Braskem defende medidas estruturais para resgatar competitividade do setor

A Braskem voltou a alertar sobre a necessidade de adoção de medidas mais profundas para retomar a competitividade da indústria química brasileira, que vem encolhendo na última década. A companhia segue avaliando a possibilidade de fechamentos de capacidade no país, dado o cenário crítico, indicou o vice-presidente de finanças, suprimentos e relações institucionais da petroquímica, […]

A Braskem voltou a alertar sobre a necessidade de adoção de medidas mais profundas para retomar a competitividade da indústria química brasileira, que vem encolhendo na última década. A companhia segue avaliando a possibilidade de fechamentos de capacidade no país, dado o cenário crítico, indicou o vice-presidente de finanças, suprimentos e relações institucionais da petroquímica, Pedro Freitas.

“Temos estudos em andamento avaliando [potencial fechamento de capacidades]. A Braskem está rodando com [taxa de ocupação] de 70%, 75%, então eventualmente poderia fechar alguma capacidade para ter ganho de eficiência. Mas ainda não temos uma decisão. É [um processo] muito complexo”, disse.

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Conforme o executivo, o elevado grau de integração das operações brasileiras torna a decisão de fechamento de capacidade mais complexa. “Com esse grau de integração, não tem uma situação óbvia. Mas tem algumas plantas menos rentáveis”, acrescentou.

Além de continuar com estudos nessa direção, comentou Freitas, a Braskem continua apoiando as conversas entre a entidade que representa a indústria, a Abiquim, e o governo federal, em busca de medidas que contribuam para a retomada da rentabilidade do setor.

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“Se houver uma decisão do governo, que mude o patamar de rentabilidade [de forma estrutural, e não temporária], mudam também as nossas decisões”, acrescentou.

Conforme Freitas, a Braskem reconhece o esforço recente do governo em dar maior suporte à indústria, com a elevação temporária da alíquota de importação, para 20%, de uma série de produtos químicos e petroquímicos, incluindo polietileno (PE), polipropileno (PP) e PVC. Mas entende que esse é apenas um “primeiro passo”.

“Quando se fala de medidas mais definitivas, há duas ou três frentes de trabalho”, disse, referindo-se às iniciativas da indústria brasileira. Um novo programa de incentivo tributário atrelado a novos investimentos, que está em fase final de elaboração pela Abiquim, é uma das frentes.

No curto prazo, a retomada dos incentivos originais do Regime Especial da Indústria Química (Reiq), é uma das frentes. Hoje, o benefício fiscal na aquisição de matérias-primas está em 0,7% do custo. Originalmente, a redução era de 8%. Em outra frente, Braskem e Unipar pediram ao governo uma revisão das tarifas antidumping aplicadas sobre o PVC.

Além disso, o setor pleiteia a maior disponibilidade de etano e propano, a partir do gás proveniente do pré-sal, para uso como matéria-prima na indústria.

Freitas apontou ainda que uma eventual elevação do protecionismo na futura gestão Trump, nos Estados Unidos, favoreceria suas operações no país. Hoje, o braço americano é responsável por algo entre 15% e 20% do resultado operacional (Ebitda) da companhia brasileira.

Naquele país, a Braskem produz polipropileno e tem a indústria automotiva como importante cliente. Logo, se as medidas do novo governo resultarem em estímulo às montadoras, a petroquímica também seria beneficiada.

Contudo, um potencial maior protecionismo americano tornaria ainda mais importante uma medida estrutural de apoio à indústria química brasileira, a sexta maior do mundo, disse.

“Se os Estados Unidos se fecham mais [às importações], esse produto virá para o Brasil”, comentou. A Abiquim vem alertando há mais de um ano para um surto de importações, sobretudo de origem chinesa, que tem pressionado as taxas de operação das indústrias instaladas no Brasil.

“Acreditamos que uma ação forte do governo em defesa da competitividade brasileira é necessária para que se mantenha essa indústria viva no Brasil”, disse. “É fundamental uma ação do governo na busca da defesa de sua indústria”.

*Com informações do Valor Econômico

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