Direcional (DIRR3) foca em velocidade de vendas e geração de caixa em 2025
Incorporadora sinalizou que não pretende reajustar preços das unidades acima da inflação

Após um 2024 com aumento de 9,4% no valor geral de venda (VGV) potencial dos seus lançamentos, que somaram R$ 4,7 bilhões, a Direcional (DIRR3) tem, em 2025, foco em velocidade de venda, e não em tamanho. Essa foi a principal mensagem do presidente Ricardo Gontijo e do diretor financeiro Paulo Sousa a analistas, em teleconferência para comentar os resultados do quarto trimestre, nesta terça-feira (11).
“Tamanho, no nosso negócio, só mede o quanto estamos correndo de risco”, afirmou Gontijo. Segundo ele, incremento em volume de produção só vale a pena se houver benefícios de escala, como maior capacidade de negociação com fornecedores e sinergia entre as praças de atuação.
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A avaliação da incorporadora, que atua principalmente no segmento de baixa renda, é que o custo de capital está muito caro, então o melhor a fazer é vender mais unidades, para precisar de menos injeção de capital de giro para realizar as obras.
Há também uma preocupação sobre a capacidade de ter pessoal treinado o suficiente para tocar um número maior de canteiros, segundo Gontijo.
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Isso deve fazer com que a geração de caixa da empresa aumente — passou de consumo de R$ 37 milhões, em 2023, para geração de R$ 354 milhões, em 2024 — e também levar a maior retorno de capital aos acionistas, de acordo com os executivos. “Se pararmos de crescer, em um ano e meio a dois anos, devemos ter caixa igual ao lucro operacional”, disse Sousa.
Para estimular o aumento da velocidade de venda, a incorporadora não prevê aumentar o preço das unidades acima da inflação, neste ano.
Inflação setorial
A Direcional tem percebido uma inflação no custo de obra menor do que o que é captado pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), segundo Gontijo. O índice aponta uma alta acumulada de 7,18%, nos últimos 12 meses.
Para ele, isso é motivado pelo método construtivo da empresa, que demanda menos mão de obra do que a base de comparação do INCC, e pela distribuição geográfica dos lançamentos.
“O maior incremento de custo que temos visto é [fruto] da dificuldade com mão de obra em São Paulo e, mais recentemente, em Belo Horizonte”, afirmou o presidente, ressaltando que a companhia não tem mais de 20% de exposição a qualquer praça.
Ainda de acordo com ele, a distância entre a inflação que foi projetada inicialmente no orçamento da Direcional e aquela que tem sido efetivamente captada nos canteiros tem aumentado neste início de ano.
Mudanças no MCMV
Questionado sobre se espera mudanças nas faixas de renda e no teto do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), Gontijo afirmou que sim, mas fez ressalvas ao tipo de alteração que seria benéfico ao setor.
Um aumento no teto de preço das unidades, hoje em R$ 350 mil, teria impacto positivo direto na companhia, com a inclusão de mais famílias no programa, mas poderia ser um problema no longo prazo. “Não estamos aqui para um ou dois anos, não queremos voo de galinha”, disse.
Esse tipo de mudança poderia pesar no orçamento do FGTS, de onde vem o funding do MCMV, e comprometer a sua sustentabilidade no futuro. “Seria muito mais justo ter ajuste nas faixas de renda, [o MCMV] deveria ser destinado às famílias de menor renda, quando pensamos no futuro do país e no que é melhor para a sociedade”, afirmou.
A Direcional registrou, no quarto trimestre, recorde de lucro líquido e de receita, com R$ 181,4 milhões e R$ 924,2 milhões, altas de 82% e 46%. Em todo o ano, o lucro subiu 93%, para R$ 638 milhões, e a receita avançou 40%, para R$ 4,5 bilhões.
*Com informações do Valor Econômico