Quem briga por título? Quem cai? Uma previsão baseada nas finanças para o Brasileirão 2025

Vai começar a temporada adulta do futebol brasileiro. Com o início do Campeonato Brasileiro, o Brasileirão 2025, e da fase de grupos da Copa Libertadores teremos as competições que valem de verdade, e que em 2025 ganharam um ‘parceiro rico’, o Mundial de Clubes. O que esperar do ano? Vamos tentar falar sobre isso nas próximas linhas.
Antes de mais nada, o objetivo não é avaliar apenas o futebol dentro de campo, mas a combinação entre o que ocorre fora e tem impacto nos 90 minutos de cada uma das 38 partidas do Brasileirão e a série de jogos da Libertadores.
Futebol se analisa assim. Ver o campo sem entender o que se passa fora é um erro, da mesma maneira que tratar dos números sem levar em conta que a atividade de um clube de futebol é jogar futebol profissional e buscar títulos é outra falha inaceitável.
Vamos começar com uma limitação
Vamos falar do principal período do ano esportivo sem ter a menor ideia de como o ano anterior terminou. Isso já tendo finalizados os campeonatos estaduais e uma janela relevante de transferências de atletas, com muito mais contratações que vendas.
É quase um voo cego, e me faz reforçar algo que tenho insistido recorrentemente: a lei de prestação de informações precisa mudar. Os clubes de futebol, associações ou SAFs, tem de ser obrigados a entregar balancetes trimestrais com notas explicativas e publicar as demonstrações do ano até 15 de fevereiro do ano seguinte.
É fundamental entendermos que a indústria do futebol lida com uma componente de paixão que é a máquina que fez o negócio funcionar.
Informar, explicar, trazer a informação correta, justificar o que foi feito e o que não foi feito ao torcedor é a melhor maneira de respeitar quem paga a conta.
Dessa maneira, tentando fazer um exercício de ‘passadologia’, ou seja, imaginando o que houve em 2024, passando pelo início de 2025 e considerando as características de cada clube e do mercado atualmente, vamos ao que se pode esperar de 2025.
2024 refletiu em parte o que se esperava
Começando por 2024, o resultado em campo refletiu apenas parte do que poderia se esperar no início da temporada. O esperado: a conquista da Copa do Brasil pelo Flamengo e a briga do Palmeiras pelo título da Série A até o final do torneio.
Já a conquista do Brasileirão e da Libertadores pelo Botafogo não eram favas contadas e vieram turbinadas por um aumento de dívidas em função das contratações que permitiram um time forte. Dentro de campo veio o resultado, mas fora dele é difícil avaliar o impacto do ano.
As muitas vendas de atletas no início de 2025 indicam que a conta chegou.
O Atlético-MG fazendo duas finais não chegou a ser uma surpresa porque ainda conta com uma estrutura cara. O que será do Galo em 2025, que vendeu jogadores e ainda tem que lidar com uma dívida bem acima do ideal é uma incógnita.
Aliás, falando em dívidas, o ano de 2024 foi catastrófico para São Paulo e Corinthians, com desempenhos nada animadores e dívidas que atingiram níveis próximos ao insustentável.
Futebol brasileiro: o que esperar de 2025
Importante considerar um aspecto da avaliação: por vezes, mesmo times endividados e com custos acima da capacidade, podem ser candidatos a boas performances, justamente porque não temos controles de gastos. E sem controles é possível ver clubes que atrasam pagamentos e salários com elencos e competitividade acima de quem opera no equilíbrio. O famoso doping financeiro.
Contextualizando o momento da indústria, se em 2024 o futebol teve mais dinheiro para operar vindo dos patrocínios das casas de apostas e dos donos das SAFs, em 2025 a expectativa é de ainda mais dinheiro.
Primeiro porque vários clubes terão contratos de patrocínios com as bets ainda mais turbinados. Depois, porque o novo ciclo de direitos de transmissão vai aportar mais dinheiro ao mercado, mas também equilibrar a distribuição, o que significa mais gente com dinheiro.
E, claro, ainda temos acionistas de SAFs jorrando dinheiro no mercado, como é o caso do Cruzeiro, e mesmo o Bahia com o suporte do Grupo City.
SAF, Bahia e Cruzeiro
Até quando isso será possível não sabemos, mas certamente os árabes têm mais fôlego e estrutura que os brasileiros. Além desses dois, outras SAFs entram em momento de maior controle, como o Galo que parece mais preocupado em dar cabo da dívida, o Vasco tentando sobreviver, o Red Bull e sua gestão que precisa desesperadamente da ação de Jurgen Kloop.
Ah! Tem o Botafogo, que está reestruturando elenco e se endividando para mandar dinheiro para o agora primo pobre Lyon.
As associações fazem o possível, mas geralmente o impossível.
O Grêmio aparentemente mais controlado, mas limita a competitividade. O Internacional vem com elenco forte de 2024, mas sabe-se lá como estão fechado as contas. Tem mais capacidade competitiva que o rival gaúcho, mas operando acima do que se pode chamar de sustentável.
Santos, Corinthians e São Paulo: problemas
O Santos gastando o que pode e (mais ainda) o que não pode, aguardando o que será da relação com Neymar. O Corinthians parecendo não estar preocupado com o tamanho dos problemas, mantendo uma equipe qualificada, mas já sendo impactado pela eliminação da Libertadores.

O São Paulo precisando sair do atoleiro, o que demanda mais capacidade de gestão para operar com as limitações óbvias do momento, e parecendo mais preocupado em tirar um coelho da cartola com a venda das categorias de base do que em qualificar a gestão, bastante ruim do ponto-de-vista esportivo.
Rio de Janeiro e Nordeste
No Rio de Janeiro o Fluminense fala em SAF, mas espera mesmo é receber um bom dinheiro pela participação no Mundial de Clubes. Serão uns R$ 120 milhões que aliviarão a pressão do ano, ainda que sejam água em chapa quente porque é pouco frente às necessidades.
No Nordeste aparentemente tudo em paz, como diria Renato Russo.
Além do Bahia, o Vitória tem feito um trabalho aparentemente organizado – digo aparentemente porque não temos dados para comprovar isso – e dentro das possibilidades. O Fortaleza segue forte, apesar de mais um início ruim na temporada.
O Ceará e o Sport devem voltar sem grandes pretensões dado suas receitas. Se souberem fazer um trabalho eficiente na área esportiva brigarão pela manutenção, o que vale para Juventude e Mirassol, que parece ser a carta marcada de 2025.
Queimarei a língua? Espero, porque o trabalho lá é bom.
Esqueci de alguém?
Ah, sim: Flamengo e Palmeiras. Mas aqui nenhuma novidade, pois ambos seguem sendo os clubes mais fortes financeiramente do País, o que se traduz nos maiores candidatos aos títulos de 2025.

Mesmo com ajustes em campo aqui e ali, são os clubes que iniciam o ano com maior poderio financeiro, elencos fortes, caixa turbinado pela venda de atletas e pelo dinheiro do Mundial. Impossível não dizer que são aqueles com maiores chances de conquistas, pelo menos considerando o que foi feito até aqui, fruto do que vem sendo feito há uns bons 10 anos.
Em resumo:
- Brigam por títulos: Flamengo e Palmeiras
- Devem ter boas colocações: Internacional, Corinthians, Atlético-MG
- Do meio para cima da tabela: Grêmio, Santos, São Paulo, Botafogo, Cruzeiro, Bahia, Fortaleza
- Do meio para baixo: Fluminense, Vasco, Red Bull Bragantino
- Contra o rebaixamento: Juventude, Mirassol, Ceará, Vitória e Sport
Agora, dado a falta de informações e o comportamento agressivo dos clubes na formação de elencos, pode ser que o Campeonato Brasileiro de 2025 seja uma grande Corrida Maluca, onde há sempre o risco do vencedor não ser a Penélope Charmosa.
Leia a seguir