Corinthians vale R$ 3,8 bilhões, diz consultoria; clube seria a 121ª empresa mais valiosa da bolsa

Corinthians teria 'valuation' semelhante ao de Minerva e MRV, do mesmo grupo que controla o Atlético-MG, segundo modelo criado pela consultoria Convocados

Neo Química Arena, estádio do Corinthians localizado no bairro de Itaquera, na zona leste de São Paulo. Foto: José Manoel Idalgo/ Ag. Corinthians
Neo Química Arena, estádio do Corinthians localizado no bairro de Itaquera, na zona leste de São Paulo. Foto: José Manoel Idalgo/ Ag. Corinthians

O Corinthians pode receber uma proposta de compra da OTB Sports, liderada pelos empresários Bruno Paiva, filho do ex-jogador da seleção brasileira Mario Sérgio, e Marcelo Goldfarb, herdeiro das lojas Marisa. A empresa confirmou interesse em adquirir o clube brasileiro via SAF. A proposta incluiria também a resolução da dívida do clube e uma posterior abertura de capital na bolsa.

O valor do clube giraria em torno de R$ 3,8 bilhões, segundo a consultoria Convocados, responsável pela divulgação de relatórios e estudos sobre as finanças de clubes brasileiros.

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Assim, a consultoria desenvolveu uma metodologia de valuation de clubes de futebol baseada em modelos usados na Europa. Onde Manchester United, da Inglaterra, e Juventus, da Itália, por exemplo, têm capital aberto.

“Na Europa, é comum usarem referências de múltiplos de receitas”, explica César Grafietti, economista e um dos responsáveis pela criação desse modelo de análise de valor para clubes de futebol no Brasil.

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Assim, também esta linha do balanço é utilizada no modelo criado pela Convocados.

No maior mercado de futebol do mundo, é comum multiplicar por duas ou três vezes a receita do clube para achar o valor de mercado.

“Mas para clubes muito grandes, o múltiplo fica irreal, vide Manchester United e Chelsea”, destaca Grafietti.

Por isso, a conta de quanto vale um clube de futebol depende de adaptações.

Para o Brasil, Grafietti aponta que o mais apropriado é multiplicar a receita do clube pela capacidade competitiva da instituição. Ao menos, esse é o modelo desenvolvido por ele e seus pares na Convocados.

Cálculo de valor de mercado de um clube de futebol

A metodologia criada pela Convocados coloca o Corinthians na primeira prateleira (ou cluster) de competitividade do futebol nacional. E isso não tem nada a ver com os resultados em campo. Mas com a capacidade de arrecadação do clube.

O Corinthians teve receita superior a R$ 900 milhões na temporada de 2023. Isso coloca o clube com mais de R$ 100 milhões de folga na lista de instituições da primeira prateleira.

Esse cluster, segundo a Convocados é composto por times que tiveram mais de R$ 788 milhões de receita. Valor mínimo arrecadado por clubes que terminaram como campeões brasileiros nos últimos cinco anos (Atlético Mineiro, Palmeiras e Flamengo).

A construção das prateleiras ou clusters que permitem fazer o valuation de clubes de futebol leva em conta competitividade por receita.

  • Prateleira 1: 4,14 vezes a receita do clube (para clubes com receita acima de R$ 788 milhões por ano)
  • Prateleira 2: 3,18 vezes a receita do clube (para clubes com receita entre 605 milhões e R$ 788 milhões)
  • Prateleira 2-b: 2,43 vezes a receita do clube (para clubes com receita entre 282 milhões e R$ 462 milhões)  
  • Prateleira 3: 1,49 vez a receita do clube (para clubes com receita entre R$ 190 milhões e 282 milhões)
  • Prateleira 4-a: 0,95 vez a receita do clube (para clubes com receita entre R$ 140 milhões e R$ 190 milhões)
  • Prateleira 4-b: 0,85 vez a receita do clube (para clubes com receita abaixo de R$ 140 milhões)

Valor de mercado do Corinthians: entenda o cálculo

Assim, aplicada a receita de 2023 do Corinthians, de cerca de R$ 900 milhões sobre o múltiplo da primeira prateleira (4,14), o valor de mercado do clube seria de aproximadamente R$ 3,8 bilhões.

Se fosse aplicada sobre a média de 2022 e 2023, o valor seria um pouco inferior, de R$ 3,5 bilhões.

Então, se o Corinthians abrisse capital na bolsa de valores, com esses valores a instituição entraria na bolsa entre as 130 empresas mais valiosas da B3.

Corinthians teria valor semelhante ao da MRV

Dessa maneira, o Corinthians ocuparia a 121ª posição entre as empresas mais valiosas da bolsa se fosse considerada apenas a receita de 2023* para cálculo do valuation do clube. Com valor semelhante ao da MRV, grupo cujo dona controla o Atlético Mineiro e a Arena MRV, onde o clube de futebol mineiro atua.

Dessa forma, o Corinthians teria valor de mercado maior que o de grandes grupos como Guararapes, dono da Riachuelo, e Cogna, que opera a Universidade Anhanguera.

Se fosse usada a média dos dois últimos anos**, o Corinthians ainda estaria entre as 130 empresas mais valiosas da bolsa, junto com Iguatemi, dono da rede de shoppings, e Ambipar, de gestão ambiental.

Veja.

Posição EmpresaValor de mercado
118ª  MinervaR$ 4,00 bilhões
119ªMRVR$ 3,91 bilhões
120ªRandonR$ 3,81 bilhões
*CorinthiansR$ 3,8 bilhões
121ªGuararapesR$ 3,78 bilhões
122ªCosernR$ 3,75 bilhões
123ªTupyR$ 3,68 bilhões
124ªBanco BRBR$ 3,66 bilhões
125ªArmacR$ 3,62 bilhões
126ªFerbasaR$ 3,60 bilhões
127ªCognaR$ 3,53 bilhões
128ªAmbiparR$ 3,50 bilhões
129ª  IguatemiR$ 3,50 bilhões
**CorinthiansR$ 3,5 bilhões
130ªOrizonR$ 3,48 bilhões
Os valores são do fechamento da última sexta-feira (12). Dados: Elos Ayta / B3.

Corinthians valeria R$ 1,5 bilhão após abatimento das dívidas

O Corinthians é o clube com a maior dívida entre clubes de futebol hoje no Brasil. Juntando a dívida da Neo Química Arena, estádio do clube, os débitos superam os R$ 2 bilhões. Nesse sentido, depois de resolvidas as pendências, o clube ainda valeria R$ 1,5 bilhão.

Apesar da mordida que o clube sofreria após pagamentos dos débitos, o seu valor ainda segue bastante alto na comparação com outros clubes de primeira divisão.

O Botafogo, por exemplo, um dos exemplos de SAF bem-sucedida no futebol brasileiro, tem hoje valor negativo de R$ 800 milhões, se levada em conta a dívida do clube em dezembro de 2023. Os dados também são da Convocados.

A presidência do Corinthians diz que não há intenção de vender o clube e também não há processo de preparação para SAF para adequação do estatuto do clube para uma possível venda.

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