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Gabriel Galípolo, indicado à presidência do Banco Central, não surpreendeu o mercado com sua postura hawkish de alta dos juros. Economista da PUC-SP e apadrinhado por Luiz Gonzaga Belluzzo, ele recebeu uma recepção positiva, embora cautelosa, dos principais fundos de investimento. A transição, já iniciada, promete uma próxima reunião do Copom com expectativas de aumento da Selic, refletindo a busca por credibilidade e uma possível mudança na condução do BC.
A indicação – agora oficial – de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central (BC) não surpreendeu o mercado financeiro, que prefere neste momento conceder o benefício da dúvida ao economista formado pela PUC de São Paulo e que tem como padrinho político o heterodoxo Luiz Gonzaga Belluzzo.
Nas últimas semanas, Galípolo repetiu por onde passou um discurso duro e até surpreendentemente hawkish, para ficar com um jargão da Faria Lima sobre a predisposição em apertar a economia por meio da alta dos juros.
Essa postura, aliás, agradou os gestores dos principais fundos de investimentos, que ao menos por ora não esperam uma guinada brusca na condução do BC. Mas isso não quer dizer que estão afastados os receios sobre o que vem pela frente.
Ver para crer
A reportagem entrou em contato com vinte nomes do eixo Faria Lima-Leblon, onde operam os principais investidores institucionais. A metade, porém, preferiu neste momento esperar para se posicionar. “Vamos ver para crer”, disse um gestor.
Mas, embora em dúvida, nenhum gestor deu mostras de descontentamento ou mau-humor com a notícia, que já era esperada.
Gabriel Galípolo não é surpresa
Há alguns mais tranquilos, como Ricardo Almendra, da RBR Asset. Ele afasta a possibilidade de um “cavalo de pau na condução do BC”.
“Galípolo foi uma boa surpresa. Demonstrou assim um grande alinhamento com Roberto Campos Neto e boa comunicação com mercado. Nome bem recebido”, disse.
E há os cautelosos, como Marcela Rocha, economista-chefe da Principal Claritas.
“O Galípolo mostrou um discurso mais duro, mostrando um maior alinhamento com as atuais preocupações no cenário macro. Mas quer dizer que agora a credibilidade foi alcançada?”, pergunta. “Ainda não. Nós sabemos que credibilidade é construída aos poucos”, pontuou.
Jogo de cena
Escolados, nomes como André Jakurski, da JGP, e Rogério Xavier, da SPX, já tratam Gabriel Galípolo como presidente do BC faz algum tempo, sem se preocupar com o impacto da transição neste primeiro momento.
Eles entendem que após a indicação, mesmo antes da sabatina do Senado, a transição já começou. E o recado, assim, deverá vir na próxima reunião do Copom, com alta da Selic.
“Eu acho que essa é uma oportunidade imperdível de puxar (para cima) os juros”, afirmou Rogério Xavier. “Todos os últimos presidentes do Banco Central chegaram aumentando os juros.”
Para Jakurski, da JGP, é justamente para buscar credibilidade que em suas últimas declarações Campos Neto demonstrou mais parcimônia do que o próprio Galípolo com a trajetória da Selic.
“Para mim, quem é o hawkish, agora, é o Galípolo. E quem é o dovish, é o Roberto. Faz parte do jogo de cena dos dois”, afirmou.
Possível mudança de Gabriel Galípolo
Já para Diego Fonseca, da Jive, a boa notícia foi o fato do governo ter adiantado o anúncio. “Achei uma escolha sem surpresas. Acredito que ajuda o mercado a enxergar uma transição positiva da gestão aos olhos do mercado”, destacou.
Mas, isso não quer dizer que Gabriel Galípolo irá repetir a gestão de Roberto Campos Neto. “Acredito que haverá, sim, alguma mudança na forma de condução atual do BC. Parece que ele vai ter uma tendência de reduzir o nível de juros mais rapidamente”, arriscou.
Agenda tecnológica
Para Marcelo Sampaio, presidente da Hashdex, de criptoativos, o desafio do indicado à presidência do Banco Central será o de manter a agenda tecnológica da autarquia.
“O DREX, sendo uma inovação que integra a digitalização do real e promove a eficiência nas transações financeiras, possui o potencial de revolucionar o mercado brasileiro através de programabilidade e interoperabilidade”, diz. Segundo ele, o futuro mandatário precisa manter o ritmo, “colocando o Brasil integralmente na rota da economia tokenizada”.