Copel (CPLE6) vende empresa de distribuição de gás para Compass por R$ 906 milhões
A transação segue em linha com o plano da elétrica paranaense de descarbonizar seu portfólio e focar no segmento de energia elétrica
A Copel (CPLE6) anunciou na quarta-feira (10) que vendeu o bloco de controle (51%) da distribuidora de gás Compagas para a Compass, empresa de gás natural do grupo Cosan (CSAN3), por R$ 906 milhões. A transação segue em linha com o plano da elétrica paranaense de descarbonizar seu portfólio e focar no segmento de energia elétrica. Pelo lado da Cosan, a transação fortalece a presença da empresa de Rubens Ometto no Sul do Brasil.
O pagamento pelo “equity” (participação acionária) será de 40% no fechamento da operação, 30% até 31 de dezembro de 2025 e 30% até 31 de dezembro de 2026. A data-base da transação é 31 de dezembro de 2023, considerando uma dívida líquida total da Compagas de R$ 182,8 milhões.
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A Compagas tem ainda como acionistas a japonesa Mitsui, com 24,5%, e a Commit Gás, com 24,5% (ex-Gaspetro e que também tem a Compass e a Mitsui como sócios). Com uma rede de distribuição de mais de 880 quilômetros de extensão, a Compagas atende 54 mil clientes que consomem diariamente cerca de 800 mil metros cúbicos de gás canalizado em 15 municípios do Estado.
Ao Valor, os executivos das empresas dizem que a operação visa a estreitar as sinergias: a da Copel no setor elétrico; e a da Compass no mercado de gás.
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“A venda faz parte da nossa estratégia de descarbonização da matriz […]. São R$ 906 milhões pelo ‘equity’ da Copel e nosso objetivo é que esse recurso reforce o plano de investimento da companhia e deve balizar as decisões de pagamento de dividendos ordinários e extraordinários”, diz o presidente da Copel, Daniel Slaviero.
Essa ainda é uma deliberação a ser tomada pelo conselho da antiga estatal, já que a Copel tem compromissos como o pagamento do bônus de outorga de três hidrelétricas e aportes nos segmentos de distribuição, geração, transmissão e comercialização de energia.
Desde 2022 a Copel buscava um comprador para o empreendimento e recentemente renovou a concessão da Compagas por 30 anos, até 2054, para tornar o ativo mais atraente ao mercado. Já a Compass, no segmento de distribuição de gás, detém participação em várias distribuidoras e gerencia o negócio por meio da Comgás e da Commit.
O mercado já especulava que ela seria uma compradora natural, já que nunca negou interesse de comprar o controle da empresa paranaense de gás e a transação foi condicionada ao não exercício do direito de preferência da Mitsui e da Commit para adquirir a participação da Copel.
A Compagas cresceu 9,1% em 2023. O diretor-presidente da Compass, Antonio Simões, frisa que essa é uma oportunidade de ser mais relevante em um Estado promissor em termos de crescimento e com capacidade para ampliar a rede de gasodutos.
“Ao mesmo tempo que estamos realizando uma transação de saída de alguns ativos do Nordeste, a gente tem uma intenção de focar em ativos que têm potencial de destravar valor […] e com o controle da Compagas temos a chance de implementar nosso modelo de gestão e aproveitar o potencial do Estado do Paraná”, afirma Simões.
O executivo se refere ao acordo que a Infra Gás detém com a Compass para compra dos 51% na Norgás, holding que tem participações nas concessionárias Cegás (CE), Copergás (PE)e Algás (AL). O compromisso foi assumido pela Compass para garantir o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na compra da fatia da Petrobras na antiga Gaspetro, em 2022, por R$ 2,1 bilhões, e para evitar concentração de mercado.
Simões garante que o plano para os próximos cinco anos da Compagas permanece. Recentemente a Compagas anunciou investimentos de R$ 505 milhões e a entrada na cadeia do biometano, um combustível renovável que tem aplicações similares ao do gás natural. Ele reforça ainda que o investimento também atende o projeto de descarbonização do portfólio da Compass, já que recentemente a Compagas entrou no segmento de biometano.
No momento em que o negócio é anunciado, a Copel se torna uma empresa com geração 100% renovável. A empresa tem ainda a usina a carvão de Figueira, de 20 megawatts (MW), que representa menos de 1% de sua potência instalada, mas decidiu paralisar a operação comercial da termelétrica e aguardar a decisão do governo federal sobre a devolução da concessão, o que despertou o interesse de alguns grupos econômicos.
No caso da Compass, a empresa vem sendo um “player” importante no redesenho da distribuição de gás Brasil depois que assumiu o controle da Commit e foca sua atuação na região Centro-Sul do Brasil. A conclusão do negócio está sujeita à análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da agência reguladora estadual, a Agepar.
Com informações do Valor Econômico