Cury (CURY3) suspende vendas para investidores após denúncias do Ministério Público

A incorporadora Cury decidiu parar de vender apartamentos para investidores em São Paulo devido a denúncias de venda irregular de unidades com incentivos de moradia popular

Pesquisas e um inquérito do Ministério Público vêm denunciando a venda de unidades da Cury (CURY3) que receberam incentivos de moradia de interesse social (HIS), na cidade de São Paulo, para compradores que não se enquadram no público-alvo da política.

Diante disso, a Cury, incorporadora especializada em padrão popular, decidiu parar de vender apartamentos para investidores na capital paulista.

A afirmação veio do vice-presidente comercial Leonardo Mesquita, nesta quarta-feira (12), em teleconferência com analistas, para discutir os resultados da incorporadora no quarto trimestre.

Investigação sobre venda de moradias populares a clientes de alta renda

Desde o ano passado, passou a ser permitido que pessoas com renda superior ao limites da política de HIS adquiram essas unidades, mas só se houver um compromisso de apenas alugá-las, e exclusivamente para famílias enquadradas nas faixas de renda.

Para a Cury, no entanto, “não está muito claro como isso está sendo controlado”, e, para evitar problemas, a empresa decidiu paralisar as vendas para esse tipo de comprador.

Segundo Mesquita, isso está em vigor desde a última segunda-feira (10).

Ainda de acordo com ele, cerca de 2,5% das vendas feitas pela incorporadora nos últimos dois anos foram para investidores.

“Vamos focar em vender para famílias que estão enquadradas em HIS 1 e 2 e em habitação de mercado popular (HMP)”, afirmou.

A faixa de HIS 1 atende rendas familiares de até R$ 4.554. A de HIS 2, de até R$ 9.108. Para HMP, a renda máxima é de R$ 15.180 ao mês.

Perfil dos lançamentos em SP

O executivo destacou, ainda, que 99% dos lançamentos em São Paulo são de dois quartos, o que afastaria a empresa do tipo de imóvel que está mais envolvido na polêmica da HIS, que são os estúdios.

Uma das alegações feitas é de que esses imóveis compactos estão sendo feitos com incentivos para moradia popular, mas vendidos para investidores, que os utilizam em locação para temporada.

A incorporadora terminou 2024 com margem bruta de 38,5%, e espera manter o indicador entre 38,5% e 39,5% no ano, segundo o diretor financeiro João Mazzuco.

As vendas têm ajudado. A empresa já divulgou que realizou, em 2025, R$ 2,8 bilhões em lançamentos.

Vendas recorde em fevereiro

Segundo Mesquita, fevereiro foi um mês com recorde de vendas para a Cury. “Está tendo boa aceitação”, disse.

Fabio Cury, presidente da companhia, afirmou que o banco de terrenos da empresa deve se manter estável sobre 2024, quando cresceu 39% e atingiu R$ 20,1 bilhões.

Questionados sobre a participação de minoritários nos empreendimentos, que atingiu 24,2% no quarto trimestre, Mazzuco disse que esse patamar deve cair para 3% no primeiro trimestre.

E, de forma mais perene, ficar em torno de 5%. “É uma questão de safra”, afirmou.

*Com informações do Valor Econômico

Leia a seguir