaú BBA
Bruno Bianchi, sócio e diretor e negócios imobiliários e grandes empresas do Itaú BBA, ressaltou que, de 2018 para cá, a participação da poupança no total do financiamento do setor imobiliário caiu para um terço do que era.
Como é o dinheiro mais “barato” para captação, as suas alternativas encarecem os empréstimos.
Segundo ele, o aumento da Selic para 10,75% já está precificado nas taxas atuais, porque os bancos olham a curva de juros de longo prazo.
Mas, se o movimento continuar, podem acontecer altas na taxa de financiamento imobiliário ao cliente, o que afeta o poder de compra.
Bradesco
Thiago Lisboa, superintendente executivo de empréstimos e financiamentos do Bradesco, afirmou que o mercado de crédito imobiliário no Brasil tem, historicamente, uma taxa 1,5 ponto percentual menor do que a Selic.
Isso também porque o financiamento imobiliário é um produto que gera fidelidade do cliente.
Agora, porém, com a menor participação da poupança, os bancos estão “mais suscetíveis a repassar esse preço” ao consumidor.
Cyrela
Miguel Mickelberg, diretor financeiro da Cyrela, afirmou que as empresas conseguem se adaptar a essa realidade.
A Cyrela, por exemplo, tinha 75% do seu “funding” vindo de recursos da poupança, via financiamento imobiliário do tipo Plano Empresário.
Mas hoje recuou essa parcela para 50%, com mais presença de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).
Para ele, é o consumidor de média e alta renda que tem mais dificuldade com “funding”.
EZTec
Apesar disso, os participantes do painel ressaltaram que o consumidor ter mantido a demanda.
Emilio Fugazza, diretor financeiro da EZTec, analisou que há mais demanda por financiamento imobiliário direto dos incorporadores aos clientes.
Embora isso ainda seja incipiente, porque algumas pessoas já não conseguem mais se encaixar no financiamento bancário.