‘Tranquilidade’ no exterior afasta Granja Faria de IPO na bolsa brasileira, diz chairman

A abertura de capital (IPO) em Nova York da Granja Faria é fruto do movimento de internacionalização da empresa, que começou em 2020. Mais do que isso, foi a maneira que a líder na produção de ovos no Brasil encontrou para crescer de forma segura, evitando a burocracia e a volatilidade do mercado local.
“Quando chegamos a países desenvolvidos, a gente acaba se sobressaindo porque há tranquilidade lá que aqui não tem”, disse Ricardo Faria, fundador e chairman da Granja Faria, durante a CEO Conference, evento do BTG realizado nesta semana.
Granja Faria antes de IPO
Anteriormente, a companhia havia adquirido a capixaba BL Ovos, em 2023, e a espanhola Hevo, em 2024. Com isso, a Granja Faria busca crescer na Europa e agora também nos Estados Unidos. A empresa tem estado no centro das atenções não só por causa do iminente IPO, mas também porque tem se beneficiado da disparada do preço do ovo no mercado global.
Mas nem só de ovo vive a Granja Faria. A empresa tem avançando também no mercado de grãos e esse ano pretende plantar 300 mil hectares de soja, milho e sorgo, principalmente. Em agosto de 2024, após a aquisição da Insolo, a companhia passou a estar no rol de maiores produtores de grãos do país.
Diante de tudo isso, a companhia tem a possibilidade de crescer nos EUA, com um dos alimentos mais consumidos no mundo. Contudo, os números mostram que isso pode não ser tão simples.
Um estudo do banco Safra de 2023 mostra que, para ser visível nas bolsas americanas, a empresa precisa negociar sua ação a um volume mínimo de US$ 1 bilhão. E, quando se olha para valor de mercado, é preciso ser valorado em pelo menos US$ 2 bilhões. Estas são condições mínimas para se ter visibilidade no mercado de capitais mais relevante do mundo.
BTG também quer levar Grupo NC à bolsa
O BTG é um dos bancos por trás do IPO da Granja Faria nos Estados Unidos. Da mesma maneira, o BTG trabalha para convencer o grupo farmacêutico NC a abrir capital. Mas ainda não há uma definição. A NC ensaiou estar na bolsa quando houve negociações para a fusão entre EMS (principal destaque do Grupo NC) e Hypera, que não vingou.
Agora, o grupo parece não ter pressa para ir à bolsa. “Somos uma empresa capitalizada. O dinheiro está trabalhando por nós”, diz Carlos Sanchez, chairman do Grupo NC, também em painel do evento do BTG.
Para 2025, o cenário para IPOs no Brasil continua incerto. Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, disse que o custo de oportunidade pesa cada vez mais contra a abertura de capital na bolsa brasileira.
“Para a renda variável, é difícil enxergar uma mudança de cenário com os juros no nível que estão. O custo de oportunidade favorece muito ir para a renda fixa. Olhando puramente o cenário macro em nível de juros, a tendência é que você realmente não tenha IPOs”, afirmou o executivo.
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