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Corinthians vale R$ 3,8 bilhões, diz consultoria; clube seria a 121ª empresa mais valiosa da bolsa
Empresas citadas na reportagem:
O Corinthians pode receber uma proposta de compra da OTB Sports, liderada pelos empresários Bruno Paiva, filho do ex-jogador da seleção brasileira Mario Sérgio, e Marcelo Goldfarb, herdeiro das lojas Marisa. A empresa confirmou interesse em adquirir o clube brasileiro via SAF. A proposta incluiria também a resolução da dívida do clube e uma posterior abertura de capital na bolsa.
O valor do clube giraria em torno de R$ 3,8 bilhões, segundo a consultoria Convocados, responsável pela divulgação de relatórios e estudos sobre as finanças de clubes brasileiros.
Assim, a consultoria desenvolveu uma metodologia de valuation de clubes de futebol baseada em modelos usados na Europa. Onde Manchester United, da Inglaterra, e Juventus, da Itália, por exemplo, têm capital aberto.
“Na Europa, é comum usarem referências de múltiplos de receitas”, explica César Grafietti, economista e um dos responsáveis pela criação desse modelo de análise de valor para clubes de futebol no Brasil.
Assim, também esta linha do balanço é utilizada no modelo criado pela Convocados.
No maior mercado de futebol do mundo, é comum multiplicar por duas ou três vezes a receita do clube para achar o valor de mercado.
“Mas para clubes muito grandes, o múltiplo fica irreal, vide Manchester United e Chelsea”, destaca Grafietti.
Por isso, a conta de quanto vale um clube de futebol depende de adaptações.
Para o Brasil, Grafietti aponta que o mais apropriado é multiplicar a receita do clube pela capacidade competitiva da instituição. Ao menos, esse é o modelo desenvolvido por ele e seus pares na Convocados.
Cálculo de valor de mercado de um clube de futebol
A metodologia criada pela Convocados coloca o Corinthians na primeira prateleira (ou cluster) de competitividade do futebol nacional. E isso não tem nada a ver com os resultados em campo. Mas com a capacidade de arrecadação do clube.
O Corinthians teve receita superior a R$ 900 milhões na temporada de 2023. Isso coloca o clube com mais de R$ 100 milhões de folga na lista de instituições da primeira prateleira.
Esse cluster, segundo a Convocados é composto por times que tiveram mais de R$ 788 milhões de receita. Valor mínimo arrecadado por clubes que terminaram como campeões brasileiros nos últimos cinco anos (Atlético Mineiro, Palmeiras e Flamengo).
A construção das prateleiras ou clusters que permitem fazer o valuation de clubes de futebol leva em conta competitividade por receita.
- Prateleira 1: 4,14 vezes a receita do clube (para clubes com receita acima de R$ 788 milhões por ano)
- Prateleira 2: 3,18 vezes a receita do clube (para clubes com receita entre 605 milhões e R$ 788 milhões)
- Prateleira 2-b: 2,43 vezes a receita do clube (para clubes com receita entre 282 milhões e R$ 462 milhões)
- Prateleira 3: 1,49 vez a receita do clube (para clubes com receita entre R$ 190 milhões e 282 milhões)
- Prateleira 4-a: 0,95 vez a receita do clube (para clubes com receita entre R$ 140 milhões e R$ 190 milhões)
- Prateleira 4-b: 0,85 vez a receita do clube (para clubes com receita abaixo de R$ 140 milhões)
Valor de mercado do Corinthians: entenda o cálculo
Assim, aplicada a receita de 2023 do Corinthians, de cerca de R$ 900 milhões sobre o múltiplo da primeira prateleira (4,14), o valor de mercado do clube seria de aproximadamente R$ 3,8 bilhões.
Se fosse aplicada sobre a média de 2022 e 2023, o valor seria um pouco inferior, de R$ 3,5 bilhões.
Então, se o Corinthians abrisse capital na bolsa de valores, com esses valores a instituição entraria na bolsa entre as 130 empresas mais valiosas da B3.
Corinthians teria valor semelhante ao da MRV
Dessa maneira, o Corinthians ocuparia a 121ª posição entre as empresas mais valiosas da bolsa se fosse considerada apenas a receita de 2023* para cálculo do valuation do clube. Com valor semelhante ao da MRV, grupo cujo dona controla o Atlético Mineiro e a Arena MRV, onde o clube de futebol mineiro atua.
Dessa forma, o Corinthians teria valor de mercado maior que o de grandes grupos como Guararapes, dono da Riachuelo, e Cogna, que opera a Universidade Anhanguera.
Se fosse usada a média dos dois últimos anos**, o Corinthians ainda estaria entre as 130 empresas mais valiosas da bolsa, junto com Iguatemi, dono da rede de shoppings, e Ambipar, de gestão ambiental.
Veja.
Posição | Empresa | Valor de mercado |
118ª | Minerva | R$ 4,00 bilhões |
119ª | MRV | R$ 3,91 bilhões |
120ª | Randon | R$ 3,81 bilhões |
* | Corinthians | R$ 3,8 bilhões |
121ª | Guararapes | R$ 3,78 bilhões |
122ª | Cosern | R$ 3,75 bilhões |
123ª | Tupy | R$ 3,68 bilhões |
124ª | Banco BRB | R$ 3,66 bilhões |
125ª | Armac | R$ 3,62 bilhões |
126ª | Ferbasa | R$ 3,60 bilhões |
127ª | Cogna | R$ 3,53 bilhões |
128ª | Ambipar | R$ 3,50 bilhões |
129ª | Iguatemi | R$ 3,50 bilhões |
** | Corinthians | R$ 3,5 bilhões |
130ª | Orizon | R$ 3,48 bilhões |
Corinthians valeria R$ 1,5 bilhão após abatimento das dívidas
O Corinthians é o clube com a maior dívida entre clubes de futebol hoje no Brasil. Juntando a dívida da Neo Química Arena, estádio do clube, os débitos superam os R$ 2 bilhões. Nesse sentido, depois de resolvidas as pendências, o clube ainda valeria R$ 1,5 bilhão.
Apesar da mordida que o clube sofreria após pagamentos dos débitos, o seu valor ainda segue bastante alto na comparação com outros clubes de primeira divisão.
O Botafogo, por exemplo, um dos exemplos de SAF bem-sucedida no futebol brasileiro, tem hoje valor negativo de R$ 800 milhões, se levada em conta a dívida do clube em dezembro de 2023. Os dados também são da Convocados.
A presidência do Corinthians diz que não há intenção de vender o clube e também não há processo de preparação para SAF para adequação do estatuto do clube para uma possível venda.
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