O que é o Bluesky, rede criada por fundador do Twitter que já atraiu 1 milhão de brasileiros após bloqueio do X

Plataforma que recebeu enxurrada de brasileiros nos últimos dias começou como um projeto do próprio Twitter

Logo da rede social Bluesky. Foto: Divulgação
Logo da rede social Bluesky. Foto: Divulgação

É uma rede diferente, mas é muito parecida. Essa é a impressão de muitos brasileiros que acessaram o Bluesky desde sexta-feira (30), quando o X (antigo Twitter) foi suspenso no Brasil por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As semelhanças não são mera coincidência. O Bluesky também foi criado por Jack Dorsey, fundador do Twitter, vendido em 2022 para o bilionário Elon Musk. A rede também funciona com um microblog e até o aspecto com a cor azul e o tamanho dos posts lembra os velhos tempos do Twitter.

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O Bluesky não tem algumas funções que o X possui, como os trending topics, mas a rede se tornou uma das plataformas que absorveram usuários desde a suspensão do antigo Twitter. A concorrência principal até agora é o Threads, o microblog lançado em 2023 pela Meta (M1TA34), a empresa que também é dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp.

De acordo com o Bluesky, 1 milhão de novos usuários se cadastrou no aplicativo nos primeiros três dias depois que o X foi suspenso no Brasil. Na última semana como um todo, foram 2 milhões de novas contas abertas na plataforma.

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O que é a rede social Bluesky

O Bluesky surgiu como um projeto interno do Twitter em 2019. Dois anos depois, em 2021, se tornou uma rede social independente. A proposta era ser uma “rede descentralizada”, com um código aberto em que outros desenvolvedores possam plugar ferramentas e construir coletivamente a plataforma.

De acordo com o Bluesky, isso acontece na rede através do Protocolo AT. Segundo a empresa, trata-se de “um protocolo para conversas públicas e uma estrutura de fontes abertas para construir apps sociais, significando que as pessoas têm transparência sobre o que foi construído e o que está sendo desenvolvido”.

Uma das características seria permitir que informações pessoais e perfis possam migrar entre plataformas, se os usuários desejarem. Hoje, por exemplo, os perfis não são transferíveis entre diferentes redes sociais, como X e Threads.

“Isso [o Protocolo AT] cria um formato padrão para a identidade do usuário, seguidores e dados em apps sociais, permitindo aplicativos para interoperarem e os usuários para se moverem entre eles livremente. É uma rede federada com portabilidade das contas”, explica a empresa.

O aplicativo entrou em circulação em 2023. No entanto, passou um ano sendo restrito a usuários convidados por outros. Havia uma cota de convites, que ficava à disposição para os primeiros inscritos convidarem outros. O crescimento gradual visava evitar que a capacidade da plataforma estourasse.

Os cadastros se tornaram abertos em fevereiro de 2024, quando o Bluesky possuía já cerca de 3 milhões de usuários. Portanto, bem a tempo de o aplicativo poder receber novos perfis quando o X foi suspenso no Brasil.

Jack Dorsey e Jay Graber no Bluesky

Jack Dorsey foi um dos fundadores do Twitter em 2006 e trabalhou como CEO da rede social em duas oportunidades. A primeira se deu na largada da empresa até o ano de 2008 e a segunda ocorreu entre 2015 e 2021.

Nesse segundo período, a rede social se tornou um tema da política americana quando decidiu em 8 de janeiro de 2021 banir o perfil do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A decisão veio na sequência de apoiadores de Trump invadirem o Capitólio para tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden.

Quando anunciou a saída do comando do Twitter, em novembro daquele ano, Dorsey afirmou que chegou a hora da empresa mudar de fase. “Eu trabalhei duro para que essa companhia possa romper com a sua fundação e fundadores”, disse então.

Em maio de 2024, Dorsey deixou também o conselho de administração do Bluesky. A líder do “novo Twitter” é Jay Graber, de 33 anos.

A desenvolvedora é uma entusiasta da ideia do formato aberto da rede social e se candidatou para trabalhar no projeto quando ele ainda estava alocado no Twitter. Aprovada na seleção, Graber se tornou a primeira e única CEO do Bluesky quando a rede se tornou uma empresa independente.

Novo aplicativo brasileiro?

O Bluesky comemorou a chegada dos usuários brasileiros. Em uma publicação na própria plataforma, a empresa compartilhou um meme e escreveu “agora este é um aplicativo brasileiro”.

Nos comentários, usuários lembraram da rede indiana Koo, que recebeu uma enxurrada de perfis brasileiros após a compra do Twitter por Elon Musk.

Na época, o Koo chegou a anunciar uma série de melhorias técnicas mirando os falantes de português. Contudo, foi uma passagem temporária e com o tempo a atividade da rede arrefeceu.

Há expectativas agora sobre a migração dos brasileiros para aplicativos como Bluesky e Threads e o que acontecerá caso o X volte ao ar no país. Por exemplo, se esse aumento de atividade nessas redes se manteria ou se os usuários retornariam ao X.

O X pode voltar? Entenda

Especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira acreditam que a única forma de o X voltar a operar no Brasil seria a empresa de Elon Musk ceder a parte das determinações das decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Particularmente, o X deveria acatar a decisão de indicar um representante legal no Brasil e se comprometer a cumprir as futuras decisões da Justiça. Por outro lado, parte dos especialistas vê espaço para a revisão de multas impostas pelo Supremo contra a rede social. Hoje, para que a suspensão seja revertida, a decisão de Moraes prevê que as multas devam ser pagas.

Em paralelo, o Partido Novo ingressou com uma ação no STF pedindo uma reavaliação da suspensão do X. A ação está sob a relatoria do ministro Nunes Marques, que até o momento da publicação desta reportagem ainda não tomou uma decisão a respeito do tema.

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