Subsídio à geração distribuída precisa acabar, diz CEO da Engie

O Brasil precisa rapidamente rever os “subsídios inadequados” dados a setores que não necessitam mais, como o de geração distribuída. A crítica é de Eduardo Sattamini, CEO da Engie Brasil Energia. Ele participou do Latin America Investment Conference 2025, evento promovido pelo banco UBS BB, nesta terça-feira (28), em São Paulo.

A geração distribuída é produzida por consumidores individuais, como as pessoas que instalam paineis solares em telhados de residências e pequenos terrenos. Hoje, o Brasil vive um contexto de sobreoferta de energia, que ultrapassa em cerca de 20% a demanda, o que contribui para o desperdício e obriga o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a promover cortes de geração eólica e solar, “curtailment”, no jargão do setor.

Os cortes ocorrem por três motivos: falta de infraestrutura de transmissão, como linhas danificadas ou atrasadas, em que o gerador pode ser ressarcido por não ser responsável pelo problema; quando as linhas de transmissão atingem o limite de capacidade e a energia não pode ser escoada; e o excesso de oferta em relação à demanda. Nos dois últimos casos, não há direito à compensação. Sattamini, contudo, entende que o agravante do “curtailment” é a geração distribuída, que cresce desordenadamente e reduz a demanda de grandes empreendimentos.

R$ 11,5 bilhões em subsídios

“O subsídio à geração distribuída de energia já não faz mais sentido e precisa acabar o mais rápido possível e vem aumentando absurdamente o peso na conta dos consumidores”, defendeu Sattamini. “Esse desmame é doloroso para quem está investindo. Se a gente quer sair do buraco, a melhor maneira é parar de cavar o buraco”, disse.

Ele acrescentou que a geração distribuída gera um tipo de reserva de mercado, uma vez que permite a escolha de fontes apenas para os consumidores que podem arcar com o custo de instalação das placas solares. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que os subsídios dados à geração distribuída somaram mais de R$ 11,5 bilhões via Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo bancado pelos consumidores via conta de luz.

*Com informações do Valor Econômico

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